CLÁSSICOS: The Notorious B.I.G. - Ready To Die

Notorious B.I.G. é um dos maiores rappers de todos os tempos, e o que mais me impressiona é que ele conseguiu construir uma tragetória lendária dentro da música em apenas 5 anos de carreira, com só um álbum seu sendo lançado em vida. Esse álbum seria Ready To Die, para mim um dos melhores álbuns de rap de todos os tempos, que é referência até hoje não apenas para a história do genêro como para o trabalho de futuros rappers. E hoje eu vou falar porquê eu considero esse álbum um clássico.

Notorious B.I.G., ou Big Smalls, ou apenas Biggie, na verdade se chamava Christopher Wallace, e começou a rimar nas ruas desde a sua adolescência. Ele foi de vários grupos e gravadoras independentes, com a sua carreira realmente começando a ingressar em 1993 quando ele conheceu o Puffy que depois de ouvir o rapper conseguiu um contrato para ele na Uptown Records, e Tupac Shakur, com os dois criando uma grande amizade nesse ano, e o Pac dando dicas para o Bigie atingir o sucesso, falando para ele criar mais love songs e músicas que poderiam tocar em clubes, já que até aquele momento o Big era focado apenas em gangsta rap hardcore. Então depois de fazer participações em músicas de outros membros da gravadora Uptown para crescer um pouco seu nome, Biggie começou a trabalhar no que seria o seu primeiro álbum, o Ready To Die. A maior parte da produção foi feita pelo produtor Easy Mo Bee, com um destaque para o lendário DJ Premier que botou sua mão nesse álbum na faixa "Unbeliavable". E a produção traz bastante do que era o East Coast rap na época, com bastante samples, batidas secas nas músicas mais gangstas e uma pegada bem funk nos hits.


Ready To Die é um álbum conceitual que conta de maneira exagerada a vida de gangster do Biggie. O álbum abre com uma intro de quatro partes, mostrando seu nascimento, sua dificil infância, sua decisão de vender drogas e cometer assaltos, e sua saída da cadeia em busca de um futuro diferente, que seria o rap. A partir dai Biggie rima sobre suas experiências de vida. Em "Things Done Changed" ele fala sobre como a vida nas ruas ficou mais e mais perigosa com o passar do tempo, muito por causa da ascenção do crack no final dos anos 80, contando essa transição entre o passado e o presente do mundo do tráfico. "Gimme The Loot" é uma das músicas mais famosas do rapper, e isso se deve ao quão bem ele cria a história dela. A faixa conta a história de dois assaltantes, os dois interpretados pelo Biggie, um mais experiente e calmo e o outro mais novo e super explosivo, ele consegue dar vida a esses dois personagens de forma única e consegue fazer uma música que ao mesmo tempo que é bem gráfica também é bem engraçada. "Machine Gun Funk" fala sobre a transição do Biggie traficante para o artista, com ele ostentando bastante a nova fortuna dele vindo da música, o flow dele ta perfeito nessa música e era a faixa favorita do Biggie no álbum todo. "The Warning" é sobre um amigo do Biggie ligando para ele e avisando que vão tentar matar o rapper, o amigo também é interpretado pelo Biggie, e ele cria esse conceito de uma conversa de telefone entre esses dois personagens que é nada menos que genial. A faixa-título vem logo em seguida e pra mim é o que resume tão bem o quão complexo é o personagem desse álbum e o quão boas são as letras do Biggie, com ele falando abertamente sobre o ódio que ele tem por basicamente todo mundo, até a mãe dele, e como ele quer viver rápido e quando a morte vir ele vai aceitar ela de bom grado, porque como diz o título ele já ta pronto. Mas claro que pra balancear esse lado mais obscuro do álbum, o disco também tem muitos hits, os mais famosos não só da carreira do Biggie como do rap dos anos 90 no geral, com "Juicy" e "Big Poppa", dois clássicos absolutos, músicas que facilmente podem tocar em qualquer festa nos dias de hoje e ninguém reclamaria. E fazendo um paralelo com seu nascimento na Intro, a faixa que encerra o disco "Suicidal Throughs" é sobre o Biggie ligando para um amigo dele, interpretado pelo Puffy, e basicamente desabafando sobre tudo o que deu de errado na vida dele até ali antes de cometer suicídio. Não só é um final chocante mas para mim é uma das melhores últimas músicas de qualquer álbum, a interpretação vocal do rapper é nada menos que sensacional, você sente o sofrimento dele, e é na minha opinião o final perfeito na tragetória desse personagem tão quebrado que a gente acompanha pelo álbum todo.



