Os 10 Melhores Álbuns que eu escutei em 2019

2019 foi um ano bem estranho para a música, muitos gigantes que a gente esperava que fossem lançar projetos acabaram não lançando, e grandes artistas que vinham de projetos sensacionais acabaram lançando álbuns fillers que não ficaram a altura dos seus antecessores. Mas não quer dizer que 2019 não foi um ano com músicas de qualidade, muitos bons álbuns foram lançados e grandes novas estrelas surgiram com debuts fenomenais, então venha comigo para a terceira edição dessa minha tradição de fim de ano, e veja os 10 melhores dos melhores do que eu escutei nesse ano.

10.Denzel Curry - ZUU


Ano passado Denzel fez um dos melhores e mais comentados álbuns de 2018, falando sobre temas pesados e usando toda aquela temática de sad trap para desconstruir aquele subgênero ao mesmo tempo em que conseguia fazer aquele trap hype que é característico dele, então quando ele anunciou outro álbum esse ano todos ficamos curiosos sobre o rumo que ele tomaria com esse novo projeto, e ele trouxe algo totalmente diferente do que ele havia feito anteriormente. ZUU é um álbum de celebração, um álbum que ao mesmo tempo que trás todo aquela vibe de rap festeiro West Coast dos anos 90, também é um álbum cheio de bangers de trap da atualidade, mesclando bem a nostalgia com o seu estilo característico pra criar uma grande carta de amor para a sua cidade, Miami. Aqui Denzel Curry mostra o que ele sabe fazer de melhor, com aquele flow energético e várias bars inteligentes em cima de beats muito bem feitos, ele faz um álbum animado que não parece perder o fôlego nenhum minuto dos 29 em que ele dura. Outro grande destaque desse álbum para mim são os feats que se encaixam perfeitamente na proposta do álbum, Rick Ross faz um daqueles guest verses de Rick Ross, Kiddo Marv mostra porque é um dos melhores artistas da banca do Curry, e o PlayThatBoyZay faz bem o papel de "pessoa que ninguém conhece que o Denzel trás para o álbum dele", que já é uma tradição nos álbuns dos trapper. Apesar de eu achar que a critica deu uma exagerada colocando esse álbum ao nível do Taboo ou até mesmo dizendo ser a melhor coisa que o Denzel já fez, não tem como negar que é mais um projeto sensacional desse artista que para mim é fácil o melhor trapper da atualidade. É o álbum perfeito para você dirigir o seu lowrider em um dia ensolarado enquanto pretende apostar um racha com alguns mexicanos barra pesada. É um disco que mostra para mim a evolução do West Coast rap e por isso abre a minha lista. Os destaques são: ZUU, RICKY, WISH, BIRDZ, SPEEDBOAT, e P.A.T.
  


9.Djonga - Ladrão


O Djonga foi de ser uma grande promessa para um rapper realmente bom no seu primeiro álbum, de um rapper realmente bom para um dos melhores mcs da atualidade no segundo, e agora nesse terceiro ele coloca seu nome como um dos maiores artistas de rap nacionais de toda a história. Foi assim, não saindo do seu estilo, evoluindo em cada aspecto de álbum para álbum, que em 2019 Djonga lançou seu melhor projeto até agora, Ladrão. Logo na primeira música Djonga começa rimando alucinadamente, sem intro, ou qualquer preparação, como se ele soubesse que não pode esperar nem um segundo para passar a mensagem que ele tem que passar, e é esse todo o tom que o álbum tem, um Djonga agressivo, 100% sincero, que não parece ter medo de ser mal interpretado nas suas punchilines, tudo que ele quer é passar o papo reto e já era, tudo isso embalado em uma confiança que parece inabalável, seja quanto ele fala de racismo, da conselhos para o seu povo, escreve uma carta para sua vó, ou simplesmente fala de comer uma mina aleatória. E embora esses temas sejam os que o Djonga sempre trás em seus raps, ele parece estar cada vez mais evoluindo a sua forma de falar sobre essas coisas, inclusive trazendo isso em uma das músicas, que as pessoas sempre dizem que ele fala das mesmas coisas, respondendo que isso prova que nada mudou, nem ele e nem o mundo. Aqui o rapper de 25 anos mostra estar no seu melhor, suas punchlines comparativas clássicas dele continuam sensacionais, seus refrões ficam na cabeça, ele parece estar mais provocativo do que nunca, a capa já mostra isso, mostrando uma atitude de quem se importa apenas com seu povo e sua comunidade, e apesar do álbum ter dois bons feats do Mc Kaio e Filipe Ret o único que rouba a cena em todos os versos é o Djonga, que faz aqui um dos melhores álbuns nacionais da década. Os destaques do álbum são: Hat-Trick (rap nacional do ano pra mim), Bené, Ladrão, Bença e Voz.



