Os 10 Melhores Álbuns que eu escutei em 2021

Depois de um 2020 apocaliptico em que os artistas não conseguiram promover suas músicas e alguns optaram por não lançar álbuns, chegamos a 2021 onde o mundo voltou um pouco ao seu normal e os grandes artistas lançaram. E foi um grande ano para a música mainstream, com alguns artistas ficando mais experimentais e arriscando coisas novas, e outros trazendo o que eles fazem de melhor. É um ano realmente abençoado quando Adele e Lorde lançam álbum. Então, como já é tradição nesse blog a 5 anos, venham ver os meus álbuns favoritos de 2021.


10.J. Cole - The Off-Season
 

J. Cole chegou para a off season em ritmo de playoffs. O J. Cole sempre foi um rapper de grandes singles mas que se atrapalhava demais nos conceitos dos seus álbuns, porque no fim do dia tudo o que os seus fãs querem ver é ele soltando punchlines e provando que é um dos melhores rappers da sua geração, e no seu sexto álbum ele finalmente trouxe o que consagrou ele lá em 2013-14. Você já consegue sentir a vibe do álbum na primeira track, "95 South", é como se você conseguisse visualizar o J. Cole no estúdio pronto para cuspir um monte de rima foda, com a narração do Cam'ron antes, o jeito que ele entra perfeitamente dentro do beat fazendo algumas das melhores rimas da sua carreira, "could put a M right on your head, you Luigi brother now", seloco, a melhor barra desse ano. É nesse ritmo mais mixtape, de uma forma menos rapper consciente e mais rapper agressivo atrás da coroa de melhor dessa geração que Cole entrega algumas das suas melhores músicas em anos, tudo isso misturando o estilo de refrões pegajosos do rap atual com o rap dos anos 90 e o dos anos 2000 que ele sempre foi um grande estudioso. "Amani" é um dos grandes exemplos disso, parecendo uma música dos anos 90 mas com um refrão tão foda que parece algo que o Travis Scott faria. J. Cole acertou até nos feats do álbum, que são poucos mas vem para agregar no tema geral dele. 21 Savage faz um dos melhores versos da sua carreira em "My Life", sempre que esses dois se juntam sai música boa, eu já quero um álbum colaborativo do Cole com o 21. E Lil Baby que provavelmente teve o melhor ano em questão de feats aparece em "Pride Is The Devil" e mostra porque é um dos rappers mais promissores a surgir nos últimos anos, conseguindo se encaixar perfeitamente em qualquer tipo de música. Em The Off-Season Cole rima como se tivesse algo a provar, e depois de alguns projetos que não acertaram como ele esperava, Cole fez uma temporada toda só de grandes feats, e então uma das campanhas de álbuns mais interessantes dos últimos tempos, fazendo um dos melhores freestyles de todos os tempos, e então indo jogar basquete na África logo depois do lançamento do álbum. Claro que nada disso funcionaria se o álbum não fosse bom, e ele é o melhor tipo de álbum bom, aquele que tem o poder do replay, esse é o décimo lugar mas é provavelmente o álbum que eu mais ouvi esse ano todo, eu literalmente não conseguia ouvir outra coisa nas primeiras 2 semanas depois que ele lançou. Os destaques são: 95 South, Amari, My Life, Applying Pressure, Pride Is The Devil, Interlude e Hunger On Hillside.
  


