Os 11 Melhores Álbuns que eu escutei em 2025

2025 foi um ano ESPETACULAR para a música, principalmente em terras brasileiras, alguns artistas que a algum tempo não davam as caras voltaram com projetos incriveis, mas principalmente foi o ano de álbuns definidores de alguns dos nomes mais interessantes do rap nacional. Mas na gringa também tivemos projetos de gigantes da cena e também algumas surpresas de nomes que eu não esperaria gostar. É um dos poucos anos em que tem dois álbuns que já estão na minha lista de discos favoritos de todos os tempos. Então sem mais delongas venha ver esses dois álbuns e mais 9 na minha lista de melhores álbuns escutados no ano.



11.Tyler, The Creator - DON'T TAP THE GLASS


Em 2025 Tyler, The Creator quis se divertir. Depois de três projetos carregados de simbolismos e conceitos que renderam para ele um respeito da crítica musical e fãs novos fora do rap Tyler decidiu fazer um álbum para você e ele dançar. A ideia desse disco aqui é muito simples, Tyler disse que sente que as pessoas perderam a capacidade de se soltarem e dançarem porque elas tem medo de que outras pessoas vão filmar elas e elas vão virar piada na internet, então hoje em dia de vez das pessoas curtirem uma música elas ficam apenas no seus celulares, dai vem o não tocar no vidro, ele criou um ábum para você curtir a sua vibe sem se preocupar e nisso ele foi extremamente bem sucedido. É até injusto comparar esse projeto com os seus últimos e até por isso eu não escrevi uma crítica para ele propriamente dita, porque ele é um álbum de menos de 30 minutos com absoluto BANGERS, a sonoridade é mais puxada para o techno e house music e o Tyler aqui está fazendo o que ele faz de melhor na maioria dos seus últimos singles, explorando mais vocais engraçados e mais melódicos do que rimando, deve ser o disco do Tyler com menos rap propriamente dito. E tudo encaixa, o disco tem a participação do Pharaell Williams e dá para ver que o seu estilo de produzir foi uma grande inspiraçáo para a criação desse projeto, porque o Tyler consegue emular bem não apenas aquele rap mais festeiro e melódico dos anos 2000 que aqui a gente chamava popularmente de Black, como também consegue prestar homenagem a música negra pop dos anos 80, tem faixas aqui que tem muito uma vibe Michael Jackson, se você ouvir a batida de "Ring Ring Ring" e ignorar o Tyler nela você consegue facilmente ver o MJ dentro dela ali no começo dos anos 80. DON'T TAP THE GLASS é um projeto que não se leva a sério e apenas quer te fazer ter um bom momento por meia hora, e vou dizer, em questão de tempo escutado esse deve ser meu segundo disco que eu mais escutei, eu escutava ele para tudo, caminhando, no ônibus, esperando uma aula começar, foi a minha trilha sonora de vida por uns 3 meses. Então se você ainda não teve a oportunidade escute esse projeto e se você já escutou escuta mais uma vez porque ele merece. Os destaques são: Big Poe, Sugar On My Tongue, Stop Playing With Me, Ring Ring Ring, e Don't Tap That Glass/Tweakin'. 




10.FBC - ASSALTOS E BATIDAS


Eu conheço o FBC desde 2013 quando ele era apenas MC de batalha la no viaduto e posso dizer que acompanhei a carreira dele de perto da explosão dentro do movimento do ano lírico até os projetos completos, e para mim por mais que ele fosse inegavelmente talentoso desde sempre faltava aquele projeto que iria definir a sonoridade e quem ele era como artista, e para mim esse projeto veio em 2025. FBC que já foi de trap amoroso até o soul e a disco music dos anos 70 aqui aposta no bom e velho BOOMBAP NOVENTISTA, principalmente da West Coast, com músicas que são verdadeiros hits para tocar no bailão mas com uma lírica afiada, e esse é o segundo grande ponto que faz para mim essa a obra deinfitiva do FBC, as letras. FBC que já cantou muito sobre tudo, de amor a desigualdade social aqui resolve não fazer uma critica velada mas sim diretiva ao capitalismo, não é aquele velho papo de "ah o mundo é injusto, eu vim de nada mas eu venci na vida" não, aqui ele diz com todas as letras que ele quer ser uma ferramenta para a mudança. Marighella está na capa do álbum e por todo o conteúdo lírico dele, esse disco na verdade é uma grande carta de amor ao revolucionário, inclusive sampleando a invasão do sinal de rádio nacional de São Paulo em 1969 na "A Voz da Revolução". E é nesse clima 100% politico sem papas na lingua que o Fabricio rima sobre tráfico de drogas, desigualdade de renda nos bairros de Belo Horizonte, precarização do trabalho e alienação, tudo isso sem metáforas, está lá na sua cara e você não consegue sair desse embate por toda a duração do disco. Inclusive nos samples também tem algumas criticas e referências muito interessantes, "Me Diga Quem Ganha" sampleia trechos da clássica "Capítulo 4 Versiculo 3" do Racionais, o álbum também tem trechos de dialogos de filmes muito bons que casam com toda a vibe do disco como Os Doze Macacos (1995) e Rede de Intrigas (1976). Mas se engana quem pensa que por ser politico esse álbum é chato ou pedante, as batidas são porradas, os flows do FBC são extremamente criativos como sempre foram, e ele é tão gostoso de acompanhar que o FBC lançou ele em um bar de beira de esquisa aleatório em BH tocando ele inteiro e a galera curtiu todas as faixas. Como eu disse anteriormente esse para mim é o álbum que o FBC nasceu para fazer, eu estava sentindo muita saudades de um álbum que é uma porrada direta no seu queixo ao mesmo tempo que é extremamente viciante de escutar, e que bom que está surgindo rappers como o FBC no momento em que o rap e o povo no geral mais precisa. Os destaques são: Cabana Terminal, Quem Sabe Onde Está Jimmy Hoffa?, Você Para Mim é Lucro, A Voz da Revolução, e Me Diga Quem Ganha.




