Minha Crítica: The Weeknd - Dawn FM

The Weeknd fica (mais) estranho.


The Weeknd, provavelmente o cantor masculino mais famoso no mundo na atualidade. Depois de lançar o álbum mais aclamado da sua carreira, After Hours, em 2020, acompanhado de uma campanha única com ele usando o mesmo terno e fazendo clipes que seguiam uma única história, ele manteve seu nome e esse álbum relevante por mais de um ano depois do seu lançamento, o cantor poderia ficar 5 anos sem fazer nada e seu nome ainda estaria no imáginario popular, mas não, ele já esta de volta com um álbum e uma fase nova. Com o cantor falando sobre esse novo projeto em Maio, dando o nome para ele em Agosto, e sendo lançado agora no dia 7 de Janeiro, o amanhecer chegou com Dawn FM, e abaixo esta o que eu achei dele.

Nada descreve melhor esse álbum do que o conceito que o The Weeknd criou para ele. Uma rádio no purgatório tocando músicas para o ouvinte a caminho do outro lado, com ninguém menos que Jim Carrey como o louctor dessa rádio. É um conceito meio maluco mas que eu acho que funciona muito bem aqui. Liricamente o The Weeknd aqui esta falando sobre o que ele sempre fala, relacionamentos fracassados, relacionamentos que muito provavelmente vão fracassar, e todos os defeitos da sua persona, fazendo música pra você chorar, transar ou os dois. Porém o que pra mim liga todas as músicas com o tema central do álbum é a sensação de estar preso em algum lugar. Do mesmo jeito que o ouvinte esta preso no "engarrafamento" do purgatório, as músicas desse álbum trazem o Abel refletindo sobre o seu passado, questionando as escolhas dele, se perguntando se poderia ter mudado algumas situações, e aplicando isso ao seu novo relacionamento (com uma movie star), tentando analisar se ele consegue fazer essa nova relação funcionar, ou se ele esta quebrado demais até mesmo pra tentar e é melhor ir logo para a parte que ele ferra com tudo. Isso ligado ao lindo discurso do Jim Carrey na última música "Phantom Regret By Jim", que o tema todo é sobre auto análise e aperfeiçoamento, traz o que é para mim a verdadeira mensagem do projeto, que seguindo a ordem dos álbuns você tem que passar pelas horas mais escuras para alcançar o amanhecer. Isso faz um disco com uma sonoridade ainda um pouco dark mas que parece bem mais otimista, mesmo que relutantemente. 

Falando em sonoridade, é aqui onde realmente esse trabalho se difere dos outros do cantor. Se o After Hours mergulhou nos anos 80 o Dawn FM mergulhou ainda mais na estranheza que aquela década tinha para trazer. O álbum passeia pesado entre o synth pop e a dance music daquela época, com uma influência muito forte na eletrônica EDM. É engraçado que o The Weeknd ta com uma influência do Daft Punk maior do que quando ele realmente trabalhou com o duo no Starboy. Todas essas influências fizeram o The Weeknd ter a liberdade de experimentar o máximo que ele podia. Para mim o grande exemplo nesse álbum é a música que abre o projeto "Gasoline", essa faixa com esse techno disco numa pegada Depeche Mode, com o The Weeknd em um tom de voz completamente diferente no começo cantando sobre o que fazer com o corpo dele se ele morrer de overdose, é estranho, é bem experimental, e é uma das minhas favoritas do álbum. Por todo esse passeio no que mais alternativo que os anos 80 tinha, eu acho que esse álbum é bem menos acessivel que o After Hours, porque o The Weeknd não esta tentando fazer grandes hits usando o que fez sucesso nos anos 80 ou pegando o trap atual e ajustando pro estilo dele, aqui ele parece ta seguindo o mais obscuro do que ele gosta para fazer música e por isso talvez seja um álbum que vai agradar mais a critica do que os fãs dele (principalmente da época do Starboy) mas se você comprar a ideia do álbum com certeza você vai viajar na produção sensacional do Quincy Jones.

