The Beatles: Do Pior ao Melhor

É, essa hora ia chegar uma hora ou outra. Acho que todo fã de música uma hora tem que fazer seu ranking de álbuns dos Beatles, ta no contrato. Pra quem não sabe quem são os Beatles, eles foram uma banda dos anos 60, eles tiveram um moderado sucesso, e hoje em dia apenas os fãs de verdade sabem deles, uma banda bem underrated que fizeram alguns álbuns bem decentes que merecem mais reconhecimento. Essa introdução foi uma tentativa de piada, são os Beatles porra, não precisa de introdução, venha ver a minha lista de todos os álbuns de estúdio deles, do pior aos god like top tier álbuns. 


Décimo Terceiro Lugar - Yellow Submarine


A escolha do pior álbum dos Beatles é bem fácil, porque por mais que Yellow Submarine seja tecnicamente um álbum, na prática ele não é. O disco tem 13 faixas, as duas mais famosas "All You Need Is Love" e "Yellow Submarine" já haviam sido lançadas antes, e todo o lado B do disco é só um compilado de músicas instrumentais de orquestra que acompanha o filme, e só uma delas tem um Beatle envolvido, o resto é tudo composto pelo produtor da banda George Martin, ou seja metade do álbum nem tem os Beatles nele. Sobram apenas 4 músicas inéditas gravadas pela banda, ou seja ele na prática é um EP. E dessas quatro músicas eu não acho que nenhuma delas são clássicas ou estão lá em cima no ranking de músicas da banda. Ou seja todo esse projeto nada mais é do que uma obrigação contratual para promover o filme animado deles de mesmo nome que estreou um ano antes. O filme tem uma animação legal se você quiser ver, o álbum vale você ouvir as quatro músicas inéditas dele que são oks e pular o resto.


Décimo Segundo Lugar - Beatles For Sale


Eu considero o For Sale como um álbum de transição entre os Beatles estrelas pops com aquele rock mais clássico anos 50 para os artistas maduros que eles seriam no futuro, e como a maioria dos álbuns de transição ele fica na metade do caminho entre uma coisa e outra. O título do disco reflete como a banda estava se sentindo, apenas um produto pra venda, já cansados de toda a atenção e "febre" que eles tinham provocado e se sentindo criativamente sufocados por terem que fazer o mesmo estilo de música para a gravadora. Isso se refletiu nesse álbum, com uma temática meio deprimida e cínica nas letras e uma vibe mais acústica na sonoridade. Eles também tentaram voltar aos seus dias de shows em bares, gravando vários covers que eles tocavam antes de serem famosos, são ótimos covers, mas nada de muito espetacular. O disco com certeza tem sua parcela de músicas incríveis, eu adoro a melodia leve de "I'll Follow The Sun", quando eu penso no que eu gosto na primeira fase da carreira dos Beatles eu penso em músicas assim, e "Eight Days a Week" é a música desse disco que eu considero a mais perto de ser considerada uma faixa clássica dos Beatles, e a minha favorita do For Sale. Esse álbum é bem importante para a carreira do grupo, sendo para mim o último antes da minha fase favorita deles, mas não é um álbum muito importante se você quiser ver o melhor dos Beatles, tendo algumas músicas boas, vários covers, e várias músicas qualquer coisa. 


Décimo Primeiro Lugar - With The Beatles


Os primeiros álbuns dos Beatles foram os últimos que eu ouvi e eu esperava que eles fossem chatos, mas eu estava profundamente enganado, With The Beatles é um ótimo álbum de rock. Pra mim o grande trunfo dele é conseguir misturar bem as love songs originais do grupo com os covers, fazendo um álbum de um pouco mais de meia hora que realmente parece com o que de melhor o grupo podia trazer naquela fase da carreira deles. "All My Loving" é a música mais famosa desse disco, e é a minha favorita do álbum, ela é extremamente chiclete e tem um solo lindo do George Harrison, falando nele a primeira música composta por ele aparece aqui, "Don't Bother Me" e é o George já mostrando o que ele iria fazer no futuro, porque é uma das melhores do disco. No geral eu também gosto de "Please Mister Postman", é um conceito bem bobo pra uma música mas funciona principalmente com eles cantando, e a versão deles de "You Really Got a Hold On Me" é tão icônica quanto a original do The Miracles. Eu acho que esse é um álbum que você vai curtir mais se você ver ele todo como uma coisa inteira do que apenas ficar procurando singles, porque ele não tem tantos singles famosos da banda, mas são 30 minutos que passam rápido e conseguem te colocar na vibe da Beatlemania como se você fosse um garoto no começo dos anos 60. Eu acho esse segundo álbum no nível do primeiro, e só vou colocar ele atrás porque eu gosto de mais músicas do Please Please Me, e falando nele...