9.Jotapê - Até a Última Rima


Isso é só um pouco do que ele sabe fazer. O Jotapê é uma das grandes apostas do rap nacional já faz alguns anos, ele é indiscutivelmente a cara das batalhas de rima desde 2021 quando ele venceu o seu primeiro aniversário da Aldeia, e a partir dai ele popularizou flows, métricas, entregas de rima e estéticas dentro da cena, mas ele também sempre mandou muito bem na música, já balançando a cena com "Ruas de São Paulo" e depois acertando single atrás de single com "Mano Undergrond" e "Labirinto", então as expectativas para o primeiro álbum solo do garoto estavam lá no alto, quando ele anunciou que seria uma colaboração com ninguém menos que o lendário beatmaker Papatinho, ai elas triplicaram, e ele não decepcionou. Até a Última Rima é uma junção de tudo de melhor que o Jota já havia feito em suas melhores faixas nos últimos dois anos, ele traz o seu carisma nas faixas, punchlines criativas que só poderiam sair da cabeça de quem ficou anos e anos pensando em rima em segundos em rodas de batalha, e uma desenvoltura de fazer flows que encaixam em boombap, trap, jersey, e que consegue deslizar em temas que vão desde músicas de amor até ostentação e vivências. O disco já abre com um trapzão com "MacGyver" em que o Jota faz uma comparação entre ele e o clássico personagem conseguindo transformar a sua voz em arma, contando todas as "gambiarras" que fez em sua vida até fazer a rima ser o seu sustento, continuando essa vibe de músicas de quem venceu na vida em "Demar Derozan" em que ele se auto declara o rapper mais lírico após o Djonga. E claro que um disco com tanta espera viria com uma porrada de feats, e aqui o Papatinho conseguiu reunir a nata, pois temos feats muito bons de Major RD e L7nnon, alguns rappers nem tão conhecidos como Lezin e GNÃO que tem versos bem carismáticos mas claro que as duas maiores participações que geraram também as duas melhores faixas do álbum são a de Emicida em "Leandro Roque" que serve como uma passagem de tocha de uma lenda das batalhas que virou na música para outra, e o discurso do Emicida depois do verso dele emociona qualquer um, e o lendário Lulu Santos que liberou o seu grande hit "O Último Romântico" para que o Papatinho com seu talento pudesse samplear o refrão em "LULU", e o Jota faz um grande hit romântico aqui, deve ser a faixa mais bem produzida e onde ele mais está confortavel fora da sua zona de conforto de punchines em cima de trap. Esse disco é divertido, confessional, uma grande homenagem as batalhas de rima e uma grande prova de que esse guarulhense tem tudo para ser o número 1 tipo Richard Pryor. Os destaques são; MacGyver, O Sonho de Brida, LULU, O Legado de Pryor e Lenadro Roque.