9.Twenty One Pilots - Scaled And Icy


E na entrada do álbum divisivo que metade amou e metade odiou desse ano temos o Twenty One Pilots, e como é de costume com esse tipo de álbum, eu consigo ver porque muita gente não gostou, ele não tem os hits de Blurryface e nem a qualidade geral de Trench, mas eu não consegui ligar para nada disso enquanto ouvia esse álbum de novo e de novo através do ano, porque ele é simplesmente muito divertido. O duo que mistura rock indie com rap e eletrônico aqui aposta no pop disco oitentista que ta na moda, ainda conseguindo trazer tudo o que eles são conhecidos por fazer em suas músicas, refrões marcantes, bateria muito presente e raps que surgem completamente do nada. Apesar do tom das músicas ser muito feliz, ao ponto que você consegue pintar o universo todo colorido delas na sua cabeça, as letras ainda estão no estilo que o Tyler é conhecido por fazer, falando bastante de saúde mental, com o cantor falando sobre suas inseguranças, o medo de perder pessoas amadas, como ele se sente deslocado do mundo, mas no geral trazendo uma mensagem bem otimista para os ouvintes, que apesar de todos os problemas todo mundo é capaz de passar por cima deles com um pouco de ajuda, essa mensagem é trazida com clareza em músicas como a faixa que abre o disco "Good Day", e "Never Take It" que é um rock disco bem fora do estilo deles, parece algo puxado para uma coisa que o Queen faria, e eles arrasam, tem um puta solo de guitarra na metade, é uma das melhores músicas do álbum. O Tyler também fala sobre a sua experiência com a paternidade, já que pouco depois do Trench o vocalista teve uma filha chamada Rosie, e ele canta sobre essa nova jornada na vida dele e também sobre os medos dele nessa nova responsabilidade que ele tem como pai na faixa "Formidable", que é uma das músicas que mais gruda da cabeça do álbum, com um estilo rock acústico que funciona demais. A minha maior reclamação com o Twenty One Pilots é que a música deles é muito difícil de embarcar, porque tem uma história geral nos discos e embora isso seja legal para os fãs que acompanham tudo deles, eu acho que não funciona tanto para o ouvinte comum que quer só ouvir a música que eles fazem, e esse álbum me deu o que eu queria, porque embora ele ainda esteja ligado a mitologia geral da história dos álbuns, ele ainda é uma coisa sozinha muito fácil de você digerir. É como se a banda tivesse dando um passo pra trás em toda a coisa gigante que eles fizeram até aqui e tivessem apenas relaxado um pouco no estúdio fazendo algumas músicas chicletes para passar pela pandemia. É aquela frase, as vezes a gente só precisa de música feliz nas nossas vidas, e esse álbum foi minha música feliz para passar por 2021. Os destaques são: Good Day, Choker, The Outside, Saturday, Never Take It, Formidable, Bounce Man, e No Chances.
   


8.BROCKHAMPTON - ROADRUNNER: NEW LIGHT, NEW MACHINE


A melhor boy band desde o One Direction está de volta, e não de volta no sentido que o grupo estava a muito tempo sem lançar alguma coisa, o álbum antes desse saiu em 2019, de volta no sentido que eles estão nos trilhos de novo depois de muito tempo. BROCKHAMPTON tem uma história muito interessante, um grupo de amigos que se juntaram em um fórum de fãs do Kanye West para fazer um grupo de rap, lançaram uma das melhores trilogias do gênero em 2017, a SATURATION, porém com a expulsão de um dos principais integrantes do grupo, o Ameer Vann, por denúncias de abusos sexuais, eles saíram completamente da fase de ouro deles. Roadrunner é o respiro de criatividade que o grupo tanto precisava para mostrar que ainda tem o que oferecer para o mundo rap. BROCKHAMPTON sempre foi conhecido pelo seu estilo experimental e energético em batidas de raps bizarras, e logo na primeira faixa eles mostram que não perderam a mão, "Buzzcut" tem tudo o que consagrou o grupo e mais um pouco, uma batida bizarra que mais parece um alarme, o Kevin Abstract metendo um flow maluco, o Joba harmonizando, e um feat de ninguém menos do que Danny Brown, um dos poucos caras que pode igualar o experimentalismo do grupo, inclusive acho que o Danny é o único cara que pode usar as palavras "alfa" "incel" e "normies" em um verso e não parecer completamente cringe. "Chain On" a faixa que vem logo em seguida continua da onde a outra parou trazendo o JPEGMAFIA, que faz um verso cheio de referências e um final que sampleia "C.R.E.A.M" do Wu Tang Clan, tão aleatório mas tão perfeito. Outras músicas que mostram o estilo energético do grupo são "Bankroll" que tem os dois A$APs mais famosos, o Rocky e o Ferg, e "Don't Shoot Up The Party" que é bem popzona com um refrão bem fácil de pegar mas que fala de assuntos sérios como controle de armas, racismo e homofobia, uma das melhores do álbum. Porém entre o grupo mostrando que ainda tem a energia e criatividade de antes existe uma história muito muito triste nesse álbum. No meio da pandemia o pai de um dos integrantes mais famosos do grupo, o Joba, se suicidou, então grande parte do disco é centrado nele e no trauma gigante que foi ele perder o pai dessa forma tão trágica, inclusive com a silhueta dele sendo a capa do álbum. Para mim não só a melhor faixa desse disco mas do BROCKHAMPTON como um todo é "The Light", é uma das coisas mais cruas e de cortar o coração que eu já ouvi, com uma gravação do Joba falando sobre esse incidente e o verso dele começando com "quando eu olho para mim mesmo eu vejo um homem quebrado, lembranças do meu pai colocando uma arma na cabeça dele", é de longe uma das coisas mais sinceras e abertas que eu já ouvi. No final a grande mensagem desse álbum é que a vida vale a pena e que vai ficar tudo bem, com a música que fecha o disco sendo "The Light Pt. II", em contraste com a primeira tendo um refrão que diz "a luz vale a pena esperar". Esse álbum é incrível não só porque mostra que o BROCKHAMPTON ainda consegue trazer o que fez eles um sucesso em 2017, mas também porque traz o espirito de união do grupo, mostrando a química entre os membros que parecia perdida nos últimos projetos. Roadrunner me fez lembrar o que eu tanto achei incrível naquele grupo de garotos estranhos do SATURATION ao mesmo tempo que fez eu me comover várias vezes. Os destaques são: Buzzcut, Chain On, Count On Me, Bankroll, The Light, What's The Occasion?, Don't Shoot Up The Party, e The Light Pt. II. 



