É um daqueles dias... em que uma obsessão estranha minha acaba parando nesse blog e essa aqui está a muito tempo para acontecer. Limp Bizkit não é a minha banda favorita nem nada do tipo, não está no top 3 de bandas de Nu Metal que eu mais gosto mas sempre foi uma banda que eu curti muito o som e nunca entendi todo o hate por ela e eu sinto que grande parte das pessoas da minha geração (hã??? hã???) sentem a mesma coisa. Então exclusivamente hoje eu venho responder algumas perguntas: quem é o Limp Bizkit??? Por que eles eram tão odiados??? Esse ódio era justificado ou todo mundo era idiota nos anos 2000??? Tudo isso e muito mais agora mesmo no Music Masters.
O Limp Bizkit é uma banda que foi criada em 1994 com elementos de metal alternativo e rap com influências de bandas como o Pantera e o Rage Against The Machine, e rappers como os Beastie Boys e a Wu Tang Clan. A popularidade do Limp Bizkit começou a crescer significativamente em 1997 com o lançamento do seu álbum de estreia Three Dollar Bill, Y’all$, especialmente graças ao cover de “Faith” (do George Michael), que chamou atenção pelo estilo agressivo e sarcástico do grupo reinterpretando completamente a faixa. E o ódio ao Limp Bizkit começou a crescer praticamente na mesma época de seu sucesso. Muitos críticos e fãs de rock mais tradicional viam a banda como comercial demais, musicalmente superficial e com uma imagem exageradamente machista ou adolescente, tudo isso enquanto a banda emplacava hit atrás de hit colocando seus álbuns subsequente no topo da Billboard. Mas principalmente muito do ódio ao Limp Bizkit está associada ao seu vocalista e cara da banda: Fred Durst.
A imagem do Fred Durst sempre foi a de um cuzão, um bully que intimidava as pessoas ao seu redor e parecia sempre ser um babaca em público. Isso se deu principalmente as inúmeras tretas que ele se meteu durante o auge da sua banda, entre os nomes que o Fred (e por consequência todo o Limp Bizkit) já tiveram algum desentendimento estão: Trent Reznor do Nine Inch Nails, Marilyn Manson, Slipknot, Cristina Aguilera e até mesmo o Eminem, e em todas essas tretas ele saiu como o babaca, o cara errado que disse a coisa errada. Outra controvérsia gigante envolvendo a banda ocorreu durante o festival Woodstock '99, onde o show da banda foi associado a episódios de violência, vandalismo e agressões sexuais. Durante a performance de "Break Stuff", Durst foi acusado de incitar o caos mandando as pessoas bem... quebrar coisas. Nessa eu fico completamente do lado do Fred porque basicamente todo o backlash desse evento caiu em cima dele quando não só ele não sabia de toda a violência que estava acontecendo naquele dia como não foi ele que organizou esse festival, então a culpa deveria cair toda em cima dos organizadores, que por muitos anos passaram despercebidos enquanto toda a imagem negativa desse festival caiu no colo da banda. Mas basicamente a imagem do Fred era de um bully jogador de futebol americano do ensino médio que enche o saco dos outros alunos.
Mas tudo isso era nos Estados Unidos, na cultura de lá, como era percebido o Limp Bizkit no Brasil? Aqui eu vou contar a minha experiencia pessoal com a banda.
O Nu Metal foi uma das minhas portas de entradas para o rock. Eu comecei no rock escutando as bandas que a minha mãe escutava como Scorpions e Bon Jovi, passando depois para o heavy metal com o Metallica e o Iron Maiden, mas as bandas que estavam fazendo sucesso no meu grupo de amigos de rockeiros da escola eram os Slipknots e Linkin Parks e foi nelas que eu me aprofundei mais, e nessa época o Limp Bizkit já era uma banda extremamente odiada. Eles eram a banda que todo mundo que curtia Nu Metal usava de exemplo do que de cringe existia no Nu Metal, os versos de rap extremamente básicos, a raiva adolescente forçada, a mistura de gêneros que não parece combinar, como se só eles fizessem isso, já naquela época eu conseguia perceber que todas as críticas ao Limp Bizkit poderiam ser feitas para todas as outras bandas que todo mundo do meu grupo de amigos curtia na época, mas como um pré adolescente descobrindo uma subcultura nova eu fiz o que qualquer um faria no meu lugar, eu fingi que odiava Limp Bizkit com o resto de todas as pessoas falando o quão posers eles eram (essa era a palavra para cringe na época) e como eles jamais seriam o meu Slipknot com suas máscaras maneiras e suas letras complexas sobre querer se matar e clipes sobre se vestir como a mulher que te abandonou. O problema é que pra mim sempre foi muito difícil odiar o Limp Bizkit por um tópico que entrou na minha vida na mesma época em que eu estava descobrindo o Nu Metal: o Pro Wrestling.