8.Mac Miller - Balloonerism


Mac Miller é o meu artista favorito de todos os tempos e claro que a obra perdida da sua fase mais criativa na carreira não poderia faltar aqui, até porque esse talvez seja o último registro completo que teremos do Mac vindo oficialmente da sua familia, e é exatamente o que todos esperávamos. Balloonerism é o projeto que sairia depois de Faces que é considerada a sua obra prima, porém foi descartada em prol de uma abordagem mais otimista musicalmente do Mac que seria o seu álbum GO:OD AM, porém como muitas faixas dessa época vazaram e o nome do projeto já havia sido anunciado os fãs especulavam muito sobre esse disco, se ele teria sido ou não finalizado, e a familia do artista que cuida da sua memória conseguiu recuperar todo o material e trazer produtores para dar esse presente para os fãs. O álbum foi gravado por volta de 2014 e traz temas existenciais, como morte, depressão e uso de drogas, refletindo o estado mental de Mac na época, com um tom mais coeso e introspectivo do que Faces, e antecipando sonoramente trabalhos posteriores como Swimming e Circles, é um Mac mais focado e menos irônico e autodepreciativo, conseguindo ser bem honesto com a sua situação atual. A sonoridade do álbum é marcada por um neo-jazz/neo-soul experimental, com produção delicada e predominância de instrumentos como piano e baixo, e com um estilo vocal mais cantado que rimado, mais uma vez algo que marcaria a segunda parte da carreira do artista principalmente nos seus dois últimos discos. A primeira música do disco "DJ's Chord Organ" tem a participação da SZA que gravou em 2014 para a faixa e teve a sua participação original preservada trazendo aquela vibe dela mais puxada para o CTRL, "Do You Have A Destionation" tem aquele beat mais minimalista com o Mac rimando naquele estilo do Faces enquanto "5 Dollar Pony Rides" já tem uma vibe mais animada com o artista cantando embora as letras das duas músicas falem sobre isolação e o sentimento de já estar morto. Mac também fala muito sobre drogas aqui e até mesmo experimenta algumas produções mais puxadas para o psicodélico, como é o caso de "Friendly Hallucinations" e "Tomorrow Will Never Know" que tem nada mais que 11 minutos e só continua e continua com um telefone tocando e nós ouvintes percebendo que ele nunca vai conseguir atender aquela ligação, o que é o final perfeito. Esse disco é um grande presente para todos nós que queriamos ter visto mais desse genial artista e sem dúvida nenhuma fecha muito bem a carreira de um dos melhores do nosso tempo. Os destsques são: DJs Chord Organ, Do You Have a Destionation?, 5 Dollar Pony Ride, Friendly Hallucinations, Funny Papers, e Tomorrow Will Never Know. 





7.Clara Lima - As Ruas Sabem


Eu conheço a Clara Lima desde 2015 quando ela era apenas MC de batalha la no viaduto e posso dizer que acompanhei a carreira dela de perto da explosão dentro do movimento do ano lirico até os projetos completos, e para mim por mais que ele fosse inegavelmente talento... eu sinto que já escrevi algo parecido com isso hoje. O caso da Clara é muito parecido com o do FBC, os dois são mineiros, explodiram quase na mesma época e inclusive eram do mesmo coletivo que foi a DV Tribo, e assim como o FBC a Clara sempre foi uma grande promessa, e ela mesmo já reclamou de sempre ser uma promessa mesmo com uma carreira de anos, e é nesse álbum que eu posso dizer que ela já é realidade e com folga uma das rappers mais líricas do Brasil. Depois de mergulhar em uma vibe mais trap melódico e até em uma vibe mais romântica e fazer sua própria versão de músicas para tocar no churrasquinho em 2024 esse ano a Clara voltou ao clássico boombap, com batidas secas no estilo East Coast, para ela fazer aquele flow mais lento que ela é conhecida por fazer tão bem, para trazer letras reflexivas sobre a sua própria posição dentro do jogo do rap e sobre a sua existência e o que ela significa. Isso é trazido na segunda faixa e single carro chefe do disco "Tabuleiro" onde Clara diz que a sua mina espera que ela volte com os malotes viva e que a sua mãe espera que ela volte para a igreja e mude de vida. É nesse clima que a rapper faz rimas sobre a sua luta diária não de um ponto de vista de pessimismo mas de um ponte de vista que as coisas são como são e ela é uma guerreira por estar vivendo nessa guerra chamada vida, como é trazido na faixa título em que em um boombap agressivo ela se coloca como essa figura predestinada a viver essa vida e fazer a sua carreira virar. O álbum também tem alguns feats bem interessants como o Dalsin que combina perfeitamente com o beat de "PHD" trazendo um estilo até mais puxado para o seu estilo antigo de 2016, o Sant faz o que faz de melhor no feat de "Nível Profissional" fazendo referências a Jorge Aragão, Vinicius Jr com uma poesia urbana, e James Ventura e Mac Júlia que fazem um tributo a arte da pichação em "Tinta na Mão" que é quase uma irmã de clássica "HINO" da DV Tribo. É interessante que por mais que as propostas não sejam exatamente as mesmas o quanto esse álbum reflete muito o do FBC, tem sample do Racionais em "Um Brinde Aos Reais" e tem a Clara se colocando como uma figura de mudança sem meias palavras, se posicionando de forma direta por volta da sua música, colocando inclusive o ativista Galo de Luta para fazer um interlúdio no disco em forma de um diálogo sobre o que era esperado de uma pessoa como a Clara e o que ela se tornou. As Ruas Sabem é o retorno da Clara não apenas ao boombap mas também a aquela lírica do se inicio de carreira, esse é para mim o segundo álbum mais bem escrito de rap nacional desse ano, e para mim o melhor projeto da Clarinha. Os destaques são: Tabuleiro, PHD, As Ruas Sabem, Nível Profissional, Fumaça Pro Alto e Tinta na Mão.