8.Post Malone - Hollywood's Bleeding


Ano passado o Posty provou ser o rei do pop chiclete com seu álbum que basicamente era um hit atrás do outro misturando trap com música pop, esse ano ele não só evoluiu sua musicalidade, como mostrou que pode tirar refrões cativantes e melodias memoráveis quase que sem fazer esforço. Aqui o Posty pega sua caraterística fusão de pop com trap, adiciona um pop rock e faz alguma de suas melhores músicas. Posty nesse projeto esta mais melancólico do que festeiro, talvez por isso o título do álbum seja "Hollywood sangrando", pois mostra bastante o vazio que pode ser a vida de uma pessoa vivendo em meio a todo esse glamour, no decorrer do disco ouvimos Posty cantar sobre ter amigos que viraram amigos, amigos que ele acha que não pode contar, como ele já teve inúmeras experiencias ruins, como ele sente que não pode confiar nas pessoas a sua volta, fala sobre relacionamentos acabando e até mesmo sobre a parte ruim da internet, mas embora as letras possam parecer meio pessimistas o álbum não tem uma música triste, Posty faz a gente cantar com ele suas frustrações com aquela voz melódica auto tunada cativante, em cima de beats animados de trap pop, as vezes até ousando no instrumental, como "Circles" que é quase um hit de Indie Rock e o Posty apenas canta a música toda, ou "Take What You Want" que é quase um trap metal, com direito até a solo de guitarra no final. Por falar em "Take What You Want", outro grande acerto desse álbum é os feats, a lista vai de nomes que você já espera como Dababy e Young Thug, até nomes que você não esperaria em um álbum do Posty como Ozzy Orbourne e SZA, e de alguma forma ele faz todos eles funcionarem, temos grandes versos de Dababy e Meek Mill, Young Thug por mais excêntrico que seja seu verso encaixa perfeitamente em "Goodbyes", e como o Posty conseguiu fazer uma combinação de Ozzy Osbourne e Travis Scott funcionar e fazer esse ser o ponto mais alto do álbum eu ainda não sei, até o Future com aqueles falsetes bizarros que eu odeio eu acho que funcionou na música que ele aparece, e eu já odeio menos a parte da Halsey também. Post Malone conseguiu novamente fazer um álbum cheio de hits e se manter como o rei do pop chiclete, fazendo músicas ainda melhores que do álbum anterior, nesse trabalho mais centrado e um pouco mais fora da sua zona de conforto, mas ainda assim um álbum que parece o best hits do cantor como os outros dois também tinham sido. Os destaques do álbum são: Hollywood's Bleeding, Saint- Tropez, Circles, Die For Me, Take What You Want,  Staring At The Sun e Goodbyes.