7.Billie Eilish - Happier Than Ever


Billie Eilish, provavelmente o maior fenômeno da música pop nos últimos 5 anos. Eu fiz um artigo no blog esse ano sobre como ela é a voz da geração Z na música e sobre a grande pressão que ela teria com o seu segundo álbum, porque todo mundo iria prestar atenção e ter uma opinião sobre. Felizmente para a cantora de 19 anos ela não só fez um álbum que não parecia em nada com o seu primeiro, como um álbum que mostrava o seu crescimento musical e pessoal como artista e como pessoa respectivamente. O álbum abre com "Getting Older" e ai a gente já vê o contraste entre o tom dark e pesado do When We All Fall Sleep, Where Do We Go? para esse novo projeto, com a música abrindo com uma melodia bem leve e uma letra bem aberta com a Billie falando sobre o crescimento dela na frente de todas as câmeras e o lado ruim da fama. A partir dai o disco vai de assuntos como maturidade, a transição da adolescência para a vida adulta, aceitação pessoal, e lidar com traumas do passado, um desses traumas sendo um relacionamento que a cantora teve com um rapper chamado Brandon Adams quando ela tinha apenas 16 anos, e que parece que deixou bastante marcas, porque várias músicas são especificamente para ele e o processo para ela superar toda a treta que rolou entre os dois. A produção do álbum é aquela mistura de coisas, no bom sentido, ela é toda feita pelo Finneas, irmão da Billie, e ele também evoluiu bastante como produtor, se teve gente que reclamou que no primeiro álbum só tinha bass em cima de bass pro som ficar mais pesado, aqui ele traz o estilo do outro álbum em momentos certos enquanto mistura ele com R&B, folk, techno jazz, pop anos 90 e até a nossa bossa nova brasileira, em uma música intitulada "Billie Bossa Nova", que é uma das melhores do álbum inclusive. Mas nada disso que eu to escrevendo iria importar se o álbum fosse chato, afinal de contas a Billie é uma cantora pop, ela precisa de hits, e eu vou dizer, esse álbum tem os BANGERS. "Lost Cause" é perfeita, é tudo o que eu queria da nova fase da Billie, essa batida minimalista de trap com esse refrão que fica na cabeça, é uma música tão leve e boa de escutar. Eu fico puto comigo mesmo de não ter dado o devido crédito para "Thefore I Am" quando ela saiu, mas ao mesmo tempo foi ótimo descobrir o quanto ela é incrível ouvindo o álbum todo, eu acho que ela fica ainda melhor com o contexto todo da proposta do disco. Porém a música que melhor representa todo o crescimento artístico do Finneas e da Billie é a faixa- título, essa música que começa com um ukelele super dboa com o canto característico da Billie, para então BANG a coisa toda virar uma opera rock, com um monte de guitarra pesada, e a cantora mostrando uma explosão de emoções com a performance vocal dela, a música vai de 0 a 100 e é uma das coisas mais impressionantes que eu escutei esse ano. Eu não quero bancar o "estava aqui antes de todo mundo" mas eu acompanho a Billie Eilish desde a fase de cabelo roxo claro, e ver toda a evolução musical dela de uma cantora pop indie para isso que ela é agora só confirma para mim que quem não entrou no hype train dela antes deveria entrar o mais rápido possível. Happier Than Ever não é sobre estar mais feliz do que nunca, mas sim sobre fazer o possível para chegar nesse estado, e isso vindo de alguém com uma expectativa tão grande em torno dela, da forma que veio, faz esse ser um dos meus álbuns favoritos desse ano. Os destaques são: Getting Older, I Didn't Change My Number, Billie Bossa Nova, GOLDWING, Your Power, Lost Cause, Thefore I Am, e Happier Than Ever. 
 