 

6.Freddie Gibbs e The Alchemist - Alfredo 2


Agora aqui vai uma lista de sequências que superam o primeiro lançamento: Shrek 2, O Exterminador do Futuro 2, Batman O Cavaleiro Das Trevas e Alfredo 2. A primeira colaboração entre o rapper Freddie Gibbs e o lendário produtor Alchemist lançada em 2020 é muito boa, um acerto na combinação de beats calmos e punchlines afiadas, tanto que está na minha lista de álbuns favoritos daquele ano, porém o que eles fazem 5 anos depois é um avanço em todos os niveis do que já havia sido feito anteriormente pela dupla. Embora estéticamente agora foi substituído o imaginário de máfia italiana pelos samurais japoneses e tenha alguns diálogos em japônes com menções a Yakuza e coisas do gênero, musicalmente o estilo desse disco segue bastante a do primeiro lançamento, samples de soul com loops sutis para que o rapper possa mandar as suas melhores punchs. Quando logo na primeira faixa "1995" entra aquela trilha calma evocando algo gospel e ai entra o Freddie rimando sobre como ele fez todos ali serem seus filhos, e vai usar o cinto neles como se fosse o pai do Michael Jackson eu pensei "é, eles estão de volta". Aqui o Freddie está fazendo o que faz de melhor, falando como ele é mais perigoso e mais maneiro do que você jamais vai ser usando referências que só ele conhece, eu mesmo tive que ir no google várias vezes ouvindo o disco para saber quem diabos é Bill Cartwright e porquê ele atira tão mal, ou quem é Reggie Bush e porquê pegaram algum troféu dele, mas no meio disso ele também faz algumas refs mais fáceis de pegar principalmente se você gosta de basquete atual como quando ele diz que se a sua mina ficar grávida ele vai ensinar o seu filho a atirar igual o Ja Morant, ou quando ele cita o famoso caso dele mesmo com uma modelo do Onlyfans falando que ele resolveu a situação de uma forma que o Zion deveria ter resolvido, mas pra mim a melhor barra vem na última música "A Thousand Mountains" quando ele diz "eu sinto que o único rapper igual eu é o André 3000, eu inspirei uma geração e milhares de álbuns, eu deveria arrumar uma flauta e desaparecer nas montanhas" fazendo referência ao lendário rapper que agora é flautista e produtor musical. Os feats do disco assim como no primeiro são mais contidos, se resumindo ao Anderson . Paak em "Ensalada" que tem uma vibe mais puxada para o RnB do cantor e ele faz um refrão marcante, fazendo a faixa mais ouvida do disco, Larry June faz um verso quase apenas falando em um beat que é puro jazz, parece uma narração de filme, e JID que a essa altura já ta virando um coke rapper honorário desliza em mais um beat nesse ano fazendo um verso cheio de rimas intercaladas e carisma. A palavra que define Alfredo 2 para mim é cinematográfico, o primeiro projeto da dupla foi lançado na pandemia, a maioria das referências daquele disco são de coisas que estavam no nosso cotidiano durante aquele periodo horrível, então ele soa menos grandioso e um produto que me lembra 2020, esse álbum eu escutei a primeira vez no ônibus voltando para casa e ele deu uma classe para tudo ao meu redor, como um bom vinho ou um filme clássico do Akira Kurosawa, e foi a minha trilha sonora por todo o resto daquela semana. E que venha a trilogia. Os destaques são: 1995, Lemon Pepper Steppers, Ensalada, Skinny Suge 2, Feeling e A Thousand Mountais.