7.YBN Cordae - The Lost Boy


O Cordae tem sido um dos rappers novatos mais falados dos últimos tempos, da sua resposta para o "1985" do J. Cole até seus guest verses que as vezes eram melhores que o do rapper da música, ele andava sendo um daqueles rappers que todo mundo falava "esse garoto vai ser gigante", esse ano ele lançou seu primeiro álbum de estúdio, e se depender do que eu vi aqui, acho que podemos dizer que uma lenda esta em construção, e eu não digo isso só porque ele parece comigo. O álbum é sobre as experiencias do Cordae tanto na vida, quanto em sua ainda curta carreira na industria musical, falando sobre como em um determinado momento dessa vida ele era um garoto perdido, mas que agora ele sabe o seu lugar. Então ele fala sobre como ele ficou meio fora de si após a morte da sua vó, começou a usar xanax por causa da ansiedade, mas ao mesmo tempo toda a atitude do rapper é em um tom muito otimista, como alguém que passou por tudo isso e sabe que agora esta vivendo sua melhor vida. E esse é um grande ponto do álbum, a musicalidade leve, misturando gospel com Jazz e Funk combinando perfeitamente com as letras inteligentes do rapper, a vibe do álbum me lembra muito a das mixtapes do Mac Miller, aquele garoto pronto para tomar o mundo com sua música de forma descontraída e alegre. Mas não é apenas a esse tipo de rap que Cordae se prende, o álbum tem seus trap hits, como "Have Mercy" que foi lançada como o grande single antes do álbum, e "Broke As Fuck", onde o rapper fala sobre a época em que ele não tinha dinheiro mas agora ele tem, no maior banger do disco, conseguindo usar o aspecto old shool do rap mas também o atual. A produção se reflete bem nas escolhas do feats e como eles fluíram bem aqui, Chance The Rapper pré- péssimo álbum faz um de seus melhores versos em "Bad Ideia", Pusha T faz um verso de King Push em "Nightmares Are Real", e o grande momento do álbum sobre uma batida funk produzida por ninguém menos que J. Cole acontece quando Anderson .Paak faz o maior feat da sua carreira (sim, melhor que Dang!), trocando versos com o Cordae com uma química como poucas vezes se vê entre dois artistas, criando assim um clássico do Funk rap ao nível daquelas músicas do Dre com o Snoop Dogg. Se o YBN Cordae estava perdido podemos garantir que ele se achou, nesse álbum o garoto de 22 anos rima com uma naturalidade de quem já tem anos de carreira, sendo um exemplo perfeito da ligação entre a velha e a nova escola, e embora tenha sido uma surpresa para mim, eu acho que foi mais que merecida a indicação no Grammy para álbum de rap do ano, E EU VOU GANHAR PORRA. Os destaques do álbum são: Wintertime, Have Mercy, Bad Idea, RNP, Broke As Fuck, Nightmares Are Real e Lost & Found.
  


6.Rich Brian - The Sailor


No mesmo dia que o YBN Cordae lançou seu álbum de estreia o nosso Rich Brian trouxe o seu segundo álbum de estúdio,  e se no seu primeiro álbum ano passado o Rich Brian conseguiu ir de apenar um meme para um trapper realmente sério, nesse seu novo projeto ele foi de um trapper bom para um dos nomes mais interessantes que tem na cena atualmente. Nesse seu segundo álbum Brian traz uma produção fantástica para mostrar que é um artista bem versátil, isso é mostrado logo nas primeiras músicas, quando ele vai de um trap extremamente reflexivo sobre a vida, para um trap banger com ninguém menos que RZA de feat, para um trap extremamente pesado sobre a sua posição na industria musical onde ele usa bem mais os vocais do que rima, depois faz um rap bem mais no estilo boom bap sobre sua jornada no rap e como ele conseguiu ser bem sucedido, e em seguida traz uma música cantada com uma linha de guitarra e nenhuma batida no melhor estilo BROCKHAMPTON, tudo isso nas primeiras 5 músicas do disco. Brian mostra toda a sua evolução aqui, conseguindo ir de um aspecto ao outro com muita facilidade, conseguindo fazer músicas melancólicas, bangers, speed flows, cantar no melhor estilo Joji (que aparece na última música do álbum em um incrível feat), mas principalmente fazer punchlines como ninguém nunca esperou que ele poderia fazer, se colocando em um nível completamente diferente dentro do rap. Junto com a habilidade de Brian de rimar esta a incrível produção desse álbum, uma das melhores e mais ecléticas do ano, que vai desde trappers bangers mais simples, até raps mais clássicos, mudanças de beats inesperadas, com até 3 batidas em uma música, e até mesmo a música ficando mais acelerada em uma faixa junto com o flow do rapper, até o ponto em que não dá para entender nem o rapper e nem o beat, o que é feito de propósito e é uma sacada genial. Apesar de você ver claramente quais influências o rapper tem, você também consegue ver que esse é um álbum do Rich Brian, ele tem a cara do trapper do inicio ao fim, e se o grande tema do álbum é ele tentando achar sua identidade dentro do rap, pode se dizer que ele conseguiu com esse projeto colocar seu nome como um dos artistas mais criativos que existe atualmente nesse gênero. Alias eu queria abrir um parenteses aqui sobre como em 2012 eu era um daqueles adolescentes chatões que achava que a única música boa era rock, e agora eu estou aqui elogiando um trapper da Indonésia. Os destaques do álbum são: The Sailor, Rapapapa, Yellow, Kids,  Confetti, Slow Down Turbo, e Where Does Time Go.
  