Na mesma hora em que eu estava começando a escutar Metal eu comprei um jogo chamada Smackdown vs RAW 2011 e na mesma hora me viciei em Wrestling e por alguma razão o Limp Bizkit foi muito presente nos anos 2000 do Wrestling que foi a época em que o Wrestling estava em uma das suas melhores fases. E pra mim era muito difícil eu acreditar que o Limp Bizkit não era do caralho quando eles fizeram a trilha sonora de Stone Cold vs The Rock na Wrestlemania 17 com “My Way”, que é simplesmente a melhor vídeo promo da história do Wrestling, você pode não ter contexto nenhum da rivalidade, ou de quem são esses dois personagens e pelo que eles estão brigando e mesmo assim você entra no hype máximo ao ver essa vídeo promo. Pra quem não tem o contexto de westling “My Way” está para essa promo como “Numb” está para Rock Lee vs Gaara, não tem como você escutar a música e não vir a imagem de Stone Cold e The Rock caindo na porrada depois de brindarem com cerveja. Além disso o Undertaker em uma das fases mais cools dele quando ele era um motoqueiro foda usava “Rollin” como entrada principal, e o próprio Limp Bizkit cantou a entrada dele na Wrestlemania 19, ninguém nunca vai me convencer que essa não é uma das entradas mais maneiras da história desse esporte de mentirinha. E sim, o Wrestling e o Metal como um todo convergem bastante mas para mim Limp Bizkit e WWE sempre foi o casamento perfeito, porque o Wrestling sempre esteve alinhado com a vibe do Limp Bizkit, e essa é a minha maior defesa para essa banda, a vibe.
Limp Bizkit tem três álbuns entre 1997 e 2000 que é onde estão os seus grandes hits e melhores trabalhos, eu só ouvi um desses álbuns que é o seu mais popular chamado Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavored Water de 2000, é basicamente o álbum que define o grupo, está na lista dos 1001 álbuns para se ouvir antes de morrer e tudo mais e eu lembro de ter odiado esse álbum, e ele é a razão pela qual eu provavelmente nunca vou ouvir os outros dois álbuns completos ou os outros quatro que eles lançaram depois desse, e é porque Limp Bizkit não é uma banda de álbuns, onde você senta e escuta um trabalho completo, eles são uma banda de hits. O Limp Bizkit é sobre festa e estar puto, puto com o que??? Com o fato de estar puto, não precisa de uma razão especifica, isso é quando a banda faz as suas melhores músicas, quando é sobre festejar ou sobre estar irritado com o cotidiano e é ai que eles acertam, porque o resto das bandas de Nu Metal sempre trouxeram um lado super sensível nas suas letras em um ponto em que caia em um melodrama meio bobo, as letras do Limp Bizkit é sobre quebrar coisas e foda- se. Para mim o trabalho definitivo deles é “Break Stuff”, você está me dizendo que as vezes não está vivendo um dia que soa exatamente como “It's just one of those days when you don't wanna wake up. Everything is fucked, everybody sucks.”, eu vivi uns três dias assim só essa semana, e pra mim é uma letra genial porque é direto ao ponto. Acho que a grande virada para mim que fez eu perceber que "ok, eu gosto muito desses caras" foi no festival Monster Of Rock de 2013 aqui no Brasil, eu tava vendo na tv e eu estava muito ansioso para ver o Slipknot, o Limp Bizkit veio antes deles e simplesmente fizeram o melhor show da noite, eu de casa consegui sentir a energia caótica da apresentação.
Com o tempo eu fui percebendo que rolou um efeito rebote com o Limp Bizkit que acontece bastante com muitas coisas dentro do entretenimento, que é quando algo é tão odiado sem muito motivo que ele faz a volta para as pessoas ao ponto em que eles começam a achar essa mesma coisa subestimada, e o Limp Bizkit meio que teve esse revival para a nossa geração. Acho que grande parte do hate sobre eles é que eles ficaram presos entre os Millenials e o começo da Geração Z, e aquela geração amava Kurt Cobain e letras onde o vocalista sangrava por todo lugar os seus sentimentos, visto que é entre essa época que começa a explosão do pop punk e do emo, e eu acho que a geração Z é muito mais a vibe do Limp Bizkit, e provavelmente pra quem gosta de rock a experiência com eles foi bem parecida com a minha, descobrir a banda ali perto da adolescência, e agora a geração Z está em torno dos 20 anos a gente pode todo mundo parar e pensar “caralho aqueles caras até que tinham umas músicas boas né”.