6.Nas - King's Disease II


Eu vou ser sincero, eu não entendi todo o hype do primeiro King's Disease lançado ano passado, eu achei um álbum legal, mas no mesmo nível dos trabalhos do Nas nos últimos anos, e ele lança álbum quase todo ano, fiquei feliz pelo grammy que ele ganhou por ele, que foi o primeiro da sua carreira, antes tarde do que nunca, mas no geral foi só mais um um álbum do Nas para mim. Agora esse álbum... esse eu senti. King's Disease II é o primeiro álbum em anos em que o Nas não só parece trazer tudo o que fez dele uma lenda da música nos anos 90 e começo dos anos 2000 como parece acompanhar o que esta fazendo sucesso no rap lírico atual. A grande prova disso está na música "40 Side", uma faixa que parece algo saído de um dos membros do Griselda, com o Nas flowzando como se tivesse nos seus 20 anos ainda e mandando o papo de OG como diz no refrão, passando todo o seu conhecimento sobre a indústria e falando inclusive sobre o seu primeiro Grammy com o seu King's Disease. A vibe toda do álbum é de celebração a carreira de um dos maiores nomes do rap, ao mesmo tempo em que o artista reflete sobre o passado e sua posição em alguns dos momentos cruciais do gênero, como é na faixa "Death Row East" onde o rapper fala bem abertamente sobre os bastidores durante a treta entre a East Coast vs West Coast ao mesmo tempo que presta uma homenagem ao Tupac, inclusive colocando o áudio de quando foi anunciada a morte do Pac no próprio show do Nas no final da música. Para construir toda esse clima de álbum atual que presta homenagem ao passado e tem cheiro de clássico o Nas escolheu muito bem as participações especiais. Eminem faz um dos seus melhores versos convidados nos últimos 5 anos em "EDMP 2", fazendo uma grande homenagem as lendas do rap que faleceram nos últimos anos como o DMX e o MF Doom, ao mesmo tempo que dá aquela alfinetada nos outros rappers atuais se colocando como a lenda que ele de fato é. "YKTV" é um trapzão dark com participação de A Boogie Wit Da Hoodie e YG, e eu não sei como eles conseguiram fazer funcionar essa música que fala sobre a cultura do rap, com o Nas rimando pra caralho enquanto os outros dois tão auto tunados mandando versos mais modernos, mas é uma das melhores do disco. Porém a melhor participação do álbum que também traz a melhor música é a lendária Lauryn Hill, é aquela história, você não desperdiça uma participação da Lauryn porque a gente só consegue uma dessas a cada 5 anos, e o Nas não desperdiçou. Nas canta em um jazz rap sobre o seu desejo de estar em um lugar onde ele possa ser ninguém, ele flui perfeitamente nesse beat lembrando até seu frenemie Jay- Z, e a Lauryn killa no verso dela, tudo funciona na faixa, parece os anos 90 de novo quando eu escuto ela, e eu não vivi os anos 90. Nas pegou tudo que ele fez certo no seu último álbum e fez uma sequência ainda melhor, com beats melhores, letras que falam sobre a sua carreira e comemoram sua vida, e grandes feats, eu digo sem dúvida que é meu álbum favorito dele desde o Stillmatic. O rapper que eu considero liricamente o melhor de todos os tempos ter uma segunda fase de ouro na sua carreira é uma das minhas histórias favoritas de 2021. Os destaques são: The Pressure, Death Row East, 40 Side, EPMD 2, YKTV, Moments, Nobody, Brunch On Sundays, Composure, e Nas Is Good. 
     


