Jay Z: Do Pior ao Melhor


2019 chegou e eu decidi começar o ano escutando a discografia inteira do Jay Z e do Red Hot Chili Peppers... por alguma razão, e como a do HOVA foi a que eu acabei primeiro nada mais justo do que rankear os treze álbuns de estúdio do Bilionário casado com a Beyoncé que desperta inveja no Baco.

Décimo Terceiro Lugar - Kingdom Come


MEU DEUS ESSE ÁLBUM É RUIM, mas também ele nunca teve uma chance visto a bagunça em que ele foi feito. Em 2003 Jay Z se "aposentou" com seu Black Álbum, claro que todos sabiam que ele iria voltar e a expectativa em cima desse álbum era alta o que só piorou as coisas, para completar a gravadora teve que apressar o Jay Z para que esse álbum fosse gravado rápido ou eles iam ter que começar a demitir pessoas por causa do dinheiro, então o rapper teve que gravar as músicas durante uma turnê que ele estava fazendo, acabava o show e ele ia gravar, por isso que ele parece tão cansado na maioria das músicas e o flow dele ta tão lento, fora que para um rapper com letras tão boas aqui o Jay Z não tem nada de especial na sua escrita, é a mesma coisa no estilo "eu conquistei tudo". A música menos ruim é a faixa título, mas no fim é um álbum da discografia dele para pular. O próprio Jay Z quando rankeou seus próprios álbuns colocou esse em último e eu não vou discordar dele.


Décimo Segundo Lugar - Vol 3... Life and Times of S. Carter 


Esse álbum começa de maneira espetacular, uma intro onde o Jay Z ta só metendo as Punchlines e depois a músicas "So Ghetto" que é do caralho também, mas a partir dai é ladeira abaixo total. Parece que esse álbum tentou pegar carona no G- Funk do Dr. Dre que no mesmo ano lançaria o 2001 (ou vai ver todo mundo resolveu fazer álbuns de celebração naquela época) e fazer um álbum apenas de músicas para festas, o único problema aqui é que as batidas são EXTREMAMENTE IRRITANTES, sem dúvida as piores de qualquer álbum do Jay. As letras dele também não estão a coisa mais inteligente do mundo, ele se foca quase todo o álbum em fazer o personagem do super cafetão rico cheio das mulheres, e ele nem faz de um jeito divertido com rimas engraçadas. Eu entendo que esse era para ser um álbum de celebração da sua carreira até aqui, e claro que ele tinha muitos motivos para estar feliz naquele momento mas você também precisa fazer música boa quando você foca apenas nesse tópico. Por fim se você nunca escutou esse álbum escute apenas "So Ghetto" mesmo, de resto é só Love Songs e "eu sou um Cafetão foda pra caralho Songs".


Décimo Primeiro Lugar - The Dynasty: Roc La Familia


Esse era para ser um álbum da gravadora Rocafella mas o Jay Z decidiu anunciar como dele para claro, vender mais, e esse álbum esta no mesmo nível de basicamente todo álbum de vários rappers de uma gravadora. O álbum começa on fire com uma Intro que tem uma batida 10/10 e o Jay Z com um flow perfeito na única faixa em que ele é O Jay Z, tem outros destaques no disco como a música "Guilty Until Proven Innocent" com o merdão do R. Kelly (é irônico o nome da música levando em conta que...) que tem uma pegada bem RnB e é a mais conhecida desse projeto e "Where Have You Been" que é a faixa que fecha o CD e o Beanie rouba completamente a música com o verso dele sobre o seu pai que sumiu. O grande problema desse álbum é que os outros rappers que participam do projeto e estão em várias músicas não estão no nível do Jay Z e isso acaba deixando grande parte do álbum parecendo um coleção de Cyphers, ainda assim é um álbum legalzinho até.