5.Kanye West - Jesus Is King


Fazendo o papel de "álbum que metade gostou e metade odiou mas eu amei" desse ano temos o tão aguardado nono álbum do Kanye West, Jesus Is King. Esse já era um álbum bem divisivo antes mesmo de ser lançado, nem todos gostaram da mudança do Yandhi para um álbum totalmente gospel, e o Kanye ainda colocou mais expectativa em todo mundo quando adiou o álbum 3 fucking vezes, mas quando ele finalmente lançou a única coisa que eu conseguia pensar era que isso era tudo que eu esperava de um álbum gospel do Kanye West. Do seu próprio jeito o rapper fala sobre sua fé o álbum todo, como ele a encontrou, como ela era tudo que ele queria a sua vida toda, e com todo seu estilo polêmico fala sobre como ele não vai mais viver pela cultura porque ele não é escravo de ninguém, e critica até os próprios cristãos que provavelmente não vão acreditar na conversão dele, falando sobre  toda a arrogância desse tipo de pessoa, como eu disse é um álbum gospel do Kanye West e ele não parece outra coisa. Porém como todo álbum do artista o grande especial aqui é a produção, apesar de cada música tocar no mesmo tema, de uma forma ou de outra cada batida é distinta e única, "Selah" tem todo esse clima épico com essa batida tribal com esse coral de fundo, "Follow God" parece uma das clássicas batidas do old Kanye do College Dropout, "Closed On Sunday" tem esse tom acústico com o violão como instrumental, "On God" tem esse sintetizador que parece que saiu diretamente do "Graduation", e "Use This Gospel" que tem uma batida simples mas ao mesmo tempo tão poderosa que não sai da sua cabeça. Alias "Use This Gospel"para mim é o ponto alto do álbum, o Kanye trazendo o irmão do Pusha T, No Malice, que largou o rap justamente porque ele se converteu ao cristianismo, para fazer um verso junto com seu irmão por si só é uma coisa emocionante, e ainda aquele solo de saxofone do Kenny G no final, meu Deus, que música, e para mim essa é a faixa que resume toda a mensagem do álbum, não é o Kanye tentando converter todo mundo, é apenas algumas músicas para você levar para sua vida nesse mundo bizarro que estamos vivendo, e o que é religião se não isso mesmo no fim das contas. Jesus Is King é um álbum que nasceu divisivo, e no fim é um álbum do Kanye para a fé do Kanye, no meio disso tudo a gente tem um monte de música boa dele com o Sunday Service para curtir. Os destaques do álbum são: Selah, Follow God, Closed On Sunday, On God, Everything We Need, God Is e Use This Gospel.