5.Conway The Machine - La Maquina


Eu demorei um pouco para entrar no hype do Griselda e seus 90 lançamentos todo ano, mas eu fico feliz que esse foi o álbum de entrada para o grupo, porque ele é incrível. O segundo álbum que o Conway lançou só esse ano mostra porque ele é um dos melhores liricistas do rap na atualidade. Logo na primeira música "Bruiser Brody" a gente vê o estilo cru e assassino dele de cuspir rimas e punchlines, com ele mandando barra atrás de barra em uma batida seca estilo East Coast anos 90, como ele mesmo diz na track, com punchlines que batem igual o Drago vs Apollo Creeds. Porém Conway não vai apenas no boom bap aqui, com o La Maquina mostrando sua versatilidade mais do que qualquer outro projeto do rapper. Como a música seguinte "6:30 Tip Off" que vai logo para um trapzão animado para ele rimar sobre o quanto ele é foda, e eu não consigo dizer o suficiente o quanto eu amo as punchlines desse álbum com o flow do Conway, "pronto para ganhar outro anel igual quando o Lebron foi para a bolha", "minha mentalidade é mais Kobe do que Kief' Sutherland", parece tão fácil fazer essas barras para o rapper. O álbum é um balanço perfeito entre o boom bap e o trap para o Conway fazer o seu coke rap, e os feats que ele chamou para o álbum trazem perfeitamente esse balanço. Eu sempre fico impressionado quando eu vejo o 2 Chainz em um álbum que não é só trap ostentação, e com certeza um álbum do Conway  não é um lugar que a gente espera ver ele, ainda mais porque a faixa em que ele aparece chamada "200 Pies" não é um trapzão, pelo contrário, é um rap bem calmo e suave produzido pelo lendário The Alchemist, e o 2 Chainz entra perfeitamente nela, saindo do seu estilo mais energético e ostentação para fazer um verso mais reflexivo com um flow mais dboa, uma das melhores do álbum. Eu não conhecia a 7xvethegenius mas ela killou em Sister Abgail, foi um dos guest verses com mais personalidade que eu ouvi o ano todo, ela conseguiu ir barra com barra com o Conway. E claro que as duas grandes participações no que foi a melhor música do álbum foi o JID e o ator de Velozes e Furiosos Ludacris em "Scatter Brain". No beat mais pesado do álbum o JID faz um dos seus melhores versos nos últimos anos, com um flow que só ele conseguiria fazer funcionar em uma batida assim, e o Ludacris punchizando como se rap ainda fosse o seu trabalho número 1 na carreira, "nenhum de vocês rappers podem me ver, nem se eu usar o FaceTime", "e o público vai a loucura, Creed II gritando "jogue a toalha", cocaina é uma puta droga, tipo Rick James tome uma coca e sorria", meu Deus, esse tal de Ludacris é muito bom, ele devia largar a carreira de atuação e fazer uns hitzão de rap. Todo ano tem um rapper da atualidade que consegue trazer o misto perfeito entre a velha e a nova escola, que consegue flowzar em boom bap clássico e no trap falando sobre o quão incrível ele é e o quão perigosa é a sua vida, como se fosse o traficante mais foda que já viveu, normalmente esse lugar é do Freddie Gibbs, mas esse ano ninguém fez isso melhor do que o melhor membro do Griselda (sim, eu disse), Conway A MÁQUINA. Os destaques são: Bruiser Brody, 6:30 Tip Off, Blood Roses, Clarity, KD, 200 Pies, Sister Abgail, Scatter Brain, Had To Hustle, e S.E. Gang.
       


4.Bruno Mars e Anderson .Paak - An Evening With Silk Sonic


Ei, o álbum do Bruno Mars com o Anderson .Paak é muito bom, em outras noticias chocantes o céu é azul e a água é molhada. Depois de lançarem o que é na minha opinião a melhor música de 2021, "Leave The Door Open", uma das poucas músicas lançadas nos últimos anos que parece tão incrível ouvindo agora quanto foi na primeira vez que eu ouvi, eles apoiaram toda a campanha do álbum em torno desse único single por meses, aumentando mais e mais a expectativa em torno desse projeto, e olha que o nome desses dois já venderiam qualquer coisa, Bruno Mars um dos maiores hit makers dos últimos 15 anos e Anderson .Paak vindo de 3 álbuns sensacionais. Então finalmente depois de muito hype eles lançaram o álbum em Novembro, e para a surpresa de ninguém é o álbum com a melhor vibe do ano. Bruno e Anderson juntos é quase trapacear, estamos falando de dois caras que sabem pegar o que foi feito no passado e repaginar para o presente, principalmente dos anos 70, e aqui eles pegam esse clima retrô e fazem algumas das melhores músicas do catalogo dos dois. "Smokin Out The Window" talvez seja o maior exemplo da capacidade desses dois de fazer hits, o conceito dessa música é tão estranho que eu tenho certeza que seria um puta flop na voz de qualquer outra pessoa, mas eles conseguem fazer funcionar e não só fazer uma música bem engraçada, como um das que mais tem replay value do álbum todo. A única música com feat do álbum é "After Last Night" que tem participação do Bootsy Collins e Thundercat, e se Bruno com Anderson é trapaça você adicionar mais esses dois ai já é sacanagem, é uma das músicas mais pegajosas do álbum com essa pegada funk dela, e o Thundercat com o Bootsy fazendo vocais adicionais, meu Deus, o Bootsy poderia narrar o dicionário e ele faria parecer cool, uma música não tem o direito de ser tão boa assim. Melhor do que trazendo toda a vibe que só eles podem aqui Bruno e Anderson estão cantando como se ainda tivessem alguma coisa a provar para o mundo da música, como se fosse o primeiro álbum deles mesmo, e nada prova isso mais do que "Put On A Smile", que é uma música que vai na direção contrária das outras com uma pegada mais lenta e uma letra triste sobre querer uma mulher especifica que você não pode ter e tentar "colocar um sorriso" para maquiar isso, e caralho, o que o Bruno ta cantando aqui é brincadeira, ele faz um high note nessa faixa que eu nunca vi ele fazer parecido na carreira toda, eu me arrepiei a primeira vez que eu ouvi. Eu vi algumas pessoas reclamando do álbum só ter 30 minutos, mas eu acho que o mundo só pode suportar um determinado periodo de tempo de coolzisse assim, mais que isso o número de partos subiria em 200%, teríamos um problema de super população, o rosto das pessoas derreteria e o caos se instalaria ao som de Bruno Mars e Anderson .Paak sendo os homens mais descolados que já existiram. Os destaques são: O ÁLBUM TODO, EM LOOP. 
   