Décimo Lugar - Please Please Me


Uma das grandes provas do quanto esses quatro eram bons e o quanto eles fizeram coisas boas para a música é o tanto que esse álbum é subestimado. Esse seria facilmente o melhor álbum de várias bandas dos anos 60, mas com os Beatles mal entra no top 10, ainda assim ele é muito bom, e olha que ele é o álbum de estreia. Com 10 das 14 músicas desse álbum sendo gravadas em apenas um dia, a vibe toda dele é de um show ao vivo assim como eles faziam antes da fama, com eles tocando alguns covers de sucesso misturado com o seu trabalho autoral, e o resultado é um disco já cheio de personalidade e músicas muito memoráveis. "I Saw Her Standing There" é ótima como abertura, já dando o clima do rock leve e romântico que a banda faz nesse álbum, a faixa- título sempre me pareceu meio deslocada do resto do disco em sonoridade mas como música sozinha ela é bem pegajosa, aqueles "c'mon" não somem da cabeça mais. "Love me Do" é outra música que talvez não seja tão memorável na discografia hoje em dia mas encaixa perfeitamente dentro da proposta do disco, e o final com "Twist And Shout" faz esse álbum ter um dos melhores finais de um álbum dos Beatles, essa é uma daquelas músicas para você pagar de entendido em música dizendo que não é dos Beatles e sim um cover, porque a versão deles é tão famosa e tão única com a voz do John (que estava gripado) que não tem como lembrar deles ou de Curtindo a Vida Adoidado quando o nome da música vem. Se With The Beatles te faz sentir como se você estivesse no começo da Beatlemania, esse álbum me traz a vibe de você ir em um bar local e conhecer uma banda muito boa e desconhecida e pensar "esses caras tem talento pra ir longe heim". Ele está em décimo porque a qualidade dos outros é muito acima, mas eu posso dizer com segurança que esse é um dos meus álbuns favoritos da banda. 


Nono Lugar - A Hard Day's Night


E chegamos ao primeiro álbum dos Beatles só de músicas originais. Na verdade esse álbum marca várias primeiras coisas para a banda, foi a primeira trilha sonora para o primeiro filme deles, ele veio depois da primeira apresentação dos Beatles no Ed Sullivan Show, o que é facilmente um dos momentos mais icônicos da história da música, e esse álbum é o único com composições apenas da dupla Lennon/McCartney, e além disso tudo ele esta cheio de BANGERS. Se os dois álbuns que vieram antes desse são melhores apreciados se você ver o álbum todo como uma experiência, esse terceiro se sustenta exclusivamente nos seus singles. A faixa que dá título ao álbum e ao filme é uma das mais famosas da fase do começo dos anos 60 da banda e um dos melhores singles que eles já fizeram. "Can't Buy Me Love" é outra que deve ter tocado em tudo que foi lugar na época, e essa é uma daquelas músicas que eu sinto que ouvi antes de saber quem eram os Beatles. Porém ainda mais populares são as baladas desse álbum "If I Fell", "And I Love Her", "Tell Me Why", "Things We Said Today" são todas músicas fantásticas que mostram o que de melhor tinha na fase "boy band" que a banda estava. A Hard Day's Night pra mim é o álbum que traz melhor os Beatles da fase Beatlemania, ali perfeitamente no meio entre o inicio de carreira deles em que eles ainda estavam inexperientes, até eles ficarem cansados da fama e da mesma fórmula das músicas nos próximos anos e começarem suas experimentações, então de certa forma esse álbum serve quase como um best hits dessa fase da banda. Se você quiser ver o poder de fazer grandes singles que o quarteto tinha no começo dos anos 60, não tem como errar com esse álbum.  