Décimo Lugar - The Blueprint 2: The Gift & The Curse

  
POR QUE AS PESSOAS CONTINUAM FAZENDO ÁLBUNS DUPLOS??? O plano do Jay Z aqui era fazer um disco mais leve com hits para as rádios e outro mais sombrio tocando nos temas pesados e falando da vida nas ruas, por isso o título "o presente e a maldição", eu não sei se ele estava confiante demais depois do primeiro Blueprint mas os dois lados do álbum tem problemas. O lado mais "leve" mostra bem como é quando o Jay tenta fazer música para as rádios, as vezes ele acerta em cheio ("Excuse Me Miss" com o Pharaell) e as vezes é umas porcarias pops horríveis ("03' Bonnie & Clyde" com a Beyoncé), e enquanto algumas ideias dele funcionam muito bem (The Watcher 2) algumas nem tanto (I Did It My Way sampleando a música do Frank Sinatra). O outro lado é bem melhor mas também não tem nenhuma música marcante que ficou entre as melhores que o Jay Z já fez além da faixa título que continua a famosa briga entre ele e o Nas. O maior problema desse álbum (e de 95% de álbuns duplos) é que tem músicas demais, se tivessem tirado algumas ele seria bem melhor visto, tanto que depois o Jay Z lançou o "Blueprint 2.1" que é meio que um corte do diretor desse álbum e eu acho que é um trabalho bem mais focado dele. 


Nono Lugar - Magna Carta... Holy Grail


Para quem pensa que o Jay Z mostrou sua habilidade de rimar em batidas modernas no "Everything is Love", em 2013 ele já mostrava que poderia competir de igual para igual com a nova geração com um álbum que tem uma das melhores produções de um álbum do Hova. Em batidas bem experimentais o Jay Z canta sobre sua vida, seus problemas e te coloca na posição dele, tudo isso com punchlines inteligentes que fazem referências a diversas coisas da cultura pop daquela época e um flow que parece rejuvenescido. Os destaques desse álbum para mim é "Holy Grail" com o Justin Timberlake, "Picasso Baby" que tem uma pegada bem Jay Z anos 90, "Oceans" com o Frank Ocean que como sempre faz um trabalho fantástico no refrão, "Heaven" que para mim é a música mais underrated do HOVA onde ele responde de maneira mais Jay Z possivel todas as teorias dele ser envolvido em coisas Illuminatis: "Conspiracy Theorist screaming Illuminati, they can't believe this much skill is in the human body", e "Nickels And Dimes" que fecha o álbum no alto. Minha única critica a esse álbum é que ele poderia ter usado melhor todo esse tema de "espiritualidade", ele faz algumas punchlines aqui e ali mas eu acho que ele devia ter feito o álbum todo usando esse tópico e talvez assim ele fosse mais falado, ainda assim poucos rappers com mais de 40 anos conseguem entregar um álbum com a qualidade que esse tem e eu acho que ele tem mais acertos do que erros, sem contar que eu considero o Magna Carta como um Build Up natural para o que ele faria no 4:44.


Oitavo Lugar - In My Lifetime, Vol. 1


Eu sinto que esse álbum é odiado de graça por muita gente por ele ter sido uma tentativa do Jay Z de vender mais. Apesar do seu primeiro álbum ser um clássico máximo do rap ele não vendeu muito, então quando o Jay finalmente assinou com um grande selo (a Def Jam) ele iria primeiro fazer uma Mixtape mas com a morte do seu grande amigo Biggie ele sentiu que tinha que fazer um álbum para preencher o buraco que ficou no rap de Nova York e tentou fazer ele ser mais "Radio friendly", com uma produção bem mais animada do que as batidas secas e sombrias do "Reasonable Doubt". Mas só porque você faz um álbum mais comercial não quer dizer que ele seja ruim, e mesmo que ele não tenha aqui toda a lírica afiada sobre as ruas que ele teve no seu primeiro álbum o seu flow continua no mesmo nível, seus jogos de palavras ainda são bem inteligentes e algumas das frases que sempre são associadas ao Jay Z estão nesse álbum, como por exemplo "se eu atirar em você eu não tenho cérebro, mas se você atirar em mim você é famoso" que é da música "Streets Is Watching", ou na música "Friend Or Foe 98" onde ele conta a história desse cara que ele vai matar e termina a música pedindo para quando ele chegar no céu ele falar para o Biggie que ele era inacreditável, ou quando ele lança a clássica pergunta de qual é o melhor MC Biggie, Jay Z ou Nas que foi usada inúmeras outras vezes no rap na excelente "Where I'm From". O próprio Jay Z disse que perdeu a oportunidade de ter dois clássicos em sequência por tentar fazer um som mais comercial, e apesar de realmente esse não ser um clássico e ter algumas músicas ruins ainda é um um disco que mescla bem batidas animadas com Jazz e o rap do Jay, o resultado no final é positivo.