3.Tyler, The Creator - Call Me If You Get Lost


Você sabe que um artista é fora da curva quando ele vem de um projeto super ambicioso que deu certo e o seu álbum seguinte ele fez claramente para se divertir, e ainda é uma das melhores coisas do ano. Tyler seguiu seu clássico moderno IGOR de 2019 com esse disco que é uma homenagem as mixtapes dos anos 2000, inclusive com o lendário DJ Drama fazendo a narração e adlibs por todo o projeto, enquanto reflete sobre sua carreira, sua vida, sua posição na cultura do rap e conta histórias sobre desilusões amorosas. Aqui Tyler incorpora outro personagem, dessa vez ele se chama de Tyler Baudelaire, em referência ao poeta francês Charles Baudelaire que teve sua obra mais famosa "Flores do Mal" banida por ser indecente demais na época em que foi lançada, o que é um dos grandes temas do álbum, Tyler refletindo sobre sua polêmicas do passado e sobre ele mesmo como pessoa. Para mim o grande trunfo desse álbum é a diversidade dentro dele, tanto do próprio Tyler, quanto na produção também do Tyler. Se algumas pessoas ficaram decepcionadas com o artista rimando pouco em IGOR, aqui ele volta com tudo, conseguindo trazer um pouco de todos os seus álbuns aqui, "JUGGERNAUT" por exemplo parece uma música saída da primeira fase da carreira dele, com punchlines engraçadas que você não vê chegando. Ao mesmo tempo ele traz bastante também da sua fase melódica mais atual, como é em "WUSYANAME", uma das melhores summer songs do ano, combinando a batida leve e animada com o humor característico do Tyler fazendo um verso todo dando em cima de uma mina (que no clipe já tem um namorado), o Ty Dolla Sign lá harmonizando como só ele pode fazer, e o verso do NBA Youngboy que foi uma das grandes surpresas do ano, esse não é o tipo de música dele, mas ele se encaixa perfeitamente na vibe dela. Na produção o Tyler consegue tanto fazer aquelas batidas estranhonas que parece que só ele consegue fazer funcionar, mas também experimentando com soul, reggae, jazz, e até bossa nova, as vezes na mesma música, como é o caso de "LEMONHEAD" que tem uma batida pesada que parece que saiu do Wolf, para então do nada ir para um "call me if you get lost" cantado pelo Frank Ocean com uma melodia super leve para transicionar para a próxima música. A grande prova do quão bom o Tyler é em criar música que parece única é a faixa "SWEET/I THOUGHT YOU WANTED TO DANCE", com um neo soul no estilo IGOR com o Tyler cantando de forma perfeita, para então a música ir para um reggae na segunda parte, e não só parecer natural, como a vibe da música ficar melhor e melhor pelos 9 minutos que ela dura, é uma das coisas mais bem produzidas que eu ouvi esse ano todo, e uma prova do quão bom esse artista é em todos os aspectos. Esse álbum é um best moments da carreira do Tyler até aqui, tem algo para os fãs do Tyler mais rapper em batidas bizarras do inicio de carreira, o Tyler mais aberto do Flower Boy e o Tyler mais melódico do IGOR, enquanto ainda consegue ser uma obra que se destaca na discografia dele, com ele construindo esse universo musical não só para ele brilhar como também para as colaborações. Esse álbum tem participações fantásticas do NBA Youngboy como eu já citei, Lil Wayne, Domo Genesis, Lil Uzi Vert e um Pharaell Williams que aqui esta rimando, o Tyler conseguiu fazer o Pharaell rimar mano. Se com IGOR o Tyler tinha se provado um dos melhores artistas dessa geração com CMIYGT ele mostra que pode ir para qualquer direção e ainda vai continuar sendo genial. Sem dúvida um dos álbuns que eu mais ouvi no ano, ficando com a medalha de bronze. Os destaques são: SIR BAUDELAIRE, CORSO, LEMONHEAD, WUSYANAME, LUMBERJACK, HOT WIND BLOWS, MASSA, MANIFESTO, SWEET/I THOUGHT YOU WANTED TO DANCE, JUGGENAUT.