Oitavo Lugar - Let It Be


E começamos com as polêmicas. Na verdade eu acho que essa meiuca entre os álbuns mais fracos dos Beatles e os clássicos absolutos é sempre misturada, porque a maioria dos álbuns estão no mesmo patamar de qualidade, e desses que são bons mas que não são clássicos, o meu menos favorito é o Let It Be. Pra quem não conhece a história desse álbum, os Beatles começaram a fazer sessões de gravações para um novo álbum em 1969, que tinha o intuito de ser algo de volta as raízes, que parecesse ao vivo como o Please Please Me, os planos eram fazer um álbum junto com um documentário ambos com o nome de Get Back, contudo a banda já estava em processo de destruição a essa altura, e então depois de brigas, ameaças dos membros de saírem, e ninguém se entendendo no estúdio, tudo isso foi engavetado, e eles gravaram outro álbum que foi o último deles, o Abbey Road, porém as gravações do Get Back estavam lá juntando poeira, e assim o novo empresário da banda Allen Klein achou que podia fazer algo com elas, chamou o produtor Phil Spector para fazer a mixagem de tudo, e assim depois de um mês que os Beatles anunciaram o seu fim o seu "último" álbum Let It Be foi lançado. Eu fiz toda essa recapitulação porque o sentimento todo do álbum é de algo incompleto, algo que poderia ter sido um clássico como os Beatles estavam fazendo na época, mas a produção que as vezes é exagerada demais e algumas músicas que o som parece meio abafado fazem com que ele não pareça um material finalizado. Ainda assim "Let It Be" não só é uma das músicas mais famosas da banda como também uma das músicas mais famosas de todos os tempos, é impressionante eles conseguirem fazer uma música atemporal como essa nesse estágio da carreira deles. A própria "Get Back" é sensacional e um ótimo final para o álbum, "Across The Universe" é uma das poucas músicas desse álbum que parece grandiosa igual uma música dos Beatles do final dos anos 60, e eu adoro a pegada blues de "I've Got a Felling", e esses são pra mim os grandes destaques do álbum. Let It Be tem grandes músicas no meio dele, mas como esse disco é mais uma sessão de highlights de uma gravação de disco, você tem que procurar o que funciona pra você dentro dele, e como final ele não é nem remotamente perto do que o Abbey Road é. No geral eu acho que ele funciona mais se você encarar ele como uma side quest das aventuras da banda do que como uma missão principal.       


Sétimo Lugar - Magical Mystery Tour


Assim como Let It Be o Magical Mystery Tour tem uma história curiosa sobre como o álbum se formou em um... álbum. Nos anos 60 era meio várzea como os álbuns eram tratados, nem sempre tinha uma versão oficial que ia pra todos os lugares, as vezes álbuns e singles eram tratados como coisas separadas, e as vezes músicas de um álbum eram colocado em outros e lançados em outros lugares com outros nomes. Em 1967 os Beatles gravaram um EP de 6 faixas para o seu filme Magical Mystery Tour, contendo músicas inéditas, porém esse EP não vendeu bem nos Estados Unidos, que decidiram relançar ele como um LP de 11 faixas com a primeira metade sendo o EP na versão britânica (embora com as faixas em ordem diferente) e a segunda parte sendo singles compactos que a banda havia gravado naquele ano, e assim nos Estados Unidos esse foi o nono álbum da banda, com o resto do mundo seguindo a ordem britânica, mas a partir de 1976 essa se tornou a versão oficial no catalogo dos Beatles, com ele oficialmente sendo um álbum de estúdio, e o resultado disso é... muito positivo. Magical Mystery Tour continua da onde o Sgt. Pepper's parou, com muita psicodelia e muito papo de amor, inclusive com esse álbum sendo ainda mais surreal que o anterior, como se ele fosse em um nível ainda mais longe dentro das experimentações. "I Am The Walrus" é uma das músicas mais bizarras e engraçadas que os Beatles já gravaram e mostra porque o senso de humor do John era o melhor quando ele usava, "Strawberry Fields Forever" tem um arranjo maravilhoso e é uma das minhas favoritas dos Beatles hippies, e o que dizer de "All You Need Is Love"??? a letra é bem brega, eu acho que a maioria das bandas não fariam ela funcionar, mas quando o Paul canta você acredita que tudo que você precisa é a porcaria do amor. Eu sei que muita gente critica esse álbum por ser meio que "lados bs" do Sgt. Pepper's, e a isso eu digo: ok, qual é o problema com isso??? aquele álbum é sensacional, eu fico feliz que tenha mais música naquele estilo e vindo da mesma banda, mesmo que ele não seja tão coeso e fechadinho igual o Sgt. Pepper's. No fim a minha visão sobre o Magical Mystery Tour é que ele é um projeto muito bom do que é talvez a fase mais criativa da banda, e é engraçado que mesmo que eles não estavam tentando fazer um álbum alguém organizou as músicas cosntruindo um álbum pra eles e fez um projeto que parece incrível como um todo.


