CLÁSSICOS: Kid Cudi - Man On The Moon: The End Of Day

Então, eu tive essa ideia de falar sobre álbuns que eu considero clássicos, e explicar porque eles são clássicos para mim. E para inciar essa série de artigos eu escolhi um álbum que sem dúvida é um dos grandes clássicos do rap moderno. O primeiro álbum da lenda viva Kid Cudi, lançado em 2009, Man On The Moon: The End Of Day.

Mas antes de falarmos do álbum propriamente dito, vamos falar da trajetória do Kid Cudi no rap antes disso. Em 2008 o rapper de Cleveland fez oficialmente a sua estreia no rap com a mixtape "A Kid Name Cudi", que fez um barulho bem grande no underground do rap, chamando atenção assim de Kanye West, que o assinou com a sua gravadora. Cudi foi uma das principais influências na sonoridade do "808s & Heartbreak" do Kanye que foi lançado em 2008, fazendo até um feat na faixa "Welcome To Heartbreak". Então sua sonoridade única já estava tendo uma grande força dentro do rap, e isso seria aumentando ainda mais com esse seu primeiro álbum.


O Man On The Moon é um álbum conceitual em 5 atos que fala especificamente sobre os problemas na cabeça de Kid Cudi. Isso é evidenciado logo na primeira faixa "In My Dreams (Cudder Anthem)", que serve como uma intro, onde Cudi diz repetidamente que você está agora entrando nos sonhos dele, ou seja, você está entrando na cabeça dele, nos pensamentos e problemas dele. Continuando com essa viagem introspectiva pela cabeça do rapper a segunda faixa vem, "Soundtrack To My Life", onde o rapper fala sobre seus problemas com as mulheres, a morte do seu pai, a depressão consumindo ele, e como ele anda usando cocaína para tentar lidar com tudo isso. Esses temas são o grande foco desse projeto, Cudi fala sobre como ele se sente uma pessoa deslocada e solitária nas faixas "Solo Dolo", "My World" e no grande hit do álbum "Day 'n' Nite", onde no refrão ele diz que dia e noite o solitário, no caso ele, vai ficar chapado, para esquecer seus problemas. Isso conecta a segunda parte do álbum que fala bastante sobre drogas, Cudi fala abertamente sobre maconha, cocaína, psicodélicos e álcool, e o relacionamento dele com cada um, uma música em especifico "Pursuit Of Hapiness" fala sobre o rapper tentando achar a felicidade através das drogas e das festas, mas é uma felicidade temporária, pois depois vem o outro dia, que é feita na forma do outro da música, onde o Kid acorda todo fudido se perguntando porque bebeu e fumou tanto na noite passada, ou seja, as drogas deixaram ele pior do que ele estava no fim das contas. Porém apesar de ter todos esses problemas Cudi se mostra uma pessoa bem positiva em muitas músicas do álbum, nas faixas "Simple As...", "Heart Of a Lion", e "Sky Might Fall" ele fala sobre como apesar de todos esses problemas que ele tem que enfrentar, o rapper é uma pessoa muito sonhadora, que pretende alcançar tudo o que ele sonha, mesmo que sozinho, e fazer com que assim o mundo seja dele. Isso dá o contraste perfeito para o álbum, apesar de ter temas depressivos, toda a personalidade animada e motivadora do Kid Cudi junto com a produção, fazem o álbum ser divertido de se escutar do inicio ao fim.



Por que ele é um clássico???
Os melhores álbuns conceituais são os que funcionam mesmo quando as músicas são tiradas do contexto de dentro do álbum e ainda continuam boas, e é exatamente assim no Man On The Moon. Todas as 15 músicas são boas por si só, e mesmo que você não esteja interessado ou se identifique com os temas líricos abordados pelo Cudi, alguma coisa vai prender você nesse álbum, seja os vocais, totalmente diferentes do que era feito na época, que o rapper faz, ou a produção. Alias a produção desse álbum é um dos grandes pontos fortes do disco, a vibe psicodélica dele combina perfeitamente com toda a personalidade do rapper. Cudi disse ter se inspirado no rock progressivo para a sonoridade do álbum, especificamente o "The Dark Side Of the Moon" do Pink Floyd, e ele acertou em cheio na escolha. É como se desde a primeira música fossemos em uma viajem para conhecer esse mundo espacial dentro da cabeça do rapper, e as batidas ajudassem a embarcar nas viagens dele, seja nas suas viagens sonhadoras, ou nas suas viagens de drogas mesmo. E falando sobre as letras, acho que o que faz elas tão especiais até hoje é a sinceridade do Kid Cudi nelas, ele não usa metáforas ou analogias, ele fala claramente sobre seus problemas, o que para mim deixa as letras bem mais impactantes. Com uma produção 10/10, letras que são memoráveis até hoje, e um rapper com um estilo diferente que mudou completamente o cenário do seu gênero musical, você tem todos os componentes do que faz um clássico ai.


O Legado dele
A influência que o Kid Cudi tem para o cenário do rap atual é muito perceptível, ele influenciou não apenas um, mais dois dos sub gêneros do rap que atualmente estão no ápice da popularidade, o sad trap e o trap psicodélico. Ele não foi o primeiro a falar sobre seus próprios problemas pessoais e trazer sons experimentais para o rap, mas com certeza ele foi um dos mais bem sucedidos fazendo isso, e isso deu a confiança para outras pessoas tentarem coisas assim também. Você consegue ver a marca do Man On The Moon nos trabalhos do Lil Peep, XXXtentacion, Juice WRLD, Jaden Smith, Travis Scott, Logic, A$AP Rocky dentre muitos e muitos outros. 


Após esse álbum Kid Cudi lançaria a continuação "Man On the Moon II: The Legend Of Mr Rager" um ano depois, que é outro clássico do rapper, ele vem com os mesmos temas mas ainda mais sincero e bem mais dark, alguns consideram esse álbum ainda melhor que o seu primeiro. O seu segundo e terceiro álbum não foram tão elogiados quando os "homens na lua", e o seu quarto álbum "Speedin' Bullet 2 Heaven" que foi uma tentativa de fazer um disco de rap rock, foi universalmente odiado por critica e público, isso fez o quadro de depressão do rapper ficar pior e ele se internar em uma clinica de reabilitação psicológica em 2016. Porém Cudi conseguiu dar a volta por cima quando o álbum que ele estava trabalhando antes de se internar foi lançado, o "Passion Pain & Demon Slayin", recebendo criticas bem mais positivas que seus últimos trabalhos. E em 2018 em parceria com Kanye West o rapper lança mais um clássico, o já icônico "Kids See Ghosts". Atualmente o artista anda hypando o próximo álbum dele, mas ainda não temos informações de nada sobre ele, esperemos que realmente droppe esse ano, até lá fique com esse documentário sobre o Scott:

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