2.Wolf Alice - Blue Weeknd


Eu não lembro exatamente como eu conheci a banda Wolf Alice, mas o álbum deles de 2017 fez eles serem a banda mais interessante da atualidade para mim, já esse de 2021 fez eles serem minha banda favorita da atualidade. O grande triunfo desse terceiro álbum da banda é como eles conseguem pegar as influencias óbvias do rock anos 90 que eles sempre tiveram, como o brit pop, shoezage e o grunge, e construir músicas que só poderia ter sido feita por eles. Com letras sobre relacionamentos complicados e descobrimento pessoal, que falam diretamente com a geração atual, a banda consegue passear entre o indie rock lento e melancólico que eles são conhecidos por fazer, até um quase punk rock anárquico, e para mim a pessoa que consegue coordenar tudo isso e fazer parecer incrível é a vocalista do grupo Ellie Rowsell. Eu não sei como mas ela consegue fazer tudo que ela canta parecer muito cool, com uma performance vocal que consegue parecer reflexiva mas extremamente confiante ao mesmo tempo, eu adoro as frases de arrogância jovem que ela solta em várias músicas, como em "Smile" onde ela diz "eu sou o que eu sou e eu sou boa nisso, e se você não gosta de mim isso não relevante", é algo tão simples mas ela cantando faz ela parecer a pessoa mais maneira do mundo. O instrumental e a produção também é top tier, o baixo nas faixas mais pesadas tem um groove que da toda a personalidade e energia das músicas, e a produção do Markus Dravs que já é conhecido por trabalhar muito bem com grupos indies como o Arcade Fire, consegue organizar bem essas camadas de som e juntar elas de maneira perfeita com a voz da sua vocalista. Por mais que Blue Weeknd não seja um álbum conceitual eu acho que a ordem das músicas foi muito bem escolhida para a experiência completa, como em "Smile" que eu já citei que é essa canção sobre ser quem você é e foda- se todo mundo com uma pegada bem punkzona, para então a próxima ser ""Safe From Heartbreak (if you never fall in love)" que é esse acústico folk com uma letra super vulnerável, totalmente diferente da música anterior, mas de algum jeito consegue fluir perfeitamente dentro do álbum. Até mesmo o inicio e o final do disco tem uma ligação, com a primeira música sendo "The Beach" uma faixa soft rock que fala sobre a ansiedade com as relações do mundo moderno sobre um olhar pessimista, e a última "The Beach Part II" também em uma pegada lenta mas com uma letra bem mais otimista sobre os mesmos assuntos, conseguindo dar um começo e um final conclusivo a jornada que são esses 40 minutos de álbum. Até quando a banda parece só estar se divertindo, como é na faixa "Play The Greatest Hits" que é a mais punk DIY suja do disco, e é tecnicamente a pior música do álbum, ainda é uma música divertida e cheia de personalidade. Blue Weeknd é o álbum mais ambicioso da banda, e eu posso dizer que também é o melhor, eles conseguiram trazer toda a pegada noventista que eu sempre amei neles e fazer um álbum que parece atemporal, com uma produção fantástica, um rock alternativo que não é feito por ninguém atualmente, e muita atitude, mostrando que as vezes você não precisa inventar ou reinventar demais para fazer um álbum marcante, você só precisa botar sua marca nas influências que você pega. Os destaques são: as 11 músicas do álbum, a coisa toda é uma experiência que você precisa ter completa. 
    