Sexto Lugar - Help!


Eu não sei se isso é uma opinião impopular mas pra mim esse é o primeiro grande álbum dos Beatles, não um grande álbum de rock, um grande álbum dos Beatles com a cara da banda. O álbum foi concebido como uma trilha sonora do segundo filme do grupo com o mesmo nome, e a razão pela qual eu considero esse o primeiro álbum com a cara do grupo é porque cada membro tem seu momento para brilhar da sua própria forma e eles conseguem usar as influências que inspiravam eles de uma forma bem mais criativa do que nos álbuns anteriores, claro que talvez essa criatividade toda tenha a ver com o fato que o John Lennon e o George Harrison começaram a usar LSD por essa época. "Help" é minha música favorita da primeira parte da carreira dos Beatles, ela é provavelmente a primeira música do quarteto que eu já ouvi e eu continuei gostando dela até na minha fase "os Beatles são overrateds" na adolescência, tem um poder sobre essa música que eu não consigo explicar, mas eu considero ela atemporal. Eu não sou o maior fã de "Yesterday", talvez pelo overplay, mas eu vou colocar o meu gosto de lado para dizer que eu considero essa uma música perfeita, a letra é sensacional, a performance vocal do Paul McCartney é simplesmente impecável, a melodia parece algo que sempre existiu, e é um tema que qualquer um pode se identificar, quem nunca passou por algo tão ruim ao ponto de querer voltar para yesterday??? é uma faixa sem defeitos que só ficaria melhor se ela encerrasse o álbum ao invés de ser a penúltima música. Apesar de "Yesterday" escrita pelo Paul ser a música mais famosa do álbum, o John é meio que o MVP desse disco, não só ele escreveu a faixa-título como também é dele a famosa "Ticket To Ride" e a maravilhosa "You've Got To Hide Your Love Away" que é inspirada nas composições do Bob Dylan, e é de longe um dos grandes destaques do John nessa fase da banda. Outro que também tem um grande destaque pra mim é o George Harrison, ele tem suas duas primeiras músicas escritas oficialmente lançadas, "You Like Me Too Much" e "I Need You", eu não sei se é porque eu gosto de tudo que o Harrison faz mas são duas das minhas favoritas desse projeto. Pra não dizer que eu não falei nada do Ringo ele canta um cover de "Act Naturally", eu não acho muita coisa desse cover mas o trabalho dele de bateria no álbum é meu favorito dos primeiros cinco discos do grupo. Como eu disse é aqui pra mim o começo do amadurecimento musical do grupo, e onde cada um deles começa a descobrir o que quer fazer musicalmente e como encaixar essas ideias dentro do grupo. Não tem como colocar esse álbum no top 5 de melhores porque a qualidade e criatividade dos outros é superior, mas ele esta no meu top 5 de álbuns favoritos da banda, o que já é alguma coisa. 


