Minha Crítica: Tyler, The Creator - IGOR


Perguntas sobre "o quê diabos o Playboy Carti estava rimando?" não serão respondidas.


Tyler, The Creator, sem dúvida um dos artistas mais criativos e interessantes da atualidade, que em 2017 fez um dos melhores álbuns do ano, mudando totalmente seu estilo de música e mostrando que era mais do que um rapper divertido rimando em batidas estranhas. Em 6 de Maio ele anunciou seu novo álbum, que se chamaria "IGOR", e todos estávamos curiosos sobre qual rumo musical ele ia tomar dessa vez, e ele nos deixou quase no escuro quanto a isso, soltando apenas alguns snippets das músicas e não lançando nenhum single antes do álbum sair. Então no dia 17 de Maio o disco saiu, e abaixo esta o que eu achei dele.

Com uma produção fantástica feita inteiramente pelo próprio Tyler, o rapper usa vários samples de souls dos anos 70 e 80 com muitos sintetizadores, para assim criar uma atmosfera para quem esta escutando, e essa é a palavra chave para o álbum: a atmosfera, o artista aqui se preocupa mais com a vibe que ele quer passar para o ouvinte do que com letras elaboradas ou refrões cativantes, e ele já diz isso na primeira música do álbum: IGOR'S THEME, onde o refrão (cantado por um quase irreconhecível Lil Uzi Vert)  diz para "andar pela cidade, eles vão sentir isso", que vai de encontro com esse tweet do Tyler algumas horas antes do álbum sair com instruções para ouvir o álbum, e lá ele diz que uma das melhores formas de ouvir esse projeto era andar de bicicleta em volta de sua cidade, e a vibe do álbum é essa mesma, perfeita para você sair por ai em um dia ensolarado ouvindo ele sem nenhuma preocupação.

Mas só porque o álbum não tem letras tão complexas não quer dizer que ele não seja conceitual, ele tem sim uma história. Aqui Tyler encarna esse personagem estranho chamado Igor, ele começa o álbum se apaixonando por alguém (muito provavelmente um garoto branco), e então vemos ele na incerteza de contar para pessoa isso ou não, depois tentando se afastar desse sentimento mais indo direto para ele (como ilustra o único interlúdio do álbum), então começando um relacionamento com essa pessoa, ficando dependente dela ao ponto que a felicidade dele depende dessa pessoa, depois completamente obcecado por ela, e por fim quando tudo dá errado ele decide que não ama mais essa pessoa, mas ainda quer ela em sua vida como amigo. É uma história romântica simples mas o modo que Tyler consegue contar ela sem precisar de muitos versos e sem atrapalhar todo o clima instrumental do álbum é sensacional, e para mim é o que faz o "replay value" desse projeto tão grande.

Os destaques do álbum para mim vão para "EARFQUAKE", que apesar de eu não entender até agora o que o Playboy Carti disse no verso dele o rapper parece perfeito na música, na verdade ele combina muito com esse estilo "aesthetic music", como vimos no seu "Die Lit" ano passado. "I THINK" que eu vi muita gente falando que a batida lembra "Stronger" do Kanye mas para mim é bem mais parecida com "Heart of a Lion" do Kid Cudi, e é muito hitzão rap eletrônico final dos anos 2000. "PUPPET" que é uma das músicas onde o vocal do Tyler esta mais encaixado com o instrumental, o refrão é perfeito, eu achei que não podia amar mais essa música até vir o Kanye West com seus backvocals e seu verso a 6 metros do microfone e transformar essa na minha música favorita do álbum, talvez minha música favorita do ano até agora. e "WHAT'S GOOD" que eu acho que é a música mais Goblin/Wolf do álbum, com o Tyler com um flow mais agressivo e uma batida bem mais agitada do que melódica, apesar do refrão ser melódico. Como eu disse esses são os destaques, mas todas as 11 músicas são sensacionais, sem dúvidas 11 das melhores faixas que o Tyler já fez em toda sua carreira.

Eu penso que "IGOR" era o álbum que o Cherry Bomb" devia ser mas o Tyler ainda não estava no nível criativo que ele esta agora para conseguir o resultado que ele conseguiu aqui, e também era o álbum que o "Scum Fuck Flower Boy" poderia ter sido se o Tyler tivesse tido mais coragem para abandonar o rap 100% e ter abraçado totalmente o seu lado experimental como ele fez aqui, no fim esse disco saiu no momento certo da sua carreira para consagrar ele não só como um grande rapper ou produtor, mas como uma das pessoas mais criativas que apareceu na música na última década. Eu sei que não costumo dar notas nessas criticas mas para mim esse disco é um 10/10, e tenho toda certeza que será um clássico, não um clássico mainstream como "DAMN" ou "MBDTF", mas um daqueles clássicos específicos para você ouvir em momentos específicos, como "Blonde" ou "In The Aeroplane Over the Sea". E essa é a gif que representa minha reação ao álbum:

VOTE IGOR.

Comentários