Sétimo Lugar - The Blueprint 3


Blueprint 3 é o álbum mais pop rap do Jay Z e ao mesmo tempo é o álbum em que ele conseguiu fazer um rap comercial que agradou tanto os seus fãs e críticos como conseguiu atingir sucesso nas paradas, visto que seu maior sucesso "NY State Of Mind" com Alicia Keys que se tornou praticamente o hino não oficial de Nova York é desse álbum. Mas não é só de hits que esse disco vive, o Jay não segura socos em "D.O.A (Death of Autotune)" onde o rapper vem com tudo fazendo um balanço sobre o estado do rap naquele momento e disparando criticas contra a nova geração, só punchline atrás de punchline, sem dúvida uma das melhores músicas do HOVA. O disco também tem um monte de colaboração e como é nesse tipo de coisa algumas funcionam muito bem e outras não, a música com o Drake é uma merda (me pergunto de quem é a culpa), aquela "Hate" com o Kanye eu também não curti, mas por outro lado "A Star Is Born" com o J. Cole já mostrava todo o potencial do Cole que não fica atrás do Jay na letra e "Already Home" com o Kid Cudi que é minha música favorita do disco é sensacional, a batida é a coisa mais Kid Cudi ever e ele manda muito no refrão enquanto o HOVA mata tudo na letra dele sobre já ser um dos maiores de todos os tempos. Outros destaques para mim é "What We Talkin' About" com o Luke Steele, "Thank You", e "So Ambitious" com o Pharaell (os dois sempre mandam bem juntos). O Jay Z olhou o estado do rap em 2009 e conseguiu se ajustar completamente a isso fazendo um álbum cheio de hits mas também com letras impactantes mostrando que ainda é aquele único rapper a reescrever a história sem uma caneta, como ele disse na anotação quando rankeou ele e eu concordo "desculpe críticos, é bom".


Sexto Lugar - American Gangster


Eu lhes apresento um dos álbuns mais underrated da história do rap, o único álbum conceitual que o Jay Z já fez, conheçam o American Gangster. O disco é inspirado no filme de mesmo nome e que saiu no mesmo ano, o Jay sempre adorou esse universo de máfia e Gangsteres e então depois dele ver o filme ele teve essa ideia de fazer um álbum contanto a vida de um Gangster. Então acompanhamos o personagem pelo álbum, no seu começo pobre querendo ter riquezas, se tornando um vendedor de crack das ruas, até alcançar a alta escala do tráfico, as festas e os excessos depois que ele se torna o chefe da porra toda e claro a sua queda do topo. A produção é um ponto alto do disco, as músicas tem samples dos anos 70 que fazem você embarcar completamente naquele universo do crime organizado enquanto vê a progressão do nosso personagem a cada faixa enquanto o Jay Z mostra mais uma vez seu gigante talento com uma storytteling impecável enquanto faz referências a vários filmes do gênero. É até injusto eu falar quais são os destaques desse álbum já que a ideia é justamente ouvir o álbum e ir acompanhando a progressão da história, mas eu acho que mesmo as músicas separadas funcionam muito bem e aqui todos os quatro feats se acertam perfeitamente nas faixas, o Lil Wayne em "Hello Brooklyn 2.0", o Beanie Sigel em "Ignorant Shit", o Nas em "Sucess" e o Pharaell Williams (de novo) em "Blue Magic", fora essas minhas faixas favoritas são "Pray", "Roc Boys (And The Winner Is)", "Fallin'" e "No Hook" que eu acho que é uma das melhores músicas que ele já fez. Eu realmente não sei porque esse álbum não é mais falado mas eu tenho uma teoria, ele foi lançado em 2007 e nessa época álbuns conceituais não estavam em alta, se ele fosse lançado nessa década eu tenho certeza que ele teria muito mais reconhecimento. 10 anos depois continua sendo uma das coisas mais interessantes que o Jay Z já fez.