Quinto Lugar - Rubber Soul


Apenas 4 meses depois de Help! um novo álbum dos Beatles já estava nas lojas de discos, porém completamente diferente do álbum anterior ou de tudo que eles tinham lançado. Esse álbum seria Rubber Soul, o primeiro disco dos Beatles a realmente tentar uma revolução musical dentro da banda, usando tudo que eles podiam para fazer um álbum que não soasse como nada que eles fizeram antes, e eles conseguiram fazer isso. Aqui os Beatles estão indo para todos os estilos, do folk até o surf rock, e finalmente incorporando elementos de músicas indianas em suas músicas, o que se tornaria algo marcante nessa segunda fase da carreira deles, como é o uso de uma citara na música "Norwegian Wood", que vem logo antes da primeira música do disco "Drive My Car", e enquanto uma é mais leve e mostra o jeito mais solto e relaxado do álbum a segunda mostra todas as experimentações que vamos ver em seguida. Mas não é só na sonoridade que a banda estava mudando, as letras desse álbum são muito mais introspectivas e sombrias, falando sobre desilusões amorosas, sentimentos de solidão e problemas da alma, o que é engraçado porque o disco todo tem uma vibe muito animada, mas as letras quase sempre tem alguma mensagem sombria e as vezes até violenta por trás. Pra mim o grande exemplo disso é "Nowhere Man" que é uma balada super leve sobre um homem que se sente um nada e não tem propósito na vida, perfeita pra animar sua vida e é uma das melhores do disco. E se falarmos de músicas românticas, eles mostraram que ainda podiam fazer isso, só que ainda melhor. "Michelle" é uma das músicas de amor mais underrateds que o grupo já fez, e "Girl" é uma das mais originais, eu não acho que eles fizeram uma música de amor parecida com aquela antes ou depois. Porém a minha favorita desse álbum é "In My Life", é outra música que parece que sempre existiu, o que faz ela parecer ainda melhor já que ela fala sobre a nostalgia de pensar em lugares e lembranças. Rubber Soul é provavelmente o álbum mais influente do grupo, não só ele influenciou os próprios Beatles a experimentarem mais e mais nos seus próximos projetos, como inspirou o Brian Wilson a fazer o Pet Sounds, inspirou a criação do Velvet Underground, e indiscutivelmente toda a música da segunda metade da década de 60, se você já ouviu alguma música da Jovem Guarda brasileira de algum parente seu, a musicalidade vem desse álbum. Eu sei que ele é o favorito de muita gente, e eu acho ele muito bom, mas eu vejo outros como melhores. O apelido desse disco é "o álbum da maconha" e talvez se eu fumasse maconha eu "pegaria" ele mais, mas nas circunstâncias atuais ele é meu quinto lugar. 


Quarto Lugar - The Beatles (The White Album)


Se esse álbum fosse apenas o primeiro disco, ele seria provavelmente o meu álbum favorito dos Beatles. Claro, tem um monte de músicas boas no segundo disco que eu trocaria com músicas que eu não gosto do primeiro se eu fosse fazer minha versão perfeita desse álbum, mas para mim o grande problema dele é essa confusão de ideias e músicas demais, e eu acho a primeira parte dele tão fechadinha que eu não reclamaria se fosse só ela. Mas vamos a história: esse álbum foi feito no auge das brigas e do estresse que a banda estava passando, isso porque eles estavam em processo de fazer a própria empresa deles e tendo que lidar com os negócios sozinhos depois da morte do empresário da banda Brian Epstein, e as diferenças criativas estavam cada vez maiores, com o Paul achando as músicas do John muito barulhentas e incompreensíveis, o John achando as músicas do Paul infantis e bobas, o George Harrison sentindo que cada vez mais sua voz estava mais ignorada dentro da banda, as discussões e desentendimentos foram tão grandes que o Ringo saiu da banda um pouco antes do projeto ser terminado voltando apenas 2 semanas depois, com os outros membros tendo que tocar a bateira nas primeiras duas músicas do disco. Porém apesar dessa treta toda que envolveu a criação dessa monstruosidade de 30 músicas... eu acho o resultado final bem mais positivo do que negativo. "Back In The U.S.S.R" é uma das melhores aberturas de álbum dos Beatles, a primeira vez que eu fui ouvir o disco eu fiquei voltando pra ouvir ela de novo e de novo, esse é o nível do quão infecciosa ela é. "Glass Onion" é uma das mais rock n roll do disco e tem a minha frase favorita dele, eu não sabia que "I Am The Walrus" tinha continuação então quando eu ouvi o "the walrus was Paul" eu ri em voz alta quando eu escutei isso pela primeira vez... e eu tava no meio da rua. Eu não sei o que a maioria das pessoas tem contra "Ob-La-Di, Ob-La-Da", é a minha música infantil favorita dos Beatles, e a mensagem dela é tão positivista que eu não sei como alguém poderia odiar ela. Fun fact: eu sempre escolho uma música para ser a primeira pra mim ouvir no ano novo para dar sorte, e esse ano foi "Ob-La-Di, Ob-La-Da". "While My Guitar Gently Weeps" é uma música do George Harrison com a cara do George Harrison e é tudo que você precisa saber para interpretar que ela é uma das melhores do álbum. Eu gosto muito de "Revolution 1" e é a minha "música pesada" favorita do álbum, ela me lembra bastante um Hard Rock do começo dos anos 80 e a letra é bem inteligente também, uma das melhores do John no quesito politico. mas claro que um álbum tão grande não poderia existir sem suas parcelas de defeitos, e pra ilustrar eles eu não preciso dar muitos exemplos, eu só preciso falar da sua faixa mais notória, sim, "Revolution 9". A musique concrete do John Lennon e da Yoko Ono de 8 minutos sobre alguma coisa, eu tenho certeza que a ideia na cabeça drogada deles era genial, mas eu não acho que ela se traduz no que eles fizeram ali. Por anos eu ouvi como essa é a música mais assustadora de todas, e as lendas sobre ela, e quando eu fui ouvir eu só achei ela... muito entediante, eu só estava olhando pro celular esperando os últimos minutos passarem pra mim dizer que ouvi ela toda, porque é só um monte de som desconexo. Acho que a a essa altura já deu pra perceber que o White Album é uma bagunça, é quase um álbum solo do John Lennon e um do Paul McCartney só que juntos, se é que isso faz sentido, mas nem sempre essa bagunça é uma coisa ruim. Eu nem sempre sei pra onde esse álbum esta indo mas quando eu sei eu acho que ele traz alguns dos melhores momentos da discografia toda da banda. Então é um álbum maior que uma partida de futebol mas que eu não fiquei entediado em nenhum momento ouvindo (exceto com "Revolution 9") e ouviria de novo e de novo, o que já é suficiente para ser meu número nove quatro.