 



5.Wolf Alice - The Clearing


Existem alguns artistas que é só eles lançarem um álbum e eles tem uma cadeira cativa na minha lista de fim de ano, isso porque eles nunca erram, do lado do rap nós temos Kendrick Lamar, Tyler The Creator e Denzel Curry, e do lado do rock nós temos Wolf Alice. O quarteto inglês apareceu na primeira edição desse quadro em 2017 e agora quase 10 anos depois prova que eles continuam tão afiados quanto nunca com o seu quarto álbum de estúdio. Aqui a grande diferença entre o Wolf Alice do seu último projeto de 2021 para esse é a maturidade com esse disco sendo como uma entrada no autoconhecimento que a vida adulta nos proporciona. Isso já é visto na faixa que abre o álbum "Thorns" em que o eu lírico se questiona sobre as suas emoções pensando que é uma narcisista ou uma masoquista refletindo sobre como ela não consegue resistir em pegar suas dores e fazer tudo ser sobre ela em uma música. Essa é a pegada do disco que passeia em temas como estar envelhecendo (os membros da banda estão na casa dos 30 anos), amizades que se duraram até ali vão durar a vida toda, a alegria em pequenas coisas da vida como afundar em um sofá quando tudo na sua vida está estressante. Porém talvez a grande mudança na pegada da banda não esteja tanto nas letras que as vezes ainda exploram aquele cinismo britânico que eles fazem tão bem mas na sonoridade. O Wolf Alice sempre foi um filhote dos anos 90 pegando muito do post grunge, shoegaze e britpop as vezes até indo para um post punk, aqui como até a capa pode dar uma pista eles mergulham completamente nos anos 70. Toda a pegada desse disco é bastante inspirado em Fleetwood Mac, tendo baladas de piano, bem mais melodia e harmonias na pegada da banda, até a vocalista Ellie aqui está bem Steve Nicks no jeito de cantar. Mas não é apenas nessa banda que eles se inspiram, você consegue pegar ali um pouco de Queen em faixas mais descontraidas como "Bread Butter Tea Sugar", um arranjo ali de Neil Young em "Bloom Baby Bloom" e uma vibe no geral que lembra bastante lendas femininas do rock setentista como a Joni Mitchell e a Carole King. Eu amo o Wolf Alice quando eles estão prestando homenagem ao rock noventista, com toda aquela atitude de "eu não ligo para nada" cheia de sarcasmo e indiferença para com a vida, mas eu também adoro bandas que evoluem e não ficam no mesmo lugar, então ver a banda sair da sua zona de conforto, falar sobre a crise dos 30 de uma forma tão única como só eles poderiam fazer e ao mesmo tempo sair um pouco do peso da guitarra e do noise para uma produção mais limpa com vários elementos que eles nunca tinham explorado antes faz esse com certeza mais um acerto dessa banda que de pouquinho e pouquinho ganhou o primeiro lugar no podim como a minha banda favorita da atualidade. Os destaques são: Thorns, Bloom Baby Bloom, Just Two Girls, Bread Butter Tea Sugar, White Horses e The Sofa. 