4.Anderson .Paak - Ventura


Quando você faz um dos melhores álbuns do ano, pega as músicas que sobrou desse álbum, faz outro álbum e é do mesmo nível do outro álbum que você lançou, ai você sabe que você é um dos melhores artistas da atualidade. O quarto álbum do cantor foi lançado ainda em Abril e desde então não saiu da minha lista de melhores coisas que eu ouvi no ano, aqui o Anderson consegue trazer toda aquela vibe de R&B com Funk do seu último álbum e de alguma forma com um Soul setentista que você ouviria nos primeiros álbuns do Michael Jackson, que já era uma coisa que ele tinha usado no outro álbum. O cantor consegue fazer refrões cativantes e passar toda aquela vibe calma, enquanto faz músicas sobre o amor, relacionamentos, sobre seu sucesso, e até presta homenagens para seus ídolos como Lebron James na track "King James". Anderson também escolheu alguns grandes nomes para participar do projeto, de alguma forma ele conseguiu que o Andre 3000 fizesse um verso na música que abre o álbum. e que verso, é um daqueles que só o 3K consegue fazer, sendo sem dúvida um dos melhores guest verses do ano, Smokey Rob, Lalah Hathaway e Sonya Elise estão perfeitos fazendo os refrões das músicas em que eles aparecem, e Anderson usa vocais inéditos do falecido Nate Dogg para fechar o álbum de maneira perfeita, com dois reis do R&B cantando juntos no refrão com uma química que parece que o Nate realmente esta lá no estúdio, com eles até trocando uma "conversa" para encerrar com chave de ouro esse projeto no melhor estilo To Pimp a Butterfly. Ventura é um álbum perfeito para você escutar em um dia ensolarado enquanto você dirige por ai ou simplesmente olha para o nada e fica dbooooooas, o instrumental dele é animado misturando diversos tipos de gêneros com o R&B, os refrões do .Paak são viciantes e você se vê cantando com eles assim que você os ouve pela primeira vez, o cantor passa a impressão que ele nem precisa se esforçar para fazer música boa, e se isso é o que ele faz quando ele nem parece estar se esforçando, só podemos esperar para a próxima grande coisa que o Anderson vai trazer. Os destaques desse álbum são: Come Home, Make It Better, Reachin' 2 Much, King James, Chosen One, Jet Black, e What Can We Do?.    



3.Slipknot - We Are Not Your Kind


Quem imaginaria que o Slipknot chegaria com não só o melhor álbum de Metal do ano, mas um dos melhores álbuns de todo 2019??? pois é, sendo a maior surpresa desse ano temos aqui na terceira colocação We Are Not Your Kind. Quando o Slipknot anunciou seu novo álbum junto com "All Out Life" eu estava animado, mas eu não esperava um trabalho com tanta qualidade. O grupo conseguiu pegar o peso dos seus primeiros trabalhos que os fãs tanto pediam de volta, e ao mesmo tempo combinar com um experimentalismo que nunca vimos eles fazerem antes, criando um projeto único, que não pode ser comparado com nenhum outro álbum da banda. We Are Not Your Kind fala bastante sobre a crise de depressão que o vocalista Corey Taylor teve nesses últimos anos, e como ele enfrentou coisas como a morte do seu amigo e baixista do Slipknot Paul Gray, depois com a demissão do Joey Jordison da banda, e esse ano com a saída do percussionista Chris Fehn, Corey fala sobre como ele lidou com todas essas coisas com letras sobre falsos amigos e sobre fingir emoções, mas ao mesmo tempo ele mostra como passou por cima de tudo isso e esta em um lugar bem melhor mentalmente agora, ele disse que esse álbum teria algumas das melhores letras que ele já escreveu e é realmente o Corey do nível do Vol.3 em questão de letras. Porém apesar da musicalidade experimental que usa música industrial em algumas músicas, pegando inspirações de bandas como Korn e Nine Inch Nails, e até chegando a usar Funk Rock em uma música, o Slip não parou de fazer seus hits de Nu Metal, "Unsainted" é provavelmente um dos melhores singles que a banda já lançou, "Nero Forte" tem uma guitarra pesada levando a um refrão melódico que é uma combinação que nem sempre o Slipknot acerta fazer, mas ficou perfeita aqui, e a música que fecha o álbum, "Solway Firth", começa bem devagar até chegar numa agressividade que dura até o final, conseguindo equilibrar perfeitamente esse novo som deles com o antigo que fez eles serem amados em primeiro lugar. Tudo funciona perfeitamente nesse álbum, os vocais de Corey Taylor continuam impressionantes como sempre, o novo baterista finalmente achou sua identidade na banda, o novo percussionista deu uma cara nova para a banda, e com isso eles conseguiram fazer um álbum de metal em 2019 com tanta qualidade e originalidade que foi um dos mais falados e elogiados do ano, e ainda conseguir o primeiro lugar na Billboard com isso??? poucas bandas poderiam fazer algo assim na atualidade. Se você quiser saber mais sobre a minha opinião sobre esse álbum leia minha critica dele. Os destaques do álbum são: Unsainted, Birth Of The Cruel, Neto Forte, Critical Darling, Red Flag, Spiders e Solway Firth.