Quinto Lugar - Vol. 2, Hard Knock Life


O Jay Z considera esse álbum um clássico dele, eu não iria tão longe mas esse foi o álbum em que ele parou de se preocupar em fazer um som comercial e voltou ao rap mafioso das ruas que a gente tanto gosta de ver ele fazer, e criou algumas das suas melhores e mais conhecidas músicas. Aqui temos o Jay Z mafioso do "Reasonable Doubt", o Jay Z hitzeiro do "Vol 1" e o que deveria ser o Jay Z celebrando sua vida do "Vol 3". Depois da habitual Intro a faixa que realmente abre o disco é a clássica "Hard Knock Life (Ghetto Anthem)" que é uma das músicas mais reconhecíveis do Jay onde ele rima sobre como ele veio do nada para dirigir os melhores carros que Nova York já viu e soltar algum dos melhores versos que o rap já ouviu, depois vem "If a Should Die" onde o Jay reflete que se morrer prematuramente como outros rappers ele já construiu um legado até ali, em seguida tem "Ride Or  Die" onde o Jay no melhor estilo gangsta dá o recado de que ou você corre com ele ou morre e todo arrogantão fala "eu provavelmente faço mais dinheiro com o seu álbum do que você", em seguida tem os dois hits do álbum "Nigga What, Nigga Who (Originator 99)" que é uma boa música de celebração do Jay e "Money, Cash, Hoes" com o DMX que fala sobre... o que ta no titulo, e depois vem para mim melhor música do disco "A Week Ago", onde em uma letra sensacional o Hova fala sobre dois grandes amigos que vendiam drogas mas então um deles é preso e o outro então fica paranoico achando que ele vai entregar ele com o refrão quase ironicamente falando que "estava tudo bem a uma semana atrás" e em 7 dias tudo pode mudar. Depois dessas 6 faixas eu acho que o álbum da uma caída, principalmente por causa dos feats (JA Rule? sério?) mas ainda assim apenas essas músicas fazem esse ser um projeto sensacional, e esse foi o disco que tirou o Jay do status de "um rapper bom" para "um dos melhores do seu tempo". Então é um clássico? para mim não, mas é um grande álbum? com certeza.


Quarto Lugar - 4:44 (Não foi de propósito)


É incrível como 12 álbuns depois o Jay Z ainda consegue fazer um álbum com uma temática completamente diferente de todos os outros, e a temática aqui talvez seja a mais simples que ele poderia fazer, o Jay Z sendo completamente sincero e reconhecendo seus erros como pessoa. Quer dizer, não tem como ser mais sincero do que abrir seu álbum com uma música chamada "Kill Jay Z" em que as primeiras linhas são "Morte ao Jay Z, eles nunca vão te amar, você nunca vai ser suficiente, vamos ser sinceros Jay Z, foda- se o Jay Z, quer dizer você atirou no seu próprio irmão como a a gente iria confiar no Jay Z", uma música onde ele assassina completamente seu imenso ego e assume a culpa por inúmeras criticas que sempre foram feitas para ele ao longo da sua vida. Na faixa título ele pede desculpas diretamente para Beyoncé pelos seus casos de infidelidade com um sample magnifico de "Late Nights And Heartbreak" que dá o tom perfeito para a letra do rapper sobre como não adianta ter uma mansão e um monte de dinheiro sem a mulher que você ama e como será a reação dos seus filhos ao saber das coisas que ele fez no futuro e como ele não esta preparado para lidar com isso. Mas seu casamento não é o único tema de sua vida pessoal em que Jay toca, ele também conta a jornada da sua mãe que se revela como Lésbica no final da música "Smile", fala sobre o lugar onde cresceu em "Marcy Me" e claro sobre o seu legado na faixa que fecha o álbum "Legacy". Mas duas músicas que foram os dois grandes destaques desse disco falam de temas que o HOVA já havia falado antes mas talvez nunca tão bem, são "Family Feud" em que ele fala sobre o rap como se fosse uma família e diz que ninguém ganha quando uma família briga e para pararem de criticar a nova geração já que até o 2pac tinha um piercing no nariz, e claro "The Story of OJ" que se tornou a música mais reconhecida do projeto (em grande parte pelo clipe) e fala explicitamente do racismo na América através dos anos. É até estranho como o Jay Z consegue falar tão bem de tantos assuntos em apenas 36 minutos, tudo isso embalado por uma produção perfeita do NO I.D com samples marcantes que ficam na cabeça. É um clássico? para mim tem tudo para ser, mas ainda não se passou muito tempo para ser decretado pela comunidade do rap, ainda assim é um álbum extremamente introspectivo e brilhante de um Jay Z de 48 anos e que quase foi o melhor álbum de 2017 (perdeu para o DAMN claro).