 
4.Bad Bunny - DeBÍ TiRAR MáS FOToS


Mientras uno está vivo, uno deve amar lo más que pueda. Quando eu escrevi as minhas impressões sobre esse álbum do Bad Bunny eu abro o artigo falando que eu não sou o que se pode considerar um fã do Bad Bunny, e quem diria o tempo foi passando e passando e em 2025 ele é dono do álbum que eu mais escutei no ano. Debí Tirar Más Fotos é um disco que mexe muito com o emocional da cultura latina, a capa já são duas cadeiras de plástico como a gente vê em qualquer festa infantil e o grande ponto que ele está tentando trazer aqui é o resgate dessa cultura nossa, das festas, das fotos em familia, de detalhes que parecem pequenos mas aos poucos vai se perdendo com a gentrificação e a americanização que acontece dentro de todos os países da America Latina. Esse resgate cultural já é visto na primeira faixa "Nuevayol" em que a primeira voz que a gente escuta no álbum não é a dele e sim a de um músico chamado Andrés Jimenez uma lenda do ritmo porto riquenho jibaro, e a música tem um saple de "Un Verano In Nuevan York" do grupo El Gran Combo de Puerto Rico, e a letra é sobre sentir orgulho de Porto Rico com referênias a feriados e culturas de lá. O álbum funciona como uma exaltação do seu povo mas também como crítica, "Lo Que Le Pasó a Hawaii" é uma das melhores letras que ele já escreveu e fala sobre como ele não quer que o seu país passe pela gentrificação que o Hawaii passou ao ponto em que quase todas as tradições culturais da ilha morreram para virar apenas um ponto turístico, "Bokete" é uma música de duplo sentido sobre uma mulher que o eu lírico ama muito mas a relação vai esfriando com o tempo até o ponto em que tudo sobre aquela mulher que ele gostava está apagado fazendo uma crítica a política atual do seu país sobre coisas saírem do controle isso porque a palavra Bokete lá não tem nada a ver com o que você está pensando mas é uma gíria para ruas esburacadas. Porém como eu também cito no meu artigo esse disco não é um ato político complexo fora do que o artista já estava fazendo, se é hit que você quer com certeza é o que ele entrega aqui. Existem duas músicas nesse álbum que são "DTMF" e "Baile Inolvidable" que são tão atemporais que elas parecem que sempre existiram, como se o mundo da música não pudesse viver sem elas, inclusive segundo o recap do meu Youtube Music eu ouvi "Baile Inolvidable" por 171 MINUTOS durante o ano, e claro, foi a minha música mais escutada do ano, eu simplesmento amo essa salsa como eu amo poucas coisas dentro da música moderna. Debí Tirar Más Fotos foi o álbum que me fez escutar todos os discos do Bad Bunny e perceber que eu amo o reggaton dele, e no geral ele é um disco que te faz ter vontade de viver experiências novas, ele faz você lembrar que a vida é curta e as vezes momentos que eternizamos em uma foto só vão ser vividos uma vez então temos que viver com toda a intensidade possível, porque como diz o monólogo que eu abri essa sessão que está presente no álbum, se estamos vivos devemos amar o máximo que podemos. Ele está fora do top 3 porque eu ainda acho os últimos 3 álbuns dessa lista um pouquinho melhores musicalmente, mas com certeza esse já é um dos meus discos favoritos da vida. E EM 21 DE FEVEREIRO DE 2026 LEOZINHO ESTARÁ NO ALLIANZ PARA VER O BAD BUNNY. Os destaques são: Nuevayol, Voy a Levvarte Pa PR, Baile Inolvidable, El Clúb, Bokete, Lo Que Pasó a Hawaii e DTMF. 




3.The Weeknd - Hurry Up Tomorrow


Em 2025 nos despedimos de The Weeknd como nós o conhecemos (aparentemente) mas o Abel deixou a sua persona mais famosa com um absoluto BANGER. A ideia desse disco é para ser uma celebração de todas as fases da carreira do cantor passando pelos principais temas líricos que ele evocou desde as suas mixtapes até o seu último álbum de 2022. Nós já abrimos com o que eu posso falar seguramente agora que é a minha faixa favorita do disco com "Wake Me Up", que tem um sample simplemente de "Thriller" do Michael Jackson e é um synth pop oitentista sensacional com o The Weeknd cantando sobre o seu legado e como ele sente que está morrendo então por favor acordem ele, é a abertura perfeita porque ela trás essa dramatização e a grandiosidade que essa finalização merece. O cantor passa por temas como a melancolia, os excessos que a fama trouxe, o vazio existencial que não foi preenchido tudo isso com a sombra da morte pairando sobre a sua cabeça. Em músicas como "Cry For Me" ele pede para a garota com que ele está chore pela sua morte eminente, enquanto em músicas como "Take Me Back To LA" ele busca querer voltar as suas origens para fazer diferentes e mudar o seu eventual destino mas sendo tarde demais. Como eu disse a asonoridade do disco também passeia por toda a carreira do cantor, tendo hits que vão para o pop eletrônico como a já falada "Wake Me Up" e "The Abyss", "Cry For Me" e "Take Me Back To LA" são bem anos 80 na pegada do After Hours, a gente tem aquele RnB dark e introspectivo presente nas suas primeiras mixtapes com "Open Hearts" e "Drive", e ele presta também uma homenagem ao nosso funk brasileiro com "São Paulo" e já deu muito tempo do lançamento do álbum eu já ovi ele inúmeras vezes e vou falar mais uma vez: "São Paulo" é do caralho e vocês são muito chatos. Os feats também são um ponto alto passando por várias colaborações lendárias do Abel, desde a duplinha com a Lana Del Rey que sempre trouxe grandes hits em "The Abyss", o Future que já fez vários bangers com ele aparece aqui com um flow cantado bem fora da sua zona de conforto em "Enjoy The Show", e Travis Scott e Playboi Carti fazem versos bem carismáticos no álbum em "Reflections Laughing" e "Timeless" que são dois dos grandes hits do álbum. Como acontece com um ábum duplo de 1 hora e meia com mais de 20 músicas o disco recebeu algumas críticas sobre ser cansativo demais, pra mim isso não foi um problema, eu ouvi esse álbum do começo ao fim de Janeiro até Março inúmeras vezes e em nenhum momento ele ficou cansativo, pelo contrário teve faixas que de primeira eu não dei tanta atenção que aos poucos foram me ganhando. Hurry Up Tomorrow é a celebração de tudo que o The Weeknd significa, tudo que ele revolucionou dentro do RnB e do pop, e uma coletânia de faixas que trazem o melhor do cantor em todos os genêros e com todas as suas melhores coleborações na produção ou como feats, nós fãs não podiamos querer uma despedida melhor do personagem. Os destaques são: Wake Me Up, Cry For Me, Baptized In Fear, Open Hearts, Reflections Laughing, Timeless e Hurry Up Tomorrow"





