Minha Crítica: Juice WRLD - Legends Never Die


Esta sendo um ótimo ano para álbuns póstumos. 


Tragédia atingiu o mundo do rap no dia 8 de Dezembro de 2019, quando foi noticiado que a jovem estrela do emo trap, Juice WRLD, teve uma convulsão no aeroporto internacional Midway, sendo declarado morto horas depois, no que mais tarde foi descoberto como sendo uma overdose acidental de oxicodona e codeína, ele engoliu esses medicamentos enquanto a policia revistava seu avião, uma morte realmente trágica. Foi um choque para todo mundo, principalmente pelo fato do rapper ter apenas 21 anos, deixando uma sensação de que tínhamos perdido um artista que já era muito grande, e poderia ter feito coisas ainda maiores dentro do seu estilo. Porém pelo menos nós tínhamos esperanças de ver mais músicas do artista sendo lançadas, já que ele estava trabalhando em um álbum antes de morrer, que segundo ele já estava quase pronto, então sabíamos que mais cedo ou mais tarde teríamos um álbum póstumo do rapper. Esse disco foi anunciado pela família do Juice no dia 6 de Julho para o dia 10, com o nome apropriado de "lendas nunca morrem", e aqui está o que eu achei desse projeto.

O álbum é na mesma pegada dos seus projetos anteriores, principalmente o álbum Death Race To Love and Death, com bastante trap melódico, combinado com um pouco de pop punk, com algumas músicas indo mais na veia do rock do que do rap. O disco tem a participação de grandes produtores, como o Ronny J e o Marshmello, que está em 2 faixas do álbum e da um show, eu não achei que combinaria tanto a produção do DJ junto com o Juice WRLD, mas deu muito certo, são duas das melhores músicas do disco, é uma pena que provavelmente não veremos mais desses dois juntos.

Os temas do álbum também são na mesma vibe do que o Juice já estava falando antes, como sua relação com as drogas, seu transtorno de ansiedade, depressão, e suas dificuldades em tentar ficar sóbrio, claro que com sua trágica morte esses temas ficam ainda difíceis de se ouvir, ainda mais porque muitos especulavam que depois que ele parecia estar fora das drogas em 2018, que ele estava apenas encarnando um personagem nas suas músicas, ou descrevendo experiências do passado, porém esse álbum deixa claro que o Juice WRLD e o Jarad Anthony eram a mesma pessoa, passando pelos mesmos problemas. Apesar de ele falar detalhadamente sobre sua dificuldade em largar as drogas, principalmente em músicas como "Fighting Demons" e "Wishing Well", onde ele diz claramente que ele estava dizendo que estava bem apenas para não preocupar ninguém, e ele sentia que as drogas estavam usando ele naquela altura, no geral o rapper ainda parecia bem otimista que sairia daquela situação, ele sabia que era uma batalha difícil mas estava disposto a encarar, uma pena que ele não teve tempo para isso.   

Minha única critica negativa ao álbum é que ele é muito longo, e isso era um problema já desde o álbum anterior dele, então talvez era assim que ele iria querer, ainda assim eu penso que dava para ter cortado algumas coisas. O álbum tem 21 faixas, tirando a intro e os interlúdios são 17 músicas, e eu acho que dava para manter o foco do projeto mais no Juice falando sobre os seus problemas para a gente entender melhor como estava a mente dele antes da sua morte , no meio dessas músicas mais intimistas tem músicas de amor e músicas onde ele esta numa pegada mais gangsta, que dava facilmente para serem tiradas e lançadas depois, talvez até em um EP. Ainda assim é um álbum póstumo bem respeitoso que traz o espirito do Juice nas músicas, tem poucas participações especiais, e quando elas aparecem elas encaixam muito bem com toda a vibe do Juice, não é algo colocado ali apenas para vender.  

No geral a sensação que fica ao ouvir Legends Never Die é que o Juice WRLD ainda não tinha explorado nem metade do talento que ele tinha, principalmente na área de rap melódico, o cara tinha uma habilidade única de criar grandes melodias vocais e refrões que ficavam na cabeça, para mim a grande prova disso nesse álbum é o single "Life's a Mess" com a Halsey, o jeito que a voz dele encaixa perfeitamente com a batida, com a Halsey fazendo backing vocal atrás é perfeito, só de pensar que o Juice poderia fazer algo assim, nos deixa pensando o que mais ele poderia fazer na carreira, visto que ele já era um dos maiores nomes desse subgênero do trap. Outras grandes músicas do álbum são "Conversation" que abre perfeitamente o disco, dando toda a vibe de como vai ser o álbum, "Titanic" que tem tem um dos melhores refrões que o Juice já fez, "Hate The Other Side" que tem dois bons guest verses do POLO G e The Kid Laroi, e claro as já citadas "Fighting Demons" e "Wishing Well", que para mim são as duas faixas mais pessoais do álbum, talvez as mais pessoais de toda a carreira do artista. 

E assim se vai o grande Juice WRLD, com 3 álbuns muito bons no currículo, uma grande influência no rap atual, que só precisou de 3 anos para conseguir o respeito de nomes como Eminem, e botar a sua marca na história do trap como um dos nomes mais talentosos e criativos que já passou pelo estilo, se vai o artista mais a lenda não morre, com esse álbum póstumo sendo a síntese de tudo de grandioso que a carreira dele foi, e poderia ter sido. E essa é a gif que representa a minha reação a esse álbum:


999.

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