Terceiro Lugar - The Black Album


Aqui entra para mim os que são os 3 álbuns 10/10 da carreira do Jay, qualquer um desses 3 poderia ser o primeiro e ai é por ondem de gosto de cada um mesmo, o meu terceiro lugar é o Black Album. A graça desse álbum é que o Jay chamou vários produtores diferentes para as faixas, então ele teve que usar toda sua versatilidade como rapper para rimar em batidas completamente diferentes uma das outras, e ele usou a temática desse ser seu último álbum de forma impecável ao seu favor. Acho que o que faz esse disco tão especial é que todas as ideias funcionam, desde a primeira faixa "December 4th" com o Jay contando a biografia da sua vida até a última "My 1st Song" onde com um flow bem no estilo "Reasonable Doubt" ele rima como se ainda tivesse nos anos 90 e começa a dar vários salves para seus parceiros, não tem uma música ruim entre essas duas. É até difícil falar dos destaques já que o álbum todo é um destaque mas dentre minhas faixas favoritas esta "Lucifer", ainda uma das melhores produções do Kanye West sampleando "I Chase The Devil" do cantor de Reggae Max Romeo e o Hova destruindo no flow, "Public Service Announcement" que deve ser um dos melhores interlúdios de um álbum na história, em "What More Can I Say" eu adoro como o Jay ta arrogantaço nessa e como ele responde as velhas criticas de que ele usa muitas rimas do Biggie com um "I'm not a biter, i'm a a writer for myself and others, i say a BIG verse, im only biggin' up my brother, biggin' um my borough, i'm big enough to do it" e fala com todas as letras que é um dos melhores que já apareceram nesse gênero, todo o poder na batida de "Moment Of Clarity" produzida por ninguém menos que o Eminem com o Jay linkando todos os seus álbuns no refrão, e até "Encore" que foi uma faixa que não teve tanta atenção quando o álbum saiu e agora é gigante graças ao mashup com o Linkin Park. Mas claro que temos que abrir um espaço aqui para falar das duas maiores músicas desse disco, "Dirty Of Your Sholder" que tem uma das batidas mais rap anos 2000 e um refrão que se tornou parte da cultura pop do rap sendo um dos maiores hits da década passada, e claro "99 Problems", eu posso estar exagerando mas o segundo verso dessa música talvez seja o mais conhecido da história do rap, você pode nunca ter ouvido essa música mas você conhece a história do garoto negro com drogas no porta mala parado por um policial por motivo nenhum e então ele resolve começar a bancar o ironicão pra cima do cara, alias isso se tornou um sonho de vida para mim, perguntar para um policial se ele acha que eu sou um vidente e se eu já estou preso ou adivinho um pouco mais porque ele me parou, o refrão que se tornou praticamente um ditado, aquela batida de Hard Rock raivosa do Rick Rubin, as proporções que essa música tomou são gigantes, sem dúvida a maior música que o rapper já gravou. Se o Jay Z realmente tivesse se aposentado depois desse álbum ele teria deixando pelo menos uma obra de arte como seu último registro.


Segundo Lugar - The Blueprint


Com batidas de um jovem chamado Kanye West Jay Z tinha um plano com Blueprint, mostrar que era o maior rapper vivo, e com esse álbum lendário gravado em duas semanas e com as letras escritas em DOIS DIAS Jay mostrou que em 2001 isso não era uma discussão, era um FATO. O álbum abre com "Ruler's Back" e você já sabe que o Hova esta no seu melhor aqui quando ele já nessa primeira música solta frases como "eu estou representando o banco em que Rosa Parks sentou, onde Malcom X tomou um tiro, onde Martin Luther foi morto", e sem dar tempo de você processar essa primeira música ele já manda "Takeover" na sequência, uma das melhores diss tracks de todos os tempos onde ele diretamente ataca seu longo rival Nas (e o Mobb Deep) pelo título de rei de Nova York, e embora ele tenha tomado um pau do Nas depois com "Ether" sua Diss Track continua uma das coisas mais mortais já feitas no Hip Hop. Depois temos a viciante "Izzo (H.O.V.A)" com aquele sample de "I Want You Back" do Jackson 5, acho que a música hit mais gostosa de se escutar que o Jay já fez (até o próprio Michael Jackson elogiou), depois vem "Girls, Girls, Girls" que é uma música bem engraçada fazendo punchlines sobre diferentes garotas de diferentes etnias, personalidades e costumes brincando com vários clichês. O que falar também de "Hola' Hovito" onde além de ser uma homenagem para a comunidade latina ainda tem o Jay se colocando como um dos melhores com a maior classe possivel dizendo ser o "Sinatra dos seus tempos", ou "Heart Of The City (Ain't No Love)" onde ele fala para as pessoas que querem que ele fracasse e diz que não sente amor saindo de sua própria cidade, ou a balada de romance trágico que é "Song Cry" onde mais uma vez com sua storytelling perfeita ele conta a história desse casal que o relacionamento era ótimo mas quando o homem se tornou um rapper famoso tudo começou a desmoronar com o cara traindo ela repetidamente e esperando que ela continuasse com ele, mas no final da música ela deixa ele e como ele é um cara de orgulho ele precisa fazer a música chorar, porque ele não vai. E apesar do Eminem ter matado o Jay Z em sua própria merda (palavras do Nas, não minhas) os dois estão com tudo em "Renegade", Jay falando sobre como os críticos estão errados ao falar que ele glorifica essa vida de gangster traficante e o Eminem no auge do seu personagem Slim Shady sendo uma das figuras mais controversas do mundo naquele momento respondendo como sua música era apenas entretenimento e não influência. As batidas do Kanye (algumas das melhores e mais conhecidas de sua carreira como produtor) servem quase como um meia passando a bola para um atacante no auge da sua carreira, e aqui o Jay Z esta o próprio Ronaldo Fenômeno, dando arrancadas e fazendo gol atrás de gol com suas músicas, ninguém estava perto do seu nível quando ele nos deu esse que é um dos melhores álbuns de todos os tempos, mas para mim ainda não é o seu melhor.