1.Kanye West - Donda


Alguém está surpreso? ninguém está surpreso. Assim como todos os álbuns do Kanye West pós MBDTF, Donda foi uma experiência de vida antes mesmo de ser lançado. O álbum foi anunciado em Julho de 2020, e dessa data até o lançamento de verdade do álbum tudo aconteceu na vida do artista, uma campanha presidencial completamente bizarra, o fim do seu casamento com a Kim Kardashian, e TRÊS apresentações ao vivo do álbum, uma mais grandiosa que a outra. Até finalmente, com todo o hype possível, o álbum foi lançado em 29 de Agosto desse ano e tudo que eu posso dizer é que ele é tão grandioso quanto o Kanye queria que ele fosse. Donda não é apenas os melhores momentos do que o Kanye é como músico mas principalmente do que ele é como artista. A maioria das músicas não tem o Kanye como o foco principal, mas sim o ambiente que ele consegue criar para outros artistas brilharem, algo que já tínhamos visto em MBDTF e The Life Of Pablo, mas aqui eu acho que ele fez ainda melhor. O álbum abre com "Jail" e você já vê todas as experimentações na produção que vão aparecer aqui, essa música é completamente um pop rock pra tocar em arena, o riff parece algo vindo do Queen, para então o Jay Z mandar um verso que é grandioso porque é o Jay Z mandando, ele sabe como fazer qualquer coisa que ele diz parecer impactante, "Hova and Yeezus, como Moisés e Jesus", pelo amor de Deus, que inicio perfeito para um álbum. "God Breathed" é provavelmente a música gospel mais pesada que eu já ouvi, o instrumental é algo saído do Yeezus enquanto a letra fala sobre a fé e como Deus está cuidando de você, e de alguma maneira funciona perfeitamente. Fivio faz o melhor verso desse ano em "Off The Grid", ele não só vai no beat, ele vaaaai no beat, é basicamente a música dele e o verso dele tentando equilibrar a vida dele nessa indústria com sua fé é perfeito junto com o Playboi Carti e o verso final do Kanye, e mais uma vez, como esse cara conseguiu fazer um beat drill combinar com versos sobre a fé na indústria musical??? parece impossível mas é de longe uma das melhores coisas que eu ouvi em 2021. E então o álbum ir dessas 3 músicas com essa sonoridade pesada para um RNB cantado lindamente por ninguém menos que o The Weeknd em "Hurricane", um dos melhores hooks do ano, a produção desse álbum simplesmente não tem direito de ser tão boa assim. Seria impossível listar todas as participações especiais desse álbum, então eu vou citar as minhas favoritas: o verso do Travis Scott e Baby Keem em "Praise God", o refrão do Vory que parece algo que só ele conseguiria fazer funcionar, é o meu favorito do álbum, e o verso do Lil Durk sobre a morte do seu irmão em "Jonah", Lil Yatchy fazendo um verso surpreendentemente bom em "Ok Ok", Kid Cudi e Don Toliver em "Moon", Roddy Ricch em "Pure Souls", como eu disse são muitos para citar. Porém os momentos em que realmente o Kanye aparece são as músicas para a sua mãe, que obviamente é o grande foco do álbum, a voz dela está por toda parte, e os versos em que o Kanye fala sobre toda a experiência de perder a mãe dele são as melhores partes dele, porque você vê que ali não é o Kanye artista, super egocêntrico, o Picasso moderno, mas sim o Kanye pessoa, e a forma que ele descreve todas as emoções dele sobre isso é bem relacionável, principalmente em "Jesus Lord", que tem 8 minutos e o Kanye tem um verso bem longo mas que parece voar, assim como esse álbum, eu nunca vi um álbum de mais de 2 horas passar tão rápido na minha vida. Como um grande fã do Kanye West eu posso dizer que não esperava um último álbum grandioso na carreira dele com o estado mental que ele está nos últimos anos, mas Donda é tudo que um álbum espetacular do Kanye tem que ser. Uma produção fantástica, o Kanye agindo como um maestro conseguindo extrair o que tem de melhor nas pessoas que ele chamou para o disco, mas também conseguindo se abrir completamente falando de temas como religião, família, indústria musical, e principalmente a sua mãe e o impacto que ela teve na sua vida, mas ainda mais importante, ele conseguiu fazer um álbum com quase 30 músicas com 95% delas sendo acima de média. Esse álbum fez milagres em mim, eu não concordei quando ele disse isso sobre o Life Of Pablo, mas eu vou usar essa frase dele aqui, Donda não é o álbum do ano, é o álbum de uma vida. Os destaques são: Jail, God Breathed, Off The Grid, Hurricane, Praise God, Jonah, Ok Ok, Believe What I Say, Moon, Heaven And Hell, Jesus Lord, Lord I Need You, Pure Souls, Come To Life, No Child Left Behind... eu sei que é talvez pedir demais, mas escutem o álbum inteiro.
   


E essa é a minha lista de álbuns favoritos do ano, claro que tem vários que ficaram de fora, o álbum de estreia da Olivia Rodrigo e do Lil Nas X estão cheios de hits, The Plugs I Met 2 foi uma continuação melhor que o primeiro, Little Simz com Sometimes I Might Be a Introvert, Talib Kwell fez um álbum super underrated chamado Gothan. Adele, Lana Del Rey, Clairo, e a Marina fizeram álbuns muito bons no indie pop, e no indie rock teve o The Killers e o Kings Of Leon também com ótimos projetos, foi um grande ano musical. Ano passado eu prometi ser tão ativo aqui nesse blog esse ano quanto eu fui em 2020, e apesar de eu não ter conseguido igualar o número de posts eu acho que foi bem igual a frequência, então pro ano que vem eu vou apenas prometer uns artigos fodas. Nos vemos em 2022 provavelmente com um Do Pior ao Melhor de uma banda com uma discografia gigante.

Comentários

  1. Killers e Kings of Leon foram boas menções honrosas, e o Lil Nas X está aparentemente focado em sua transição para popstar gay masculino. Outra boa menção.

    Desses aí eu só escutei músicas destas genuínas obras de arte que o Bruno, o Anderson e principalmente o Kanye produziu.

    Grande postagem Stoner, qualidade ímpar. Forte Abraço!

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    1. Killers e Kings Of Leon nunca decepcionam, sepah as bandas mais consistentes em atividade.

      Vlw pelo comentário mano, desculpa a demora pra responder, tinha esquecido hueheuehueheuehue.

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