2.BK' - Diamantes, Lágrimas e Rostos Para Esquecer


O melhor rapper dessa geração fez o melhor álbum nacional do ano, isso já era esperado, quando o BK resolve lançar é melhor adiar o seu álbum pro ano que ve se você não quiser ser o segundo lugar, mas esse álbum conseguiu ainda mais do que o esperado, pois o melhor rapper dessa geração fez o melhor álbum da sua carreira. DLRE é o novo lançamento do BK e mostra o rapper no seu mais honesto, nós já vimos ele cair e levantar, se sentir um gigante, um ativista, um mito grego mas aqui nós vemos ele como humano. O disco é da perspectiva do Abebe Bikila (seu nome verdadeiro) deixando a persona de BK de lado para ele falar sobre ressentimentos, decepções amorosas, e a guerra espiritual que ele vive todos os dias dividido entre ser um ser humano imperfeito que comete muitos erros ao mesmo tempo que ele tem que ser o BK, o maior nome dessa geração e inspiração para inúmeras pessoas. Ele traz essa dualidade logo nas primeiras músicas, com a primeira música "Você Pode Ir Além " que por mais que tenha uma vibe bem encorajadora para quem quer ir lá e fazer acontecer também tem um BK bem individualista como se ele já soubesse de tudo, para então na próxima faixa "Só Eu Sei" a gente ver ele bem mais vulneravel refletindo sobre tudo o que ele teve que passar para estar aqui. O artista consegue muito bem fazer esse balanço em músicas sobre desilusões amorosas que tem que ser esquecidas por mais que ele não consiga como "Quem Não Volta" e "Cacos de Vidro" e hinos de autoconfiança de quem sabe que é o 01 do jogo como "Eu Consegui" e "Mandamentos". Porém o material lírico é só um terço do que faz esse álbum especial, afinal no fim das contas esse é o BK, a gente já está esperando letras acima da média, mas o que dá o toque especial nesse projeto é que o BK de algm jeito conseguiu a permissão para samplear a nata da MPB para fazer as músicas, estamos falando de Milton Nascimento, Djavan, Evinha, Luciana Mello, e Fat Family, isso é basicamente um álbum de Rap com MPB se é que isso existe, é como uma grande homenagem a música brasileira inteira, e é muito bem produzido, não é aquele sample óbvio, ele consegue pegar músicas conhecidas e trasnformar em batidas de boombap que viram grandes hits, e claro que o flow do BK é outro ponto para se elogiar porque tem faixas bem ortodoxas aqui e ele dá um jeito de encaixar um flow foda nelas. Além disso eu preciso ressaltar o feat do Borges nesse álbum em "Abaixo Das Nuvens" porque o estilo dele é mais trap ostentação espalhafatoso e aqui ele faz um verso sensivel e honestonão é algo que você espera dele e mostra como o BK consegue trazer o melhor dos seus colaboradores como um artista completo. Para mim o melhor álbum que o BK já lançou é o seu disco de estreia Castelos & Ruínas e seria impossivel ele superar esse clássico que está na lista dos melhores álbuns de rap da história do Brasil, mas agora ele tem dois álbuns nessa lista porque DLRE de alguma forma consegue ser melhor, é uma obra que mistura MPB, rock setentista, boombap, trap e funk com a lírica afiada do BK, e flows incriveis em uma coleção de músicas que são as melhores da sua carreira. A pergunta agora é como ele vai superar isso??? Eu não sei, mas eu posso dizer que não duvido de mais nada vindo do BK. Os destaques são: Você Pode Ir Além, Só Eu Sei, Não Adianta Chorar, Só Quero Ver, Abaixo das Nuvens, Cacos de Vidro e Mandamentos.





