The Weeknd e o Pacto com o Diabo


Hurry Up Tomorrow se aproxima de nós, o álbum do The Weeknd que promete fechar a trilogia de álbuns dele iniciada em 2019 e aposentar a persona de The Weeknd para sempre vai ser lançado no dia 24 de Janeiro desse ano, então eu resolvi falar um pouco de The Weeknd nesse blog, mais especificamente de três clipes dele da época do Beauty Behind The Madness em que aparentemente retrata um pacto do cantor com o diabo. Essa ideia veio de uma conversa com uma amiga minha sobre esses clipes e como tem pouca informação aqui no Brasil sobre essa trilogia, então eu fiz uma grande pesquisa em sites gringos e trouxe um grande resumo sobre esses clipes e a história que ele pode estar contando.


1° Clipe - The Hills


A primeira parte dessa trilogia começa com o clipe de "The Hills" que foi lançado no dia 27 de Maio de 2015. Ele começa com um carro preto virado de cabeça pra baixo, dele sai o The Weeknd ajudando mais duas mulheres que também estavam dentro daquele carro, as duas começam a brigar e empurrar o cantor que continua cantando a música sem se importar como se precisasse chegar em algum lugar, como se ele estivesse sendo atraído para algo, enquanto o carro explode atrás dele. The Weeknd então finalmente chega em uma mansão que parece estar abandonada no topo de uma montanha, ele sobe as escadas até chegar em um quarto iluminado com uma luz vermelha, nele está uma figura bem estranha interpretada pelo cantor de diversas bandas undergrounds de Glam Rock nos anos 70 Rick Wilder, ele está segurando uma maçã na mão e ao seu redor estão outras duas mulheres, a tela escurece e o vídeo acaba. A teoria diz que esse clipe simbolizaria o encontro do The Weeknd com o diabo, que também pode ser representado como a indústria musical no geral aqui, no clipe a personagem principal quase sofre um acidente de carro, mas ele sai poucos minutos antes dele explodir, o que pode simbolizar a proteção do diabo em sua vida e sua carreira. A maçã é bem clara como a referência da maçã que a cobra ofereceu a Eva para ela pecar, e as mulheres podem significar a facilidade com que a indústria tem de dar poder para pessoas, ele perdeu aquelas duas mulheres que ficaram irritadas com o acidente no começo do clipe mas ele pode ter outras duas se fizer o pacto com aquela figura que ele encontra no final do clipe. Outro adendo é que a letra da música por mais que seja sobre ele dando em cima de uma mulher, o refrão que diz "as montanhas tem olhos" é uma referência a um filme do Wes Craven de 1977 sobre canibais que vivem nas montanhas que tem o mesmo nome, mas também pode significar as montanhas de Los Angeles e os olhos que estão vigiando a cidade o tempo todo por cima das montanhas, os olhos da indústria musical, os olhos do demônio, o mesmo que estava no topo de uma montanha dentro de uma mansão.


2° Clipe - Can't Feel My Face


Então saimos das montanhas para chegar ao segundo clipe da trilogia, lançado em Julho de 2015, "Can't Feel My Face". A proposta desse clipe é bem mais simples, é o The Weeknd se apresentando em um bar cantando a música título, porém as pessoas não estão gostando, todos estão com cara de tédio, algumas pessoas bocejam, outras não parecem entender o que o The Weeknd está fazendo, e algumas pessoas chegam a jogar drinks e objetos no cantor que continua a performar como se nada estivesse acontecendo. Porém nesse mesmo bar está aquela figura que ele encontrou no final de The Hills, esse homem pega o seu isqueiro, acende um cigarro e joga o isqueiro acesso no cantor que começa a pegar fogo, imediatamente todos no bar levantam e começam a dançar a música que o Abel continua a cantar enquanto pega fogo, ele sai do clube ainda pegando fogo, olha lara a câmera e assim o clipe termina. Esse clipe pode simbolizar que a indústria determina quem é "quente" e quem nao é, a música que o cantor está cantando não muda depois que ele pega fogo, ele continua performando do mesmo jeito, mas agora as pessoas gostam diferente de antes, e claro simboliza que ele fez o pacto com o diabo ao final de The Hills. Então na continuidade depois de fazer um pacto com o diabo agora ele pode ter tudo o que quis, pois essa figura fez ele ser pop para o público geral e agora ele pode ser finalmente uma estrela da música.