2.Freddie Gibbs e Madlib - Bandana


Foi em 2014 que o rapper Freddie Gibbs se juntou com o lendário beatmaker Madlib para fazer um dos melhores álbuns daquele ano e um dos melhores álbuns de jazz rap de todos os tempos, o Piñata, então as expectativas estavam altas quando foi anunciado que os dois artistas se uniriam novamente para um segundo álbum, esse disco saiu no dia 28 de Junho, e tudo que eu posso dizer é que esses dois conseguiram fazer um segundo clássico instantâneo. O álbum começa com uma intro chamada "Obrigado" onde eles agradecem pelos elogios do último disco, e essa é a única vez que você vai lembrar do Piñata ouvindo esse álbum, apesar do Freddie aqui trazer temas parecidos com os que já se espera dele, esse projeto tem sua própria identidade, com o Madlib mostrando que esta longe de perder sua criatividade quando o assunto é beats, fazendo traps, boom baps clássicos, batidas sintetizadas, mudanças de beats inesperadas, samples antigos para os refrões, é um festival de surpresas, de longe para mim a melhor produção do ano.  Freddie que alegou durante a produção do álbum que você tem que se superar para rimar em uma batida do Madlib para ela não brilhar mais que você, aqui mostra exatamente como fazer isso, com letras sobre a criminalidade e seu sucesso no melhor estilo gangsta rap moderno, refletindo bem esses últimos anos onde ele chegou a ser preso e até sofreu uma tentativa de assassinato, trazendo toda essa atmosfera tanto para suas letras como no delivery delas, fazendo alguns dos melhores flows que eu ouvi esse ano, mandando um recado direto para aqueles que falavam que ele tinha um flow chato ou igual nas suas músicas, é bem difícil discordar quando nesse álbum ele se coloca como um dos 5 melhores rappers vivos. E junto com o Freddie os feats aqui se encaixam perfeitamente na produção do Madlib, Killer Mike faz o melhor refrão do álbum na melhor música "Palmolive", nessa mesma música o Pusha T faz simplesmente O MELHOR VERSO DE RAP DESSE ANO, só vá escutar esse verso, é o King Push at his best, e o Anderson .Paak se encaixa perfeitamente no instrumental quando faz o refrão de "Giannis" (que ano do Paak heim), e o verso dele na música também é sensacional, indo do R&B ao rap, mostrando que ele consegue fazer tudo dentro de uma track, e em uma batida bem old school noventista Yasiin Bey e Black Thought brilham em "Education", com versos afiados e críticos sobre os problemas que os afro americanos enfrentam desde o começo das suas vidas, fazendo criticas ao presidente e ao sistema como um todo. Bandana é de longe o melhor álbum de puro rap de 2019, Freddie e Madlib conseguem entrar no mundo um do outro e fazer a parceria deles que já parecia perfeita ficar ainda mais natural e orgânica, com os dois fazendo clássico atrás de clássico nesse álbum, é realmente um daqueles discos que você pode ouvir inteiro sem pular nenhuma música, sem dúvidas o rap álbum of the motherfucking year. Destaques: O álbum todo, claro. 