Outra coisa que ajudou bastante nessa virada de chave do Limp Bizkit foi a percepção geral sobre o Fred Durst através do tempo. Embora o vocalista fosse percebido como um babaca ele em si foi uma pessoa que sofreu bullying na infância e já disse várias vezes como incomodava que grande parte do seu público eram o perfil de pessoas que zuavam ele na escola, e que ele achou que ser um rockstar iria resolver todos os seus problemas mas ele acordava todo dia mais gordo, mais calvo e mais triste. Pra mim o que fez o Fred sair da imagem dele dos anos 2000 para uma figura gostável é o quanto ele entrou na brincadeira do ódio ao Limp Bizkit, fazendo várias piadas sobre liderar a pior banda da história e associando seu próprio nome com coisas datadas dos anos 2000, inclusive o álbum mais novo da banda de 2021 se chama Still Sucks, que poderia ser traduzido como “ainda é ruim”, então ele soube muito rir de si mesmo. Um marco dessa revalorização foi sua aparição no festival Lollapalooza 2021, onde ele tava com um visual de tiozão (com os cabelos grisalhos, bigode, um óculos de velho e uma roupa de idoso), o que viralizou nas redes sociais e foi visto como uma espécie de piada autorreferente. Ao invés de se levar a sério como antes, O Fred demonstrou estar em paz com sua imagem e sua história, ganhando respeito por isso. Além disso, o tempo mostrou que ele era um artista mais versátil do que se pensava, ele dirigiu filmes independentes, fez músicas bem diferentes do estilo usual do Limp Bizkit, e até apareceu como ele mesmo em forma de piada no filme Y2K, e é engraçado pra cacete, assistam esse filme, ele é tipo muito estúpido mas também é muito engraçado. E claro, outro ponto é que embora o Fred fosse um babaca ele não era um criminoso como se provou grande parte da cena do metal alternativo como o Marilyn Manson.
Eu não vou falar que o Limp Bizkit soube se reinventar ou até mesmo envelhecer bem comparado com os seus companheiros de Nu Metal, bandas como o Slipknot descobriram uma maturidade lírica e fizeram alguns dos seus melhores trabalhos na segunda fase da sua carreira com o subgênero já tendo morrido, e até o Linkin Park atualmente se reinventou completamente com uma nova vocalista e um novo álbum muito bom no ano passado. O Limp Bizkit acabou ali no começo dos anos 2000 e atualmente o que a banda faz é shows cantando suas músicas mais famosas, mas eles ainda tem público para fazer isso, os shows dele são lotados e eles conseguem trazer a mesma energia dos começo dos anos 2000 para as suas apresentações, o que mostra que eles conseguiram capturar um sentimento, qual sentimento??? Eu sei lá porra não me pergunte, esse sentimento.
No final do dia eu tenho uma régua para todo tipo de música que eu escuto e essa régua é “essa música é um BANGER quando eu estou bebendo???” e eu vou dizer que todos os singles do prime do Limp Bizkit continuam sendo CLÁSSICOS sempre que eu estou tomando uma cervejinha na minha casa no final de semana, e se alguém não quiser escutar ela pode ir embora, porque na minha casa é my way ou the Highway SOMEDAY YOU'LL SEE THINGS MY WAY 'CAUSE YOU NEVER KNOW, NO, YOU NEVER KNOW WHEN YOU'RE GONNA GO.
Puta que pariu, falou, falou e não disse nada. Genial!
ResponderExcluirPois é
ExcluirO que eu acho mais foda do Limp Bizkit é o lance dos caras não levarem nada a sério. Tem uma apresentação q o Fred sai de uma privada gigante KKKKKKKKKKKKKKK eu acho isso do caralho. E como você bem disse: é do caralho chacoalhar a cabeça bebaço ouvindo um maluco doidão berrando em uns riffs maneiraços clássicos dos anos 2000. VIVA O LIMP BIZKIT! Baita texto!
ResponderExcluirTem uma outra história que os caras do Texas iam mudar o serviço sanitário e fizeram uma votação pra o nome, e algum doido colocou Fred Durst, e ele mesmo fez campanha no twitter pra ele ganhar, E GANHOU KKKKKKKKKK. Liga pra nada ele.
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