Terceiro Lugar - Revolver


Rubber Soul foi uma grande aposta mas que se provou certa, já que não só fez sucesso, porque é claro que faria, é os Beatles, como foi aclamado pela critica que nem sempre era favorável a eles na primeira metade dos anos 60, então esse sucesso junto com o cansaço das turnês fez os Beatles quererem experimentar ainda mais no seu próximo álbum, fazendo músicas que eles consideravam interessantes e não se importando se elas seriam ou não singles de sucesso ou se elas ficariam legais tocando em estádios, e assim nasceu Revolver. Se Rubber Soul experimentou com a sonoridade e letras, Revolver é a evolução natural e necessária daquele álbum, e por isso ele é muito melhor. O disco abre com "Taxman" e já mostra a que veio, uma música politica que critica o aumento abusivo de impostos da época escrita pelo George Harrison, que embarca completamente na psicodelia com um solo de guitarra maluco do Paul. E logo em seguida nós temos "Eleanor Rigby", essa é outra música que eu considero perfeita, a letra é aberta e honesta falando sobre as pessoas sozinhas e tristes e mais uma vez, o Paul vende essa emoção na voz dele, não tem como você não comprar a dor da Eleanor Rigby quando você escuta ele cantar sobre a sua vida, é uma música que não soa como algo pop com aquele arranjo de cordas mas que funciona demais, e o "all the lonely people" é algo que fica na sua cabeça da primeira vez que você escuta até o fim da sua vida quando você for a lonely people. "Love You To" vai completamente na vibe da música oriental e eles fazem funcionar e ser uma das músicas mais originais do álbum e da época, ninguém estava fazendo um som assim nos anos 60. "Here, There and Everywhere" é uma das melhores baladas do Paul, como eu disse antes os Beatles eram conhecidos por fazer músicas de amor, e eles não pararam, eles só ficaram melhores nisso, as músicas da primeira metade da carreira deles é meio que sobre amor adolescente e bobo, mas essa música é sobre um amor de verdade e você consegue perceber, não é a toa que é uma das músicas favoritas do John que o Paul escreveu. E claro toda essa mistura de sonoridade, com musica indiana e mais barulho culmina perfeitamente na última faixa do disco "Tomorrow Never Knows", o melhor encerramento de qualquer álbum dos Beatles, uma das melhores faixas de rock psicodélico já vistas, o jeito que o Paul canta enquanto ele é enterrado por aqueles loops de áudio é o final perfeito para o que era até então o álbum mais experimental que qualquer banda popular de rock tinha feito. Eu sei que esse é o álbum favorito de muita gente e muitos consideram o melhor deles, não é o meu, talvez porque eu não goste muito de algumas mixagens e "Yellow Submarine" sempre foi meio chata pra mim, mas eu consigo perceber perfeitamente porque ele é o favorito de algumas pessoas. Ele traz uma combinação de músicas que parecia impossível de fazer naquela época e dá inicio ao que pra mim é o grande auge da carreira desses quatro, ficando com a minha medalha de bronze, apenas porque os outros dois eu considero perfeitos. 