1.Tyler, The Creator - IGOR


Quando eu escutei esse álbum pela primeira vez eu tinha certeza que ele seria meu primeiro lugar, logo de cara eu amei tudo que tinha dentro dele, e quanto mais eu fui ouvindo ele ao longo do ano, e esse foi o álbum que eu mais ouvi esse ano, ele só ia ficando cada vez melhor e melhor, então vamos falar mais uma vez dele aqui nesse blog, a obra prima de Tyler, The Creator, he's coming, IGOR. O disco conta a história desse personagem Igor, que começa a gostar de uma pessoa no inicio do álbum, que provavelmente é um garoto branco, e então cada música a partir dai vai contando a evolução nos sentimentos desse personagem para essa pessoa, primeiro com a incerteza se ele vai contar ou não para ela que ele esta gostando dele, tentando afastar esse sentimento da sua cabeça mas só fazendo com ele fique mais forte, começando um relacionamento com ele, mas acabando ficando tão dependente dessa pessoa ao ponto que toda a felicidade dele depende dela, virando figurativamente uma marionete nas mãos dela, além de ele ficar extremamente obcecado com essa pessoa ao ponto de planejar matar sua ex, e então quando ele percebe que esse relacionamento não é saudável ele diz para essa pessoa que não a ama mais, mas ainda a quer na sua vida, perguntando se eles podem pelo menos acabar como amigos na última música, não é uma história complexa nem nada, mas o jeito que ela vai avançando a cada música e como o Tyler consegue fazer ela não comprometer toda a vibe instrumental do álbum é o que faz essa temática ser tão especial aqui. Eu simplesmente amo tudo nesse álbum, o Lil Uzi Vert cantando para você andar de bicicleta para sentir o disco na primeira música, o verso ininteligível mas que se encaixa perfeitamente do Playboy Carti em "EARFQUAKE", o verso do Kanye West á 5 metros do microfone em "PUPPET", a produção toda feita pelo Tyler com os samples de soul junto com sintetizadores, e toda a performance vocal do artista, que aqui faz o projeto com menos rap da sua carreira, mas consegue da maneira melódica e com a sua voz característica carregar o álbum de maneira magnifica, misturando R&B com Funk e um pouquinho do seu rap horrorcore das antigas. IGOR é simplesmente uma obra prima de um dos artistas mais criativos que surgiu nessa década, um projeto 10/10 que empolga do inicio ao fim e não tinha como não ser o meu primeiro lugar. É CLARO QUE OS DESTAQUES SÃO TODAS AS 11 MÚSICAS DO ÁLBUM. Para quem quiser saber mais da minha opinião sobre esse álbum aqui esta minha crítica dele no blog, eu também indico esse vídeo "The Genius Of IGOR" que conta um pouco da carreira do Tyler até chegar nesse álbum, a história do disco e porque ele é genial.  



Como eu falei no começo apesar de parecer um ano de álbuns fillers ou medianos teve muita música boa em 2019, alguns álbuns que quase entraram na lista foram os do Schoolboy Q, Danny Brown, Jon Pardi, Big K.R.I.T, Jason Aldean, o último do Cranberries também ficou muito bom e mereceu a indicação ao Grammy, a reunião do lendário duo Gang Starr também nos deu um álbum incrível, o do Roddy Ricch que lançou esses dias também ficou bem daora, mas para mim esses dez foram os que ficaram acima da média e por isso foram meu corte final de melhores de 2019. Esse é o último post do blog no ano, e vamos ver se eu consigo começar o ano que vem com o tão aguardado do pior ao melhor do Red Hot Chilli Peppers, se o Frusciante voltou mesmo tudo é possivel.

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