Por que é um clássico???
Eu penso que mais do que batidas incríveis e um flow único, o grande trunfo do Biggie nesse disco é a criatividade dele de inventar cenários e situações completamente diferentes para as suas músicas, algo muito a frente para a época. No álbum ele cria personagens diferentes, consegue contar várias histórias de maneira bem vivida, que se você fechar os olhos você imagina elas perfeitamente na sua cabeça. Um bom exemplo da criatividade dele é o momento na faixa "Respect" que ele cria o conceito de rimar de dentro da barriga da mãe dele antes de nascer, então as ideias que ele tem de cenários para construir rimas é outro nível. E no geral esse álbum acerta em tudo que ele tenta, ele consegue falar sobre a vida de crime de uma forma divertida, gráfica, bem real, ao mesmo tempo que também consegue fazer críticas a ela, os singles são atemporais, e a escrita do Biggie nesse disco é algo que poucos rappers da época dele ou que vieram depois conseguiram igualar. Bastou esse álbum para o Notorious colocar seu nome na discussão de melhores rappers de todos os tempos, e nunca mais sair. É um álbum perfeito que deve estar com certeza na lista de melhores álbuns de rap de todo fã do genêro.

O Legado dele
Ready To Die foi uma grande influência para todo o futuro do rap na East Coast, depois dele todos queriam ser o "rei de Nova York" como o Biggie. E uma das maiores influências que seguiu demais a fórmula desse álbum é o Jay Z, grande amigo do Biggie que claramente pegou bastante do estilo dele no começo da sua carreira, e cita ele diversas vezes como o seu rapper favorito. Caras como 50 Cent e Rick Ross também pegaram bastante do personagem deles de gangsta calmo e no controle de tudo do personagem do Biggie nesse álbum. E todas as punchlines criativas e engraçadas do Biggie foram uma grande influência para nomes como Lil Wayne e Nicki Minaj que começaram suas carreiras sendo conhecidos por fazer isso. Fora sua influência no gênero do rap, Ready To Die é um dos poucos álbuns de hip hop dos anos 90 que figura em todas as listas de melhores álbuns de todos os tempos, dos 1001 para ouvir antes de morrer até os 500 da Rolling Stones, o gordinho está la. Então mesmo que você não seja um grande fã de rap mas gosta de conhecer álbuns condecorados de todos os genêros, Ready To Die é um desses e com muita justiça, já que se mantém ate hoje como um dos melhores do genêro.


Biggie gravou seu segundo álbum Life After Death porém infelizmente não conseguiu ver ele ser lançado, já que o rapper foi assassinado no dia 9 de Março de 1997 com 4 tiros em um sinal vermelho em Los Angeles. Biggie tinha apenas 24 anos e a identidade do seu assassino nunca foi descoberta. O Life After Death foi lançado como um álbum póstumo 12 dias depois da sua morte. Antes de morrer Biggie já estava planejando seu próximo álbum que seria o fim dessa trilogia se chamando Born Again, esse álbum acabaria por ser lançado em 1999 usando versos inéditos do Biggie e várias participações especiais, embora os planos originais para esse álbum é um grande "e se" para o rap, já que o plano do Biggie para o Born Again era fazer um álbum triplo, mas ele não conseguiu gravar material o suficiente para que isso fosse possivel. Mais 2 álbuns póstumos foram lançados com o nome do Biggie, em 2011 e 2017. E essa é a lendária carreira de Notorious B.I.G., que em pouco tempo conseguiu construir um legado tão grande quanto sua própria imagem. E essa é minha homenagem a um dos melhores álbuns de rap de todos os tempos, não vai demorar muito para o próximo artigo sair, então até la.

Comentários

  1. E esse final de anos 90 com primeiros anos da década de 2000 foi um período de 7 anos em que a música teve uma perda massiva de nomes. Tava pensando nisso esses dias.

    Forte Abraço Stone, Great Job!

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    1. É engraçado né, os anos 80 foram notoriamente a época do excessos e pouca gente famosa morreu naquela época, mas realmente o final dos anos 90 pra metade dos anos 2000 só perde pros anos 70 no quesito perda de grandes talentos, principalmente pra assassinato ou overdose. Vlw pelo comentário meu mano.

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