Segundo Lugar - Stg. Pepper's Lonely Hearts Club Band


O melhor álbum de todos os tempos??? talvez. O Revolver foi recebido como a grande revolução musical que ele era, porém os Beatles não estavam em uma fase muito boa com a mídia. Eles falavam abertamente como estavam cansados das turnês e pra piorar tudo foi durante essa época que o John fez o comentários sobre os Beatles "serem maiores" do que Jesus, o que fez a percepção pública sobre eles cair drasticamente, discos foram queimados e até hoje esse comentário causa controvérsia para algumas pessoas. Então os Beatles finalmente pararam de fazer turnês, e depois de 3 meses de férias sem qualquer coisa envolvendo a banda, eles se reagruparam cheio de ideias e tempo para fazer um álbum do jeito que eles queriam, e saiu isso. Eu amo o conceito do Sgt. Pepper's, imagina você ser a maior banda do mundo e fazer um álbum em que vocês fingem que são uma banda completamente diferente, não só isso é corajoso pra caralho, como da a desculpa perfeita para eles fazerem qualquer coisa com a sonoridade, eles não precisam soar como os Beatles, porque não é os Beatles no álbum, é o Sgt. Pepper's. Então a gente entra no universo dessa banda militar da era edurdiana com a sua música de introdução de mesmo nome da banda e do álbum onde eles nos acolhem em seu show, eu adoro essa faixa, esse blues rock misturando com os sons ambiente como se você estivesse lá vendo eles na sua frente é a melhor introdução possível para essa viagem de álbum. "Lucy In The Sky With Diamonds" é uma daquelas músicas que você escuta falar a sua vida toda, e quando você finalmente ouve ela realmente é tudo isso, eu acho que é a melhor faixa psicodélica da banda, e funciona nas duas interpretações, você pode encarar como uma viagem de LSD e também como o John Lennon vendo um desenho do filho dele e imaginando como seria viver naquele universo, na minha teoria inclusive foi as duas coisas, ele viu o desenho enquanto estava louco de LSD e ficou imaginando coisas olhando pra ele. "Getting Better" é uma das letras mais sarcásticas que o John já escreveu, e eu acho ela bem engraçada, toda a sonoridade dela é bem fora do normal mas ela consegue funcionar, é uma das mais diferentes do álbum e uma das melhores. Eu já ouvi um monte de gente falar que não gosta de "Being For The Benefit Of Mr. Kite" mas é uma das minhas favoritas desse disco, a primeira vez que eu ouvi esse álbum e aqueles sons de circo entraram completamente do nada na música eu fiquei "isso é legalizado??? eles podem fazer isso???" eu nunca entendi como encaixa tão bem mas eu adoro toda a vibe dela. Eu amo o instrumental clássico de "When I'm Sixty Four", mais uma vez parece algo que não deveria combinar com o resto do álbum, mas dentro desse universo de ideias é meio que o contrário, parece que o álbum ficaria incompleto se ela não tivesse lá. E por mais que eu disse que eu adoro a introdução, eu curto ainda mais a reprise de mesmo nome, o encerramento, eu amo o instrumental, é provavelmente o meu favorito desse disco, e sempre curto eles cantando "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band we sorry but its time to go" por algum motivo. E claro temos a última faixa "A Day In The Life", aqui é onde eles experimentam tudo, com a construção da orquestra, os pianos, colagens de sons, o famigerado som que surge do nada e vai até o fim do mundo como alguém já descreveu, se o Revolver mostrou o que eles podiam fazer com experimentação de sons e com os limites do estúdio, eu acho que essa faixa explode tudo aquilo sendo ainda mais grandiosa em seus próprios méritos. O que mais dizer sobre o Sgt. Pepper's??? provavelmente nada que já não tenha sido dito, é um álbum perfeito, e um dos mais condecorados de todos os tempos. Se música pode fazer você viajar para lugares, esse é o álbum que te leva para o universo colorido dessa banda cheio de alegria e sons malucos por 40 minutos, e se você quiser visitar eles novamente é só dar play. Eu não sei se existe um melhor álbum de todos os tempos, mas com certeza esse é um dos primeiros nessa discussão, e enquanto eu não vou chamar ele de melhor de todos, eu vou dizer que para mim ele é o melhor álbum conceitual de todos os tempos.    