  Primeiro Lugar - Reasonable Doubt


Porque o seu melhor álbum é também o seu primeiro, um dos discos mais anos 90 que já existiram, a estréia de Jay Z no rap com um clássico máximo para o gênero, nada que ele fez ou vá fazer vai superar Reasonable Doubt. Jay pegou todo o estilo Gangsta Rap e adicionou muita classe a ele com todo o tema de máfia somado as suas próprias experiências como traficante de drogas para trazer aquele flow Godfather (como ele mesmo diz na música que abre o álbum) em batidas secas e pesadas no melhor estilo East Coast da época. Jay nunca esteve tão criativo quando aqui, ele já mostra toda sua complexidade lirica quando em um verso ele consegue usar as palavras Two/To/Too 22 vezes na música "22 Two's", fala sobre como é a mente de um traficante de uma maneira clara e objetiva em "Politics As Usual", e consegue fazer hit songs bem no estilo da época como "Ain't No Nigga" com um refrão cativante de Foxxy Brown. Ou o que falar de letras como "Dead Presidents II" com punchlines sensacionais (embora as punchlines do primeiro Dead Presidents sejam mais fodas ainda) ou "Brooklyn Finest" onde Jay e seu grande parceiro Notorious Big destroem na faixa com o HOVA conseguindo rimar de igual para igual com talvez o melhor rapper aquela época. Mas para mim a música que acaba com qualquer argumento de que esse não é melhor álbum do Jay é "D'evils", para mim a melhor letra que ele já escreveu em sua carreira, os três versos falando sobre como a ganância e a sede por dinheiro pode corromper um homem com bars com significados duplos, triplos, um flow que flui perfeitamente naquela batida dark, uma descrição perfeita da ganância corrompendo a alma de um ser humano, uma música perfeita de um Jay Z que não estava preocupado com nada além de ser um dos melhores rappers da sua época, e com esse álbum de estréia ele com certeza conseguiu. Não tem uma música ruim nesse álbum, todas mesmo com temas diferentes são ligadas pelo personagem do super traficante que venceu nas ruas e agora esta pronto para vencer no rap, é um clássico indiscutível com letras no nível das do Nas e um flow no nível do Notorious, para mim está no Top 10 de álbuns de rap de todos os tempos e é sem dúvida o melhor álbum da carreira do Jay Z.


E essa foi a minha lista da Discografia do Jay Z da pior para a melhor, agora vá lá escutar os álbuns, não tem mais desculpas para quem não tem o TIDAL já que agora a maioria dos discos dele estão completos no Youtube, ou você pode fazer o TIDAL também e ir escutar, só não faça um Spotify, FODA- SE O SPOTIFY. Fiquem ligados no blog porque essa semana eu e o Ferrer vamos mostrar as indicações para o nosso prêmio de música que vai dar um pau no Grammy em relevância. E para você que leu até aqui ai vai um vídeo do Jay refazendo as capas dos seus álbuns em sequência do "Reasonable Doubt" até o "American Gangster".

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