3° Clipe - Tell Your Friends


Então chegamos na terceira parte da trilogia, e a mais difícil de se interpretar, lançado em Agosto de 2015, "Tell Your Friends". No clipe vemos um arbusto pegando fogo e o The Weeknd andando em um campo segurando uma pá, ele para na frente de uma cova e lá nós vemos outro The Weeknd, ainda vivo dentro de um saco plástico cantando a música título. O The Weeknd enterra o outro completamente, começa a cantar e dançar pelo campo, até que vemos novamente aquela figura estranha andando em direção a ele e não parecendo estar muito feliz, porém antes que ele possa fazer algo o The Weeknd saca um revólver e atira nele, a música para e quando volta vemos a figura morta na frente do The Weeknd, que atira nele mais uma vez e caminha até entrar em um carro preto e dirigir enquanto outra música do álbum, "Real Life", toca e assim o clipe se encerra com os faróis do carro iluminando a estrada escura. Fazendo minha pesquisa eu descobri que o arbusto pegando fogo também é um símbolo bíblico, assim como a maçã, Moisés no livro de Êxodo encontra um arbusto pegando fogo mas que não é consumido pelo fogo e isso leva Moisés a uma conversa com o espírito de Deus que sai de dentro das chamas. Então uma das interpretações poderia ser o The Weeknd se libertando desse pacto com o demônio ao matar a sua versão que fez esse pacto, ela continua cantando mesmo no saco plástico simbolizando que essa é a versão que foi protegida pelo diabo, e depois ele atira no próprio diabo marcando o fim desse pacto, ainda mais com ele dirigindo em meio a escuridão com os faróis do seu carro ligados no final do clipe, quase como se ele tivesse perseguindo aquela luz ou sendo a própria luz ali na escuridão. Também tem a interpretação pessimista do clipe, que um pacto com o diabo não pode ser quebrado, logo mesmo com a tentativa de matar o seu antigo eu que fez o pacto, e atirar na representação física do diabo, quando o The Weeknd entra em um carro preto e dirige ele entra em um looping, o carro dele vai capotar de novo e ele novamente vai parar naquela mansão com o diabo dentro dela mostrando que ele não tem como escapar do pacto que fez.


*Bônus* Snowchild


A figura interpretada pelo Rick Wilder não apareceria de forma física novamente, mas ela apareceria em forma de animação, no clipe de "Snowchild" do álbum After Hours de 2019. Aos 1:29 de vídeo aparece um homem que claramente é para simbolizar aquele homem da trilogia andando em direção ao The Weeknd que se vira e caminha até uma casa nas montanhas, porém por mais que várias teorias tenham sido feitas em torno disso o clipe todo é uma homenagem para as várias fases da carreira do cantor até aquele momento, desde a fase do House Of Ballons até a atual passando pelos seus clipes mais famosos, então a aparição dessa persona aqui provavelmente é uma referência a essa fase do cantor que foi um sucesso com os clipes de "The Hills" e "Can't Feel My Face" estourando em 2015, não tendo a ver exatamente com a trilogia em si. Também eu vi uma galera no reddit jurando que a figura desse diabo aparece no retrovisor do clipe de "Heartless" desse mesmo álbum, mas eu tenho certeza que é só um homem magro abrindo o carro pro Abel.


Conclusão


Até onde eu pesquisei não tem uma explicação oficial do Abel ou de quem trabalhou com ele sobre essa trilogia de clipes, mas é bem óbvio que esses três clipes foram pensados como uma história só pela escolha do mesmo ator para aparecer neles. Faz sentido "The Hills" ser sobre a entrada do Abel na indústria porque essa foi a música que explodiu ele para o mainstream, eu lembro de ser a primeira música dele que eu ouvi em um daqueles canais de clipes e foi o que tirou ele de uma figura promissora no RnB para um potencial popstar, então faz sentido pensar que ele concebeu o clipe para ser como o pacto dele com a indústria, ainda mais porque o seu álbum anterior a esse, o Kiss Land de 2013, vendeu muito pouco e foi considerado na época como um sinal de que o The Weeknd não era um artista que veio para ficar no mainstream. "Can't Feel My Face" pra mim também é bem óbvio ser sobre ele aceitar esse pacto com a indústria visto que essa é de longe a faixa mais acessível do Beauty Behind The Madness, um álbum que tem uma sonoridade e estética bem dark, então seria ele dando o que a indústria quer para poder hypar, ainda mais pela letra soar como uma música romântica padrão (quando na verdade é sobre cocaína). Agora o final dessa história como eu disse é deixado aberto a interpretação, e eu acho que essa era realmente a intenção do Abel com essa trilogia, talvez ele conseguiu se livrar desse pacto e enganar a indústria ou talvez ele apenas pensou que conseguiu e dirigiu novamente para as montanhas para dar de cara com ele novamente. Eu tendo a achar que ele venceu o "diabo" no final porque esse ator que faz ele aparece mais uma vez durante a promoção do disco. Sim, no comercial do álbum que pode ser assistido acima o mesmo ser misterioso é visto dirigindo um carro quando ele se depara com um outdoor do novo álbum do The Weeknd, ele anda até ele e ateia fogo no outdoor com um coquetel molotov formando assim o nome do disco. Na versão extendida desse comercial vemos esse homem ser preso pela polícia enquanto o Abel passa por ele, então a raiva dele em relação a esse álbum do The Weeknd pode querer dizer que no final do dia o cantor conseguiu vencer a indústria musical, até porque o Beauty Behind The Madness foi um grande sucesso com hits mas ele toca em temas bem pesados e tem uma vibe bem pesada em torno dele, então foi o álbum que o The Weeknd realmente queria fazer disfarçado como um álbum que a indústria musical adora com batidas dançantes e músicas de amor.


Como eu disse anteriormente eu conheci o The Weeknd em 2015 com esse álbum, mais especificamente "The Hills" e "Can't Feel My Face", depois eu fui ouvir o disco inteiro e adorei o artista logo de cara, então pra mim é uma grande nostalgia revisitar esse álbum e ver o quão genial o Abel já era naquela época tanto em questão musical quanto nessa questão de brincar com uma história geral nos clipes e personagens neles que l mais tarde ele usaria muito em After Hours e em Dawm FM e espero que ele use também nesse próximo álbum que eu tô super ansioso pra escutar. Até o Hurry Up Tomorrow que lança dia 24 de Janeiro, fiquem com a melhor música do Beauty Behind The Madness e até o próximo artigo.


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