1.Clipse - Let God Sort Em Out


DLRE lançou no dia 28 de Janeiro desse ano e por metade do ano eu tinha certeza que ele seria o primeiro lugar, porque ele é 10/10, um clássico moderno, parecia impossível que um álbum melhor seria lançado esse ano no mundo, e ai em Julho depois de um rollout lendário os irmãos Malice e Pusha T se reunem depois de mais de 15 anos separados para um novo álbum e então eu apertei play e a primeira música era perfeita, assim como a segunda, a terceira, e lá pela metade do álbum eu comecei a me perguntar qual foi a última vez que eu escutei um álbum tão bom assim de qualquer gênero. Quando se pensa em Clipse a gente pensa em tráfico de drogas e vida de crime, então quando esse disco abre com nada mais do que John Legend cantando e o Pusha T no primeiro verso falando sobre a morte da mãe deles enquanto no segundo verso o Malice fala sobre a morte do pai deles em "The Birds Don't Sing" você percebe a maturidade emocional desses dois que foi carregada através dos anos para fazer essa reunião. Malice e Push ainda trazem aquela ostentação de donos da rua dos tempos em que eles vendiam drogas e viviam a vida perigosa, mas esse álbum é muito mais sobre a cultura do rap em si e um resgate do que se perdeu como vemos em "Chains And Whips" em que o refrão já diz que eles bateram no sistema com correntes e chicotes, aqui não parece que se passou um dia desde que o Clipse estava no seu auge pois o Pusha T durante o álbum vai rimar sobre como ele é mais rico do que você e como ele está decepcionado pelo fato de você não ser tão bem sucedido enquanto ele é, enquanto isso o Malice vai rezar pela sua alma miseravel com versiculos e tudo pelo fato de você não ser tão bem sucedido quanto ele seu broke ass. Inclusive eu preciso dizer como o MVP desse álbum é o Malice, porque por mais que o Pusha T lançou muitos projetos incriveis através dos anos tendo para mim um clássico moderno do gênero com DAYTONA o seu irmão mais velho que abandonou o mundo da música em 2011 depois de se converter para o cristianismo aqui não parece que ficou sequer um dia sem rimar, o seu flow está impecavel, ele tem aquele mesmo carisma nas faixas dos anos 2000 e ele tem uma sagacidade na sua voz que não parece pertencer a um homem qe já está nos seus 50 anos, realmente parece que os veteranos são melhores que os juniores. Eu acho que outro ponto positivo para a dupla é que tem dois feats dos dois maiores artistas do rap nesse momento e eles não ficam para trás, Kendrick Lamar em "Chains & Whips" e Tyler, The Creator (Deus vai interpretar ele em uma autobiografia em breve) em "P.O.V" tem versos fenomenais e ainda assim eles não conseguem ser o melhor verso da música porque os dois irmãos estão simplesmente imparaveis. A produção do álbum fica por conta do Pharaell Williams que é um amigo de longa data da dupla, e para quem estava falando que os beats dele estavam ruins ultimamente aqui ele mostrou que talvez só tava guardando o melhor dele para os amigos porque essa é a melhor produção de um álbum de rap no ano, TODOS os beats te acertam como se fosse uma combinação do trap que foi popularizado os anos 2010 e os maiores hits de rap dos anos 2000, tanto que foi um grande problema para mim terminar o álbum na primeira vez porque eu ficava voltando a maioria das músicas de novo e de novo. Let God Sort Em Out é como se alguém tivesse achado um monte de versos do Clipse nos anos 2000 feito uma produção impecavel com batidas extremamente classudas modernas e ainda colocado rappers atuais lendários da atualidade, tudo aqui funciona, o carisma e a quimíca dos irmãos continua o mesmo e assim eles conseguiram fazer o melhor projeto da carreira dos dois. Voltar depois de anos, balançar o mundo do rap, e fazer o seu melhor álbum que já pode ser considerado um clássico instantâneo tudo isso sem gravadora de forma independente??? ISSO É CULTURALMENTEN INAPROPRIADO. Os destaques são: esse é provavelmente o melhor álbum de rap nos últimos 5 anos, vai escutar ele inteiro agora. 




E essa é a minha lista de melhores álbuns que eu ouvi esse ano, tem alguns que quase entraram mas acabaram ficando fora da minha nota de corte mas ainda assim merecem ser mencionados, o JID fez um ótimo trabalho em God Does Like Ugly, o Playboy Carti com certeza entraria na lista com MUSIC se cortasse 10 das 30 músicas do álbum, o Justin Bieber mandou bem com o SWAG, KM2 da Ebony também ficou muito bom. E também tem muita música lançada nesse fim de ano que eu ainda não ouvi, então eu ainda preciso ouvir o álbum do Emicida, o novo do Nas com o Hit-Boy, o do 21 Savage, também passou por mim o novo do Don L e o retorno do De La Soul mas eu eventualmente vou ouvir esses discos e se algum chamar a minha atenção o suficiente vai ter artigo aqui no blog. No mais obrigado a todos que leram o blog em algum momento desse ano, feliz Natal, Ano Novo e até 2026. 

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