Primeiro Lugar - Abbey Road


As vezes o melhor é deixado para o final, e sendo os Beatles quem são claro que esse seria o caso, o último álbum gravado por eles para mim também é o melhor deles, Abbey Road. Depois do fiasco que foi o projeto Get Back, Paul teve a ideia de um último álbum, e com todos os membros de cabeça fria e focados, todos concordaram em fazer esse último projeto, e como eles todos sabiam que esse seria o último e ai eles não teriam que trabalhar uns com os outros mais, o clima no estúdio foi muito mais amistoso e leve do que dos álbuns anteriores, com todos conseguindo colocar suas ideias e estilos no disco. "Come Together" é para mim a melhor abertura de um disco dos Beatles, simplesmente porque ela não tem cara de abertura, ela já é um hit que te coloca lá em cima, e mostra que o álbum todo vai ser assim, não vai ter aquela música abaixo, esse blues rock onde todos eles tem uma chance de brilhar, o Lennon nos vocais e na letra, o Paul no baixo, o George no maravilhoso solo e o Ringo na bateria marcante, essa música dá a cara perfeitamente ao projeto. "Something" é talvez a melhor música de amor dos Beatles, e é impressionante como eles foram de cantar sobre amor bobo e adolescente pra descrever exatamente como é esse sentimento de forma adulta, é talvez a melhor letra do George Harrison na banda. "Oh! Darling" é outra faixa bem blues com uma performance vocal do Paul que é completamente diferente de tudo que ele fazia, e ainda mais impressionante é que a ideia toda dela veio de uma brincadeira de fazer uma música como nos anos 50, dá pra acreditar que uma faixa dessas saiu de uma brincadeira??? esses caras não conseguiriam fazer uma música ruim nesse álbum nem se quisessem. "Octupus's Garden" é talvez a melhor música do Ringo, a performance vocal dele mostra que até ele já era um artista completo naquela altura do campeonato. "I Want You (She's So Heavy)" é uma das melhores músicas pesadas da banda, é um rock progressivo bem a frente do que tava sendo feito na época, e eu adoro como ela vai ficando mais e mais grandiosa com os sintetizadores e as guitarras e o barulho até que do nada ela para... e la vem o sol, eu amo essa transição. "Here Comes The Sun" é a minha música favorita dos Beatles, eu não lembro qual foi a primeira vez que eu ouvi ela, mas eu sei que depois que eu ouvi eu não parei nunca mais. Eu acho que o maior problema com músicas alegres e positivas é que elas são bobas demais, e vai ficando mais e mais irritante com o passar do tempo, isso acontece com músicas dos próprios Beatles, mas "Here Comes The Sun" traz perfeitamente o sentimento de um dia ensolarado, de você ter passado por algo difícil e agora vem a parte boa, ela é na dose perfeita para uma música otimista e a melodia dela é coisa de Deuses. A segunda parte do álbum são composições curtas, mas que mostram o poder desse projeto como álbum completo, de "Sun King" até "Carry The Weight" nós temos faixas de menos de 3 minutos que parecem uma grande preparação para "The End", a faixa perfeita para simbolizar o fim da banda, simples mais direta, com um espaço para cada membro mostrar sua qualidade musical, para a gente ir para o refrão "and in the end, the love you take is equal to the love you make", o final perfeito (tem "Her Majesty" depois mas ninguém liga) para um álbum perfeito. Sabe aquelas discussões de mundo perfeito??? "em um mundo perfeito tal coisa aconteceria", esse é o álbum do mundo perfeito. Em um mundo perfeito os Beatles parariam de brigar, e todos eles com o amadurecimento musical que eles ganharam em todos esses anos juntos ajudando a evoluir a música, iriam se unir e fazer um último álbum que mostraria tudo isso, em um mundo perfeito isso aconteceria, só que aconteceu, e foi no nosso mundo mesmo. Abbey Road é a junção de tudo que foi os Beatles em 47 minutos de puro espetáculo, dos dias de shows ao vivo até os experimentalismos que mudaram tudo, a melhor cortina final para a banda mais importante de todos os tempos, e por isso não só é meu álbum favorito do quarteto, como para mim é o melhor que eles já fizeram.


E essa é a minha lista de álbuns favoritos dos Beatles, eu queria ter iniciado o ano com ela, mas até que não saiu tão atrasado assim. Vão lá ouvir os álbuns deles porque eles são super subestimados e os membros vivos precisam de dinheiro. E se você se interessa por essa banda e ainda não viu eu recomendo ver o documentário Get Back do Peter Jackson, ele é longo mas também é muito interessante e te coloca la dentro do processo de criação da banda. E inclusive eu vou encerrar esse artigo com um trecho desse documentário, que é o George Harrison saindo da banda da melhor forma possível. Até o próximo artigo.
        

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