Os destaques do álbum para mim são a já comentada "Gasoline", é uma música que eu não vejo nenhum cantor atual fazendo funcionar a não ser o Abel. "How Do I Make You Love Me" tem esse synth pop classicão e é aquele tipo de música que você poderia facilmente colocar em uma festa anos 80 e ninguém saberia que ela foi feita hoje.  "Take My Breath" eu tinha achado ok quando foi lançado o clipe, mas dentro da vibe toda do álbum eu achei ela bem melhor, ela tem esse refrão infeccioso e ela vir logo depois de "How Do I Make You Love Me" com a transição entre essas duas músicas, faz esse ser um dos melhores momentos do álbum. E logo em seguida vem "Sacrifice" e que groove foda, o Abel ta por todo lugar com os vocais dele aqui, parece uma música que tocaria em um club noturno que só a galera alternativa vai. "Out of Time" é provavelmente o mais Michael Jackson que o Abel ja pareceu, e ele canta em um estilo MJ antes do Thriller, a vibe toda da música me lembra "Rock With You", essa sempre foi a fase do Michael que eu achei que combinava mais com o The Weeknd, e eu nem preciso dizer que essa é uma das melhores músicas do disco, e uma das melhores que ele fez nessa pegada pop oitentista, a produção do Quincy é absurda aqui. Eu amo o sample de "Is There Some Else?", a transição de "Best Friends" pra essa música é atualmente meus segundos favoritos de 2022, ela é outra daquelas faixas com uma pegada pop romântica com o Abel indo na pegada Michael Jackson Off the Wall, eu estou pronto pra chamar essa de a faixa mais underrated do álbum e uma das mais underrateds da carreira do artista. Porém se tem uma crítica negativa pra fazer a esse trabalho é que eu não vi nada de especial nos feats que ele trouxe, o Tyler tem um verso curto que é qualquer coisa em "Here We Go Again" e eu achei que o verso autotunado do Lil Wayne quebrou totalmente a vibe de "I Heard You're Married" que tem até um tema bacana pra uma música do The Weeknd, mas o verso do rapper não encaixou bem.

Eu vi muita gente comparando esse álbum e essa nova fase ao "RnB The Weeknd", e pode ser porque eu nunca gostei tando do The Weeknd do RnB super dark falando sobre sexo explícito em toda música, mas para mim essa era atual é definitivamente a fase de ouro do cantor. Não tem algo que eu gosto mais em um artista do que a pessoa que segue os seus instintos e faz o tipo de música que ele quer fazer sem ligar para nada, e para mim Dawn FM é isso. O Abel poderia facilmente tentar fazer Bliding Lights parte 2 várias vezes, mas ele foi no que ele queria fazer, indo ainda mais fundo nas influências dele, e trazendo um álbum que ao mesmo tempo que parece algo que viria do lado b do que saía na década de 80 ainda consegue ser pop pra caralho para os dias atuais, combinando perfeitamente esse disco synth pop meio futurista com todo o tema principal do disco. Dawn FM é um dos meus projetos favoritos do The Weeknd, e para mim é talvez o mais criativo que já saiu da mente dele. E se isso for mesmo uma trilogia como o artista prometeu no twitter, eu mal posso esperar para saber o que acontece na vida após a morte. 

Eu nunca dirigi na madrugada durante a chuva, então eu vou dizer que a minha sensação ouvindo esse álbum, até pelo tema dele, foi como estar ouvindo as músicas dirigindo a noite no GTA, então a gif que representa minha reação ao álbum é essa:

YOU GOTTA BE HEAVEN, TO SEE HEAVEN.

Comentários

  1. Respostas
    1. Cara, eu nunca ouvi nada completo deles tipo um álbum, mas do que eu ouvi eu acho eles uma das bandas mais influentes dos anos 90. Em especial eu adoro "Personal Jesus" porque tocava na rádio X do GTA SA que era a minha radio favorita do jogo, e "Mother", principalmente depois que eu vi ela sendo usada em um tribute pra Wyatt Family, eu até hoje acho esse vídeo oq capturou melhor o espirito da stable https://www.youtube.com/watch?v=Tr-m_iXx-RE&ab_channel=